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EXPEDICIONÁRIOS DE TIMOR CONFRATERNIZARAM EM CAMINHA
Caminha acolheu no passado fim de semana mais um encontro (o 51º) de expedicionários em Timor durante a presença portuguesa nesse país, no decorrer de um convívio realizado no Parque Municipal.
Alguns milhares de antigos militares e ex-funcionários no até então (1974) território português, reviveram episódios e confraternizaram.
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Luís Carlos Rodrigues, um dos caminhenses promotores do encontro e que marcou presença em Timor ao serviço da Armada, manifestou-se satisfeito pela forma como ele decorrera, para tal contribuindo o bom tempo que se fez sentir. |
TIMORENSES MARCARAM PRESENÇA
Nuno Belmonte, que saiu de Timor em 1963 a fim de estudar em Portugal, não perde a ocasião e marca sempre presença nestes encontros que se iniciaram ainda em Angola, com a finalidade de "conviver com pessoas que eu conheci em Timor". |
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Conta deslocar-se a este país ainda este ano, depois de quarenta anos de ausência, no intuito de se avistar com a família e "penso voltar um dia definitivamente", referiu ao C@2000.
Aprecia que Portugal continue a assumir "grandes laços" com o seu país, esperando que a colaboração não falte nomeadamente no campo dos "quadros técnicos que possam ajudar a nossa juventude a criar um país que é novo e precisa da ajuda de todos".
Fez tropa em Viana do Castelo, já conhecia Caminha ("uma terra bonita") que já conhecia e foi com satisfação que participou no convívio de 2004.
UM CAMINHENSE COM SAUDADES DE TIMOR
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De Caminha, houve alguns antigos militares que foram mobilizados para Timor, como foi o caso do vilarmourense João Ranhada, integrado numa companhia de engenharia, entre 1967 e 69, acampada em Taibesse, perto de Díli. |
Descobriu este encontro por acaso, devido a que após ter deixado Lisboa, perdeu os contactos com a organização destes encontros, tendo apenas participado num.
Reatada a "rede", espera manter a participação a partir de agora, atendendo inclusivamente a que reencontrou velhos amigos da sua passagem por Timor.
Deste território, trouxe "boas recordações", após ter passado "bons momentos" naquela ilha, destacando que os timorenses "são pessoas excepcionais, humildes".
Sem guerra no território, apenas se verificando "algumas escaramuças na fronteira com a Indonésia", como recordou João Ranhada, este antigo militar reconhece que "o meu maior prazer era voltar a ver Timor", constituindo único impedimento a viagem "pouco fácil e cara", e quanto a ir de barco, ficou avisado da sua duração (mais de um mês) quando foi mobilizado para lá.
O DECANO DOS CONVIVAS
O decano dos expedicionários em Timor e presente em Caminha, foi Waldemar Teixeira de Almeida (82 anos), que partiu para essa ilha desde a antiga colónia de Moçambique, em 1945, como sargento-cadete, com a finalidade de libertar este território da ocupação nipónica, com a colaboração das forças australianas e holandesas. Mas, não foi necessária a |
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intervenção, porque a rendição japonesa foi assinalada pelas sereias e holofotes dos navios aliados que se concentravam ao largo da Austrália, prontos a dirigirem-se para lá.
Mesmo assim, a sua companhia desembarcou em Dili, reassumindo a soberania portuguesa, tendo sido destacado para comandar um posto de controle na fronteira com a Indonésia, em Lótoi.
Logo que cumprido o serviço militar, foi admitido nos serviços das Alfândegas de Timor, posto que assumiu até 1969.
Teceu encómios à organização de Caminha, designadamente à parte de animação, levando-o a classificá-la de "extraordinária" e esperando continuar a participar nos próximos convívios, até porque "conto viver até aos 108", atendendo à longevidade da sua família, dando como exemplo o seu avô que morreu de "desastre, com 106 anos".
Waldemar Almeida tem seis filhos naturais de Timor e dez adoptivos timorenses.
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MEMÓRIAS DA SERRA D'ARGA |
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Autor Domingos Cerejeira |
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