A Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Ponte de Lima e a Escola Superior Agrária de Ponte de Lima promovem a 18ª Festa do Vinho Verde e Produtos Regionais, de 13 a 15 de Junho de 2008 na EXPOLIMA, em Ponte de Lima.
Imbuídas do espírito que desde os tempos mais remotos, o vinho tem vindo a desempenhar um papel de relevo em quase todas as civilizações, "fruto da videira e do trabalho do Homem", não sendo ultrapassado por nenhum outro produto da agricultura, aliando esse fruto saboroso e nutritivo à bebida privilegiada, precioso néctar, dele extraída; este evento afirma-se já no panorama regional/nacional como um autêntico hino ao Vinho Verde .
Pretende-se, portanto, que a Festa do Vinho Verde seja, uma vez mais, uma plataforma privilegiada de investigação, análise, divulgação e promoção da significação geo-cultural do Vinho Verde decorrente de uma conjugação de factores ecológicos, sociais, económicos e culturais.
Do programa da Festa do Vinho Verde evidenciamos:
Sexta-feira – 13 de Junho
15,00 horas – Actuação dos bombos pelas ruas da Vila.
19,00 horas – Abertura Oficial da 18ª Festa do Vinho Verde e dos Produtos Regionais, com a presença da Confraria Gastronómica do Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima e Confraria do Vinho Verde.
19,10 horas – Entrega dos prémios do Concurso de Vinhos Verdes de Ponte de Lima.
20,00 horas – Actuação de Concertinas.
22,00 horas – Animação nocturna com "Orquestra Noroeste"; Animação do recinto da Feira com concertinas.
01,00 horas – Encerramento do recinto da feira.
Sábado – 14 de Junho
11,00 horas – Abertura do recinto da Feira do Vinho Verde
11,00 horas – Prova comentada de Vinhos Loureiro do Vale do Lima.
Engº Anselmo Mendes
Engº Jorge Moura
18,00 horas – Prova de Vinhos Verdes e de Produtos Regionais.
22,00 horas – Animação nocturna
"Concerto com Eduardo Sant´Ana";
Animação do recinto da Feira com concertinas.
01,00 horas - Encerramento do recinto da Feira.
Domingo – 15 de Junho
11,00 horas – Abertura do recinto da Feira do Vinho Verde
15,30 horas – Festival de Folclore no âmbito do XXXV Aniversário do "Grupo Cultural e Recreativo de Danças e Cantares de Ponte de Lima"
19,00 horas – Encerramento da XVIII Festa do Vinho Verde e dos Produtos Regionais.
Visitar e participar na Festa do Vinho Verde surge como um acutilante convite que conjuga lazer, conhecimento e descoberta, através de uma viagem ao mundo do vinho e dos seus segredos, proporcionada pelo vasto leque de expositores que apresentam os seus produtos endógenos neste certame.
Santo António, São João e São Pedro
Santo António: dentro do calendário (anexo) de Festas do Alto Minho terá dia grande no próximo dia 13 em trinta e seis freguesias, praticamente, em todos os concelhos do Alto Minho, não só como advogado dos animais, sobretudo, dos recos (prometendo-lhe a orelheira no caso das cevas ou um bacorinho no caso das porcas prenhas); advogado das coisas perdidas (recupera-se o perdido / rompe-se dura prisão / e no auge do furacão / cede o mar embravecido) ; Santo Casamenteiro, acompanhando as moças à fonte onde lhes partia o cantaro, que depois consertava ; advogado contra os maus vizinhos (milagre pelo qual salvou seu pai de morrer na forca).
Festas de S. João
28 festas no Alto Minho (de acordo calendário em anexo). O mais popular dos Santos; obrigatório as fogueiras ; balões o nicho e a cascata ; o arco da festa ; manjericos e alho porro, alfadega; alcachofras, cravos e cravolinas e, ainda, as brincadeiras São Joaninas : a "trancada" em que os rapazes na noite de São João irão rapinar utensílios e alfaias agrícolas para as expor no adro da igreja. Também Santo Casamenteiro. Na Serra d´Arga até há um penedo casamenteiro e as raparigas, para saber se casam ou não naquele ano, atiram uma pedra para o cimo do Penedo. Se a pedra ficar, é garantia de casório; se cair, é só para o ano. Veja-se a seguinte quadra : Oh meu rico São João d´Arga / Casai-me que bem podeis / Já tenho teias de aranha / Naquilo que bem sabéis.
Festas de S. Pedro
Finalmente, São Pedro, o chaveiro do céu. 20 romarias no Alto Minho (ver calendário junto), também ele um santo casamenteiro (Espreita a porta do céu / São Pedro por uma fresta / vem ver as moças bailar / no dia da sua festa!).
Gastronomia dos Santos Populares
Sardinha Assada
De todos, não há dúvida que é a sardinha: pelo S. João pinga no pão, a sardinha d'alvorada que se for de Vila Praia de Âncora é a melhor do Mundo. Gorda pelo S. João, assada, a pingar na broa, de rabo ao alto, bêbedas, recheadas, barrentas, salgadas, fritas de escabeche, no bolo do forno!... do Portinho d'Âncora, a sardinha "fresca", "bibinha" do nosso mar.
Porquê esta sardinha d'alvorada ser considerada a melhor do mundo?
Porquê?
Porque é apanhada na rede de emalhar (rede que apanha a sardinha pela cabeça);
Faz-se pela chamada pesca de lancear, isto é, com lanços de 15 minutos, máximo de meia hora, excepto se a sardinha é muita, só se fazendo, então uma vez, regressando logo ao Portinho para que a sardinha fique dura e a espelhar.
Ao tirar-se da rede fazer com cuidado, peça por peça ou apanhando a que cai, enchendo-se os cabazes e colocando em lotes, para a venda.
Isto faz com que a sardinha seja de extrema qualidade pois não leva gelo; a sardinha está gorda, reluzente, fresquinha, dura, com a guelra bem vermelha e daí a sua designação de "bibinha, sardinha do nosso mar, sardinha d'alvorada".
Um pouco de sal, boa brasa, para não ficar queimada, um bom fogareiro, uma boa assadura e comer.
Comer à mão com um bom naco de broa (sardinha pelo S. João, diz o ditado, pinga no pão) ou em prato
com pimentos assados e batatas com estona, complementam este pitéu de Vila Praia de Âncora.
Não esquecer acompanhar esta sardinha assada com uma boa litraça de verde.
O Anho nas Cozinhas do Alto Minho
Dois momentos há na tradição da gastronomia do Alto Minho, onde o anho é Rei:
1) Em Tempo Pascal, no cumprimento dos rituais judeus / cristãos, com "feiras" no Domingo de Ramos e Semana da Paixão onde aparecem os rebanhos bem alimentados (encostas da Serra Amarela e seus contrafortes com ligação ao Alto e Baixo Minho e às Terras de Basto e do Barroso), das pastagens férteis do tojo bravo, carqueja, rosmaninho, urze dando sabor inigualável à textura e suculência das carnes.
2) Em Tempo de Festas Populares, sobretudo, S. João onde prevalece o costume da assadura do anho (o cordeiro sanjoanino), comido noite dentro em redor do "alho porro", dos balões e dos arcos de festa, das noites milagreiras do Porto, Viana e de Braga, eu diria, de todo o Entre Douro e Minho.
São receitas do "outro mundo":
(...) no caso da receita do anho sanjoanino, o anho não vai inteiro ao forno! Depois de limpo e lavado, com vinho branco e sal, corta-se aos pedaços e fica em vinha de alho, de um dia para o outro. Em assadeira de barro, prepara-se a marinada onde não falta o alho, sal, vinho tinto, louro, pimenta e cebola. Vai ao forno. Noutro recipiente vão as batatas a que se junta o azeite, alho pisado e cebola, ou, o alguidar de arroz salpicado e aromatizado pelos miúdos do anho.
Oh, noites míticas do "meu" S. João Baptista / Oh, meu belo S. João! Oh, mãos abençoadas de tantos(as) cozinheiros(as) que souberam transformar em "pitéus" de fama os manjares dos ancestrais fornos de lenha - uma carne macia e tostada, ao lado das "purificadas" fogueiras, do "nicho" com a imagem do Santo Marinheiro, das cascatas, das orvalhadas, madrugada fora:
Aquele campo de milho / foi a minha perdição / perdi o meu anel d'oiro / na manhã de S. João!