CONCELHO DE CAMINHA



UM MOSAICO DE PAISAGENS

Jornal Digital Regional
Nº 239: 28 Mai a 3 Jun 05 (Semanal - Sábados)

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CAMPANHA POUPAR E PRESERVAR

Minimizar a produção de resíduos na origem, fazer cumprir aquilo que apelidam de eco-códigos, é uma campanha levada a cabo pela Câmara de Caminha e a empresa "Suma" até ao próximo dia 7 de Junho, junto da população de Caminha, levando-a a optar por comprar produtos avulso, embalagens familiares e de recarga, utilizar produtos não descartáveis e reutilizar materiais de embalagens, são estas algumas das medidas que os promotores gostariam de ver implementadas.

A campanha vai ser igualmente promovida junto dos estabelecimentos de ensino e juntas de freguesia que disporão de informação detalhada.

Canto final da última águia-real no Gerês

Apenas uma ave desta espécie sobrevive no único Parque Nacional

Ambientalista acusa direcção do parque de nada ter feito para preservar a presença da ave de rapina

É uma história de profunda solidão. No Parque Nacional da Penada-Gerês (PNPG) só resta uma águia-real. Todos os anos, por altura da época de acasalamento, faz tudo como se fosse chocar os ovos transporta paus, faz o ninho... só não procria. O macho morreu há pouco mais de dois anos e este exemplar tem também o destino traçado. No dia do seu desaparecimento, os responsáveis do único parque nacional português deverão explicar por que razão nada foi feito para preservar tão nobre espécie.

Miguel Dantas da Gama, do Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens (FAPAS) não tem dúvidas. "Estamos perante o desaparecimento de uma espécie emblemática e referencial cujo destino reflecte a evolução do próprio Parque Nacional". Podemos ir um pouco mais longe o abandono a que foi votada a águia-real, que ainda vive na serra da Peneda, ilustra o estado em que se encontra a conservação da natureza em Portugal (hoje comemora-se mais um Dia Mundial da Conservação e Biodiversidade).

Considerada em perigo - é esse o estatuto que lhe é atribuído no Livro Vermelho dos Vertebrados, revisto recentemente - , na área do PNPG a águia-real voa agora para a extinção. O DN tentou obter um comentário a esta situação por parte do director do Parque. Apesar de tentativas insistentes e explicando o que estava em causa, Luís Macedo nunca esteve disponível.

Um projecto, apresentado pelos responsáveis do Parque para tentar salvar a população de águia-real, nunca foi avante. Aparentemente não seria difícil bastaria repovoar a zona com águias juvenis trazidas das arribas do Douro Internacional, área tutelada também pelo Instituto de Conservação da Natureza. Nada foi feito.

Esta medida resolveria dois problemas salvava alguns exemplares, que não conseguiriam sobreviver no local de origem, por escassez de alimento ou por um fenómeno denominado cainismo (o indivíduo, neste caso o irmão mais velho, mata o mais novo) e repovoava-se a Peneda-Gerês - "a jóia da coroa da conservação da natureza", em Portugal noutros tempos.

O amigo das aves. Miguel Dantas da Gama pode bem dizer que é amigo íntimo da última águia-real do Gerês. Acompanhou o casal de aves de rapina ao longo vinte anos, durante regulares visitas de campo. "Deixei de ver o macho em 2003", mas já antes disso os sinais de perigo para a manutenção da espécie eram evidentes "A águia punha, mas os ovos não desenvolviam".

O membro do Fapas, que tem por hábito passar fins-de-semana embrenhado pelas zonas mais selvagens do Parque, lembra ter avisado várias vezes os técnicos da área protegida para a "existência de ovos abandonados na Peneda". Os exemplares chegaram a ser analisados, sem, no entanto, se ter chegado a resultado conclusivo.

O problema é, contudo, mais vasto. Para o perceber é necessário recuar décadas, ao tempo em que o conceito de conservação era algo quase desconhecido. Nessa altura, sobre a pilhagem de ninhos e o abate de aves a tiro não havia a reprovação e a censura que existem hoje. As águias também foram vítimas do veneno usado contra os lobos, espécie também em perigo.

O dirigente do FAPAS enumera ainda os fogos florestais, a abertura de acessos e a teimosa recusa em encerrar outros como factores que conduziram ao iminente desaparecimento da águia real da Peneda-Gerês. "A tranquilidade é fundamental", refere o ambientalista. Qualquer interferência humana, refere, pode afugentar a ave de rapina. Uma situação que se pode resumir a "falta de ordenamento".

No ano de 1971, o estado de conservação da águia- real já não era tranquilizador. Nesse ano, foi criado o primeiro e até agora único parque nacional português. A situação agravou-se progressivamente no início da década de 90 desapareceu o penúltimo casal de águia-real. Há dois anos a população desta ave de rapina ficou reduzida a um indivíduo. Se se tivesse actuado a tempo teria sido apenas necessário desenvolver medidas de recuperação. "A injecção de juvenis" seria a solução, refere Dantas da Gama. Hoje trata-se, praticamente, de reintroduzir a espécie, o que se torna "muito mais difícil e exigente".

A conservação da águia-real não é caso único. Dantas da Gama aponta o aparecimento pontual da águia perdigueira, provavelmente oriunda da Galiza, bem como a presença de grifos.

Na opinião do ambientalista não seria difícil fixar uma população, desde que fossem criadas condições. Um sonho de difícil concretização os sinais apontam no sentido inverso. O único alimentador, instalado na Portela, "nunca viu uma peça de carne".


Conservação sem estratégia

Portugal tem 148 espécies ameaçadas, um panorama mais grave do que o verificado em 1990, data da publicação do Livro Vermelho dos Vertebrados. O que foi feito desde essa altura para inverter o risco de extinção de algumas espécies? "Muito pouco", responde Jorge Palmeirim. O investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que participou na elaboração do primeiro livro vermelho e na sua revisão, efectuada recentemente, considera mesmo que "simplesmente andámos para trás".

Embora seja perigoso comparar as classificações de 1990 com as estabelecidas agora, uma vez que os critérios em análise foram alterados de acordo com novas categorias introduzidas pela UICN (International Union for Conservation of Nature, na sigla em inglês), baseados, pela primeira vez, em critérios quantitativos, o investigador conclui que "a conservação da natureza tem sido feita numa perspectiva de sobrevivência das áreas protegidas".

Com duas espécies já extintas no nosso país - o urso pardo e o esturjão - esse poderá ser o destino de outras se a atitude perante a conservação se mantiver. Grandes empreendimentos de construção civil, nomeadamente barragens e auto-estradas, são uma ameaça constante a muitos seres vivos. O caso mais flagrante é o do lince ibérico a sua presença, na zona de Alqueva, comprovada por análises aos excrementos, não foi tida em conta na avaliação da construção da barragem.

Um cenário mais grave pode estar a verificar-se relativamente à flora. Se a fauna está suficientemente conhecida, o que ajuda a preservar, no que respeita às plantas, a falta de conhecimento é enorme, o que na opinião de José Manuel Alho, da Liga para a Protecção da Natureza, pode potenciar a sua destruição.


Empreendimento eólico do Vale do Minho em velocidade de cruzeiro

Nova estrutura irá nascer no distrito de Viana do Castelo até meados de 2007. Projecto prevê uma produção anual a rondar os 48 milhões de euros

A empresa Empreendimentos Eólicos do Vale do Minho (EEVM) deverá lançar no próximo mês o concurso público para aquisição de equipamentos e materiais necessários à instalação da grande parte do empreendimento eólico que irá nascer no distrito de Viana do Castelo até meados de 2007. Os primeiros três parques do projecto estão já em construção nos concelhos de Caminha e Vila Nova de Cerveira, sendo que os restantes oito, previstos para os municípios de Monção, Melgaço, Valença e Paredes de Coura, e respectivas ligações à rede pública de distribuição de energia eléctrica, se encontram ainda em processo de avaliação de impacte ambiental até Julho. O megaprojecto representa um investimento de 300 milhões de euros (cerca de 1,1 milhão de euros por cada MW instalado) e prevê atingir uma produção anual a rondar os 48 milhões de euros.

O ponto de situação relativamente ao empreendimento a instalar pela EEVM, presidida por Carlos Pimenta, foi feito numa reunião entre responsáveis da empresa e das câmaras municipais e juntas de freguesia envolvidas. O autarca de Melgaço e líder da Comunidade Intermunicipal (CI) do Vale do Minho, Rui Solheiro, referiu ao PÚBLICO que, do referido projecto, "já há investimentos no terreno", traduzidos no início da construção do sistema Vento Minho II, que inclui os parques de Agra e Espiga, no concelho de Caminha, e S. Paio, no de Vila Nova de Cerveira, a sua respectiva ligação à rede eléctrica da EDP e a um posto de recepção a construir na freguesia de Vila Fria, em Viana do Castelo, para além da abertura dos respectivos acessos. E que, em fase de avaliação de impacto ambiental, consulta pública e aprovação pelo Ministério do Ambiente até ao início do Verão, está ainda o grosso da obra planeada, o sistema Vento Minho I, que integrará oito parques eólicos nos concelhos de Valença, Paredes de Coura, Monção e Melgaço, um posto de recepção em Pedralva, no distrito de Braga, e a adaptação e reforço da rede eléctrica existente aos futuros níveis de produção, através da colocação de cerca de meia centena de quilómetros de cabos eléctricos.

Segundo Solheiro, enquanto se aguarda a conclusão do processo de aprovação desta parte do grande empreendimento da EEVM, serão lançados, em princípio já no próximo mês, os concursos públicos para aquisição de todos os materiais necessários à sua concretização. A cumprirem-se os prazos estabelecidos esta semana pela empresa, o projecto deverá estar concluído no terreno "em Abril ou Maio de 2007".

Informações Quercus

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