Em Setembro passado, foram as populações do Concelho de Caminha solicitadas a pronunciar-se sobre as várias propostas de traçado da IC1, tendo como base um estudo de impacto ambiental, elaborado com todo o rigor e exposto na Câmara Municipal e nas diversas Juntas de Freguesia "democrática" e legalmente disponível para quem por interesse ou curiosidade pudesse e quisesse ficar totalmente esclarecido sobre esta importante obra estrutural.
Assim se procedeu, com inúmeras reuniões de estudo e reflexão, congregando os poderes autárquicos, técnicos e as populações interessadas neste problema, procurando com a melhor das intenções uma solução que a todos pudesse convir.
As Juntas de Freguesia, diligenciaram para que as populações fossem informadas pormenorizadamente e pudessem apresentar as suas propostas, conforme o solicitado pelo Estado, que muito preocupado com a opinião do povo, necessitaria de ser informado, para posteriormente decidir em conformidade.
Até aqui, exerceu-se um acto de cidadania democraticamente louvável pois a decisão do Estado, estaria enquadrada e conjugada com o interesse das populações.
Nisto acreditaram todos os que pensavam que o Estado nestes assuntos se movimenta com transparência, respeito e verdade para com os cidadãos.
O mais puro engano!
A solução final, foi exactamente contrária à proposta por todas as Freguesias consultadas, com a conivência da Câmara Municipal que naturalmente por subserviência política, teria que sancionar uma decisão Governamental certamente já tomada antes da consulta pública em conluio com a empresa construtora!!!!!
Foram as Populações e o Poder Autárquico local pura e simplesmente instrumentalizados, menorizados e principalmente desrespeitados por quem sem qualquer rebuço de dignidade, desprezou a sua opinião num perverso processo de exercício democrático.
Devemos exigir uma posição clara à Câmara Municipal para que se possa repor a verdade neste processo.
A dignidade do Povo e dos seus representantes locais merece mais respeito. Estes movem-se pelo interesse colectivo da população que lhe está próxima, e não por quaisquer outros interesses de índole particular ou partidária que não se poderão classificar certamente de altruístas.
Cabe agora colocar algumas questões pertinentes.
Como pode uma empresa construir uma auto-estrada sem que exista concurso público para a sua empreitada?
Porque razão a Câmara Municipal de Caminha optou pela Solução 2 do traçado, quando as Juntas de Freguesia se pronunciaram claramente pela Solução 1?
Para que serviu o estudo de impacto ambiental?
Para quê a consulta pública?
É este o triste exemplo que no campo dos princípios os nossos políticos dão. Assim não podem merecer-nos respeito porque este não se impõe conquista-se....
Uma palavra final para o enorme trabalho desenvolvido pelas Juntas de Freguesia representadas pelos seus Presidentes.
O Vosso exemplo deverá servir para mostrar que vale a pena lutar por princípios.