Por tradição e por brio, Alvarães, no limite Sul de Viana do Castelo, apresenta, na sua "Festa de Santa Cruz", as jóias de arte popular e de amor, que são os seus andores floridos. Confeccionados com delicadeza e beleza únicas, os andores e cruzes de Alvarães são peças únicas, autênticas manifestações de fé e bairrismo deste povo, revelação de arte, paciência e sacrifícios de quem trabalha por Deus e pela freguesia. "A denominação "Festa de Santa Cruz" deriva de antigo cerimonial, segundo o qual, durante a procissão que, no dia de Ascenção se dirigia da Igreja ao lugar do Calvário, havia uma paragem junto de cada uma das 14 cruzes da Via Sacra, adornadas com flores naturais, onde o clero entoava algumas estrofes, a que o povo respondia" . Este cerimonial era já citado em 1724, como "muito antigo e inveterado", conservando-se até aos dias de hoje, sendo que, a partir de 15 de Maio de 1947, lhe foi acrescentada uma segunda característica – os andores floridos que vieram trazer à Festa um valor acrescentado muito importante.
Os andores floridos, executados somente com flores naturais, tiveram, praticamente, o seu inicio, na freguesia de Alvarães, no ano de 1946, aquando da Comemoração Nacional de Terceiro Centenário da Proclamação da Imaculada Conceição, Padroeira de Portugal. Mais tarde, em 13 de Outubro, na coroação da imagem de Nª. Sª . de Fátima, o pároco da freguesia pediu à população para atapetar as ruas com flores e enfeitasse com flores o andor de Nossa Senhora. Foi de tal maneira conseguido este desiderato, que os andores tradicionais foram postos de parte, sendo substituídos, todos os anos por andores floridos, ideia aplaudida por todo o povo da freguesia de Alvarães e que, até hoje, se mantém. Resta acrescentar que estas obras, autênticas de arte e saber popular, são realizadas por gente do campo, artistas anónimos e de grande sensibilidade que utilizam milhares de pétalas e folhas variadas e pequenos ramos na sua confecção. São onze os andores, distribuídos pelos diversos lugares da aldeia, onde impera uma competição a todos os títulos saudável, sendo a técnica de confecção guardada religiosamente por cada lugar (com lugar de destaque para o "bordador") e a sua apresentação feita somente ao fim da tarde do Sábado da Festa.
Mas nada melhor como "viver" a "Festa de Santa Cruz" em Alvarães nos próximos dias 17 e 18 de Maio de 2008.
A Festa do Corpo de Deus no Alto Minho
Em relação à Procissão do Corpus Christi (Séc. XIII e XIV), já em 1282 o rei D. Dinis ordenou que a Festa do Corpo de Deus fosse celebrada com o mesmo ritual da do Espírito Santo, em Alenquer (1265). De facto, foi a partir da Bula Transiturus Ad Patrem (11 de Agosto de 1264), que o Papa Urbano IV estabelecia a festividade do Corpus Christi a realizar na primeira Quinta-feira depois do dia oitavo do Espírito Santo. Porém, só a partir de 1316, o Papa João XXII autorizou que se conduzisse, publicamente, o Santíssimo Sacramento. Até esta data, a Eucaristia era representada pela Arca da Aliança e por todo um cenário que as antigas procissões do Corpo de Deus mantiveram com esplendor durante muitos séculos e cujas reminiscências chegaram até hoje. Em Braga, nas Festas Sanjoaninas, a dança do Rei David. Em Monção, o Boi Bento, o Carro das Ervas, os gigantes S. Cristóvão e, ainda, S. Jorge e a tradicional Coca. Mas não só. O próprio povo através dos seus mesteres, era obrigado a aderir à Procissão o que faziam com danças mui divertidas, movimentadas e teatrais, no dizer da época "folias", que Bluteau especifica: "folia vale o mesmo que festa de várias pessoas, tangendo e cantando com tambores e pandeiros ou danças com muitas "soalhas" e outros instrumentos, com tanto ruído, extravagâncias e confusões, que os que andam nela parecem doudos".
« Corpus Christi »
De toda esta tradição, o que resta hoje, na nossa cultura popular ?
Ponte de Lima – A Vaca das Cordas - Na véspera da Procissão do Corpo de Deus – dia 21 de Maio
Este velho costume da introdução da « Vaca das Cordas » na véspera da procissão do Corpus Christi, filia-se nos cultos egípcios de Isis, Osíris e Apis, trazidos para a Peninsula pelos fenícios, aceites pelos romanos e suevos e tolerados pelos cristãos (como o Boi Bento e a Serpe de Lerna). É que no Olimpo, os Deuses também se apaixonavam ! Segundo a mitologia, Io, filha do rei Inaco e de Ismene, linda como os amores, foi raptada por Júpiter. Juno, irmã e mulher deste, não esteve pelos ajustes e daí a sua perseguição a Io. Júpiter como qualquer mortal, temendo a mulher, metamorfoseou a apaixonada em vaca mas Juno, que lia os pensamento do sublime adúltero, mandou do céu à terra um moscardo ciumento, incumbido de aferroar, incessantemente, a infeliz Io. Assim, perseguida, Io fugiu para o Egipto onde Júpiter vendo-a tão desconsolada (diz a lenda que a bela vaca chorava rios de lágrimas, que juntas formariam o Nilo ( !), a restituiu à forma natural, fez-lhe um filho (Epafo) e casou-se com Osiris, também adorado com o nome de Ápis. Os egípcios levantaram altares a Io debaixo do nome de Isis e exibiram nas solenidades, como seu símbolo, uma vaca errante, corrida. Ora, Isis, a vaca de Júpiter, a deusa da fecundidade teve um culto especial, precisamene, na Região Galaico-Bracária na área de Entre Douro e Minho, no Convento Bracaraugustano, concretamente, numa dependência administrativa judicial do distrito dos Límicos !
Vai ser ainda o Padre Roberto Maciel (in Almanaque Ilustrado de « O Comércio do Lima » 1908), quem nos vai ajudar a explicar a tradição da « vaca das cordas ». Diz-nos o Revº Abade : A igreja Matriz da primitiva vila era um templo pagão dedicado a uma deusa, que, converteram em templo cristão a igreja, tiraram do nicho a imagem da deusa vaca, prenderam-na com cordas, com ela deram três voltas à igreja e depois arrastaram-na pelas ruas da vila, com aprazimento de todos os habitantes. Daí o tradicional costume da « vaca das cordas » pelas ruas, para gáudio do rapazio e até dos mais velhos, com tanto que se pilhem seguros bem longe da rede que os da corda costumam lançar-lhes.
Procissão do Corpo de Deus / A Coca – 22 de Maio - Monção
Monção é, também, a terra da "Coca" ou "Santa Coca" ou, ainda, da "Coca Rabixa"! As lutas do Bem sobre o Mal, da Verdade sobre a Mentira, do Arcanjo S. Miguel sobre o Dragão são significados religiosos que, sobretudo, na Idade Média tiveram manifestações próprias, inclusivé, nos préstitos religiosos, infelizmente, desaparecidos no Alto Minho. A «coca» monçanense está intimamente ligada à procissão do "Corpus Christi" e à conhecida lenda de S. Jorge: "S. Jorge acudindo ao apelo angustiado de uma jovem princesa, filha do rei da Líbia, mata com a sua lança, o dragão que a queria devorar. Esta impressionada pela heroicidade do santo converteu-se ao cristianismo". S. Jorge. O culto de S. Jorge nasceu no Oriente e ficou localizado, durante muito tempo, na Palestina, na Lícia e entre os coptas do Egipto, onde a cidade de Gegth lhe era consagrada. Foi daí que passou a Constantinopla, que lhe dedicou, na Ponta do Serralho, um grande mosteiro, chamado S. Jorge de Manganes. Para Garção Gomes, a Festa do Corpus Christi, em Monção, data, possivelmente, dos princípios do Séc. XIV. Porém, os Acordãos que possuimos referem-se ao Séc. XVII : « nomeação do mordomo da serpe (mordomo dos alfaiates)» Lº de Acc., em 4/1/1634 ; «condenados aos mordomos dos taberneiros e aos dos ferreiros em mil réis cada um por não virem com as suas danças na procissão do dia de Corpus Christi, Lº de Acc, em 17/6/1634. Em harmonia com a tradição, a "Coca" simbolizando o dragão, a que o povo tanto gosta de chamar "Santa Coca", "Diacho da Coca" ou, ainda, "Coca Rabixa", « Por bia da Santa Coca rabixa / perdi o diacho da Missa », Sai na manhã da procissão do Corpo de Deus, "passeando" pelas ruas de Monção. À mesma hora, S. Jorge adestra o seu ginete, em tempos idos um galego que representava, no auto, o Santo da Capadócia. Na procissão, a que não falta o "Carro das Hervas", cheio de verdura e rapaziada; São Cristóvão, o advogado das crianças "biqueiras"; o "Boi Bento", todo enramilhetado de fitas e cores, vão as duas figuras principais do auto – a "coca", arrastando-se vagarosamente pelas ruas e calçadas, um monstro anfíbio de escamas reluzentes, com largas queixadas móveis e uma língua tremulante implantada em cabeçorra que volta à direita e à esquerda,, criando um misto de espanto e incrudelidade aos inúmeros devotos da « rabixa » ; logo seguida de S. Jorge, em carne e osso, vestido a rigor, armado de lança e espada, capacete e broquel, e montado em cavalo de verdade. Procissão acabada, toda a gente, se desloca para o Campo do Souto. Aí, ofegante, vaidosa, inchada, pousona, a Santa Coca! S. Jorge media, ao largo, o "bicharoco", enquanto o cavalo, não habituado a multidões, se mostrava inseguro e nervoso. Ao impulso dos "comparsas" que se ocultavam no bojo da "bicha" e que a manobravam a seu bel-prazer, a Santa Coca vai a terreiro para o combate!
Outras Manifestações do Corpo de Deus (Tapetes Floridos)
Viana do Castelo / Mujães; Caminha; Arcos de Valdevez; Paredes de Coura; Carvalheira (Terras de Bouro); Orbacém (Caminha); Azias (Ponte da Barca).
Feira do Alvarinho – Monção – 21 a 25 de Maio
Dia 23 - Sexta Feira
10.00 horas - Abertura da Feira
10.30 horas - Abertura dos Atelier’s ao vivo
11.00 horas - Animação do atelier com o Augusto Canário e trabalhadores da Instituição.
14.30 horas - Demonstração de Boccia pelos atletas da A.P.P.AC.D.M.
16.30 horas - Entrega de prémios de participação aos atletas de Boccia.
21.30 horas - Actuação da Tuna do Orfeão Universitário do Porto
22.30 horas - Actuação do Rouxinol Faduncho (Marco Horácio)
Dia 24 - Sábado
10.00 horas - Abertura da Feira - Entrada do Grupo de Bombos de Troporiz e Abedim
13.30 horas - Torneio de natação, "Primavera Infantis"
15.30 horas - Prova Organoléptica de Vinho Alvarinho
16.30 horas - Prova comentada de Vinho Alvarinho
17.00 horas - Prova de atletismo "10 km da COCA"
21.00 horas - Desfile dos Ranchos Folclóricos do Concelho de Monção.
01.00 horas - Actuação da Banda "Charanga Apeles"
Dia 25 - Domingo
07.30 horas - Concentração para passeio em caiaques "Pesqueiras do Rio Minho"
08.00 horas - Concentração de BTT, "IV Rota da Coca "
08.30 horas - Passeio de BTT
10.00 horas - Abertura da Feira - Entrada do Grupo de Bombos de Mazedo
10.30 horas - Memorial aos Soldados de Monção, mortos na Guerra do Ultramar.
15.00 horas - Grupo de Cavaquinhos e Desfile da Confraria dos Vinhos Verdes.
15.30 horas - Demonstração do Ciclo do Linho
18.00 horas - Entrega de Prémios – "O Melhor Stand Decorado".
19.00 horas - Encerramento da Feira