A Câmara Municipal de Caminha assinalou com diversos actos os 90 Anos da elevação da antiga Gontinhães a vila, passando a designar-se a partir de então Vila Praia de Âncora.

António Garrido
Após o hasteamento da bandeira da vila na Praça da República, seguiu-se um debate informal na meia laranja da Av. Ramos Pereira, em que diversos ancorenses e autarcas abordaram temáticas locais.
À tarde, reuniu a vereação caminhense no Centro Coordenador de Transportes, em que foi anunciada a descida de 20% da tarifa de recolha, tratamento e depósito de resíduos sólidos, cuja tabela se encontra indexada ao consumo de água.
Isto representará uma descida real mensal de 5,9% no total da factura habitualmente designada da "água", segundo revelaram Miguel Alves e Guilherme Lagido, na apresentação desta medida que corresponde à assunção de uma promessa eleitoral do PS.
Miguel Alves, em justificação desta medida, reconheceu que a factura englobando os serviços de água, saneamento e lixo no concelho de Caminha se encontrava no "top-ten" dos municípios do país, quando o rendimento concelhio não se aproxima nem de longe do topo dos concelhos mais desenvolvidos.
Por tal motivo, decidiram baixar o preço da água, o que representará uma diminuição de receita de 140.000€/ano para o município.
Plano de acção para quatro anos
O presidente do Executivo acrescentou que este valor representará uma perca de 1/3 de receitas do que "iremos poupar no futuro", atendendo às medidas já em curso de poupança de água e de sustentabilidade e eficiência energética, cujo plano de acção para quatro anos foi igualmente aprovado nesta reunião.
Miguel Alves chamou a atenção para este plano de poupança e eficiência energética que permitirá a médio prazo "recuperar" a perda de receitas que a descida da tarifa irá representar no imediato.
Embora votando a favor da diminuição da tarifa, o PSD pediu um estudo técnico que fundamente a proposta, por entender ser de lei a sua existência.
As medidas de diminuição dos custos com a água, energia e lixos constam, portanto,deste plano de acção, resumidamente explicado por Guilherme Lagido, vereador responsável pela área do Ambiente.
Este autarca adiantou que este plano não tinha avançado já "porque não tínhamos a ideia de como é que isto iria evoluir", particularmente a nível financeiro.
As mudanças a operar a nível de poupança energética a médio e longo prazo exigem investimentos avultados (1,1 milhões de euros em quatro anos), dando como exemplo o centro histórico de Caminha, cujos estudos dos pontos de luz adequados, horários e revisão do sistema de iluminação que permitiria poupar 60% da energia consumida actualmente, implicariam gastos imediatos de 300.000€, pelo que tudo deverá ser programado e na tentativa de obter financiamentos.
Disse ser necessário corrigir a iluminação da luz pública em loteamentos privados de modo a contribuir para a redução da factura energética e apontou novas soluções para a energia consumida nas piscinas municipais de Vila Praia de Âncora, substituindo o actual sistema de abastecimento pelo de gás natural ou de estilhas, embora este exigisse um reservatário com algum impacto visual.
Sensibilização é necessária
Guilherme Lagido frisou ser necessário acompanhar estas medidas com acções de sensibilização da população, levando-a a mudar de hábitos de consumo de água, energia eléctrica e selecção de resíduos sólidos, a par da eliminação de limpezas de carros com despejos de águas e óleos na rede de águas pluviais.
No capítulo da água, além de ser necessário rever e substituir contadores obsoletos, referiu a existência de muito consumo não facturado e demasiadas perdas de líquido que oneram os cofres do município, a par da calafetação de janelas e portas das residências pelas quais se esvai muito do calor proveniente do aquecimento domiciliar nos períodos frios.
De modo a incentivar a importância da poupança energética, deu como exemplo a Áustria, cujos novos sistemas implementados permitiram economizar 45% dos gastos registados anteriormente.
"Floresta de pressões sobre os Bombeiros"
Os três vereadores do PSD aprovaram o subsídio de 15.000€ destinados à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Praia de Âncora mas, Liliana Silva lamentou aquilo que considerou um "circo" montado à volta da penhora das contas da associação, designadamente a realização de uma conferência de imprensa três dias depois da execução judicial que condicionou a vida diária da associação.
"Até acho que é pouco"
O seu colega de bancada Flamiano Martins, irritado, dirigindo-se ao presidente do Executivo, perguntou-lhe o porquê dessa conferência de imprensa e, comentando o apoio entretanto aprovado em reunião camarária, disse que "até acho que é pouco".
Tentando defender o executivo camarário anterior, Liliana Silva citou alguns dos apoios desse tempo, incluindo a campanha dos emigrantes dos EUA, concluindo que com 30.000€ conseguidos nesse período de maioria "laranja" já daria para saldar a dívida destes arquitectos autores do projecto de recuperação do cineteatro.
"Agora compreendo…"
Esta reacção da oposição social-democrata não deixou indiferente Miguel Alves, nomeadamente a utilização da palavra "circo" pela presidente da Concelhia do PPD/PSD.
"Agora compreendo…", acentuou o presidente do Executivo, em alusão a uma eventual pressão do PSD junto dos responsáveis dos Bombeiros para que não realizassem a conferência de imprensa.
Miguel Alves disse ter existido "uma floresta de pressões sobre os Bombeiros" para que não fizessem a conferência de imprensa em que mais uma vez (a primeira, foi na Assembleia Municipal) ficou claro que o executivo anterior não terá cumprido o assumido com a direcção associação humanitária dos últimos anos.
Miguel Alves acrescentou um dado novo que desmente a afirmação de Júlia Paula, actual deputada municipal e ex-presidente do Executivo, na última Assembleia Municipal de 27 de Junho último.
Júlia Paula tinha dito que nunca assumira o pagamento dos projectos da reabilitação do cineteatro dos Bombeiros, nem que existia qualquer factura.
Miguel Alves disse agora que existia na Camara uma factura de 24 de Junho de 2013, o que permitia ao executivo anterior ter pago a dívida do projecto de arquitectura, o que não o fez, tal como muitas outras que a actual câmara se encontra agora a liquidar, o que gerou, frisou o autarca, "uma aridez" em termos de perspectivas das finanças camarárias.
Continente na recta final
O projecto de arquitectura já deu entrada nos serviços camarários de obras e a Direcção Regional de Economia deu luz verde ao investimento de uma grande superfície na Sandia, anunciou Miguel Alves no decorrer desta sessão, após o PSD ter solicitado um ponto de situação sobre este projecto.
Com estes dois procedimentos, o processo encontra-se "praticamente encerrado" garantiu, de modo a tranquilizar aqueles que "em catadupa" se inscreveram na tentativa de garantir um dos cerca de 80 postos de trabalho que irão ser abertos com a entrada em funcionamento da nova superfície comercial com acessos pela Rua 5 de Outubro.
Ainda relacionado com empresas, o PSD pediu informações sobre o pedido de uma empresa de confecções de Vila Praia de Âncora para que fosse encontrado um espaço para a sua expansão.
Miguel Alves recordou que a procura de espaços para esta e outras empresas que pretendem instalar-se em Caminha "é uma luta com poucas armas", face aos preços pedidos por armazéns disponíveis, e, sobretudo, perante a inexistência de áreas industriais dignas desse nome no concelho.
Domingos Lopes mantém-se na Caminhaequi
Com a abstenção do PSD, a maioria socialista aprovou os nomes dos representantes do município na sociedade Caminhaequi, detentora do capital das piscinas municipais de Vila Praia de Âncora: Domingos Lopes e Sandra Ferreira.
Como justificação para estas opções, a proposta apresentada pelo vereador Rui Teixeira indica que "ambos demonstraram idoneidade e competência nas tarefas que têm desenvolvido para o Município", o que leva a que seja depositada "total confiança nas suas capacidades técnicas e intelectuais para defesa dos legítimos interesses desta autarquia".
Recorde-se que Domingos Lopes já integrava a representação camarária nessa empresa em que a câmara detém 49% do capital, tal como o advogado portuense Francisco Vellozo Ferreira, o qual, entretanto, tinha pedido a demissão. Domingos Lopes seguiu-lhe as pisadas, como resultado do acto eleitoral de Setembro último. Foi agora reconduzido.
A Caminhaequi é um dos processos que a Polícia Judiciária tem entre mãos.
Biblioteca Municipal de Caminha sempre vai avançar
A ampliação da Biblioteca Municipal de Caminha deu um novo passo, ao ser aprovada a minuta do contrato da obra da ampliação do edifício da Câmara Municipal, pelo preço de quase um milhão de euros.
Discoteca com horário alargado…
A discoteca "Alfândega" viu o seu horário de funcionamento alargado até às seis horas da madrugada durante o período de Verão, dependente, contudo, de outros pareceres. O assunto mereceu alguma discussão no seio da vereação, face aos horários dos bares da vila de Caminha.
Ainda relacionado com horários, a vereação aprovou que o bar "Golfinho", localizado no Portinho de V.P.Âncora, esteja aberto à hora que os pescadores regressem de madrugada, do mar.
...e Mercado de Caminha abre aos domingos
A Câmara decidiu alargar o funcionamento do Mercado Municipal de Caminha aos domingos de manhã e feriados durante o período de Verão.
Um dos concessionários de bancas do mercado, Armando Barbosa, contestou esta decisão tomada na reunião de Vila Praia de Âncora. Referiu-nos que uma funcionária camarária tinha realizado um inquérito no mercado e que a maioria dos concessionários tinha rejeitado essa proposta.
Contudo, Ana São João, vereadora com o pelouro dos mercados, disse-nos não ser certo que a maioria dos concessionários das bancas tivesse rejeitado a proposta, antes pelo contrário, tinha aprovado a abertura do equipamento municipal. Acrescentou que esta medida já tinha sido tomada no passado.