www.caminha2000.com - Jornal Digital Regional - - Diário - Director: Luís Almeida

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Seixas

Assembleia Municipal

Casa Ventura Terra - onze anos depois de ser adquirida pelo município

BE denunciou protocolo entre executivo e associação para cedência, recuperação e utilização da Casa Ventura Terra

CDU recordou que "Barcelos parece continuar a ter preponderância em Caminha"

PS falou de "falta de ética política" camarária

Júlia Paula acusou oposição de "combate político"

O BE, CDU e PS não alinharam nos argumentos e benefícios que a Câmara invocou, na tentativa de defender a entrega da Casa Ventura Terra a uma associação ("Associação Ventura Terra") criada há pouco mais de um ano, cujo acto protocolar decorre na tarde de amanhã (Domingo) na Junta de Freguesia de Seixas. Autarquia esta que aprovou a celebração do protocolo ("com natural satisfação") quando o documento foi submetido à apreciação da Assembleia Municipal, embora Aurélio Pereira, presidente da Junta, tivesse frisado que o seu executivo e a assembleia de freguesia não terem sido "consultadas previamente", mas, mesmo assim, decidiu conceder "o benefício da dúvida".

O autarca seixense em final de mandato referiu ainda que a recuperação do edifício se encontrava "aparentemente adormecida desde 2002" e, "pessoalmente", adiantou, "preferia que fosse a Câmara Municipal a fazer a sua reabilitação" e a definir o que pretendia para aquele espaço, celebrando posteriormente o protocolo.

Admitiu que embora a solução proposta fosse "arriscada, poderá ser um desafio interessante".

A posição de Aurélio Pereira mereceria um elogio da presidente da Câmara, afirmando que ele "acompanhou sempre este processo", e prometendo-lhe uma "discussão" pública e com todas as forças vivas de Seixas do projecto que vier a ser apresentado e que se encontra a ser desenvolvido pelo arqº José Manuel Carvalho Araújo -"uma referência da arquitectura nacional", sublinhou -, de uma forma gratuita "em parceria com a arqª Maria de Lurdes", graças à intervenção da associação.

"Programa Estratégico ficou no segredo dos deuses", BE

O BE, pela voz de Paulo Bento, criticou a falta de informações sobre este processo, a ausência de resposta a um pedido de consulta ao Programa Estratégico de Reabilitação da Casa Ventura Terra", da autoria da arqª Lurdes Carreira, a inacção do Executivo durante estes onze anos, aparecendo a três meses das eleições com uma proposta de cedência das instalações por 30 anos a uma associação com um ano de existência, de Barcelos, da qual se desconhecia actividade alguma.

Protocolo feito a três meses das eleições

Pedro Ramalhosa, deputado municipal do PS, criticou o texto do protocolo, ao estabelecer que "iriam tentar assegurar meios financeiros na execução do projecto", sem estabelecer prazos para a recuperação do edifício adquirido pelo município em 2002, sem que até à data tenha sido feito algo pela sua preservação e utilização.

O eleito socialista sublinhou que o imóvel tinha sido adquirido pelo município, "sendo agora cedido a uma associação de Barcelos, de curta vida", sem qualquer contrapartida e sem que conheça actividade regular desenvolvida.

O socialista pretendeu conhecer os estatutos pelos quais se regia esta associação, quais os membros que compõem os seus corpos sociais, "quais as obrigações temporais efectivas de obras no local", perguntando ainda ao executivo camarário se no caso de não realizarem obras, a que obrigações ficam obrigados.

Considerou "falta de ética política ceder tão apressuradamente este edifício" quando faltam três meses para que entre em funções um novo executivo camarário, entendendo portanto que teria sido mais correcto aguardar pela opção que os novos autarcas viessem a tomar.

CDU realça a "preponderância de Barcelos"

Carlos Aves, deputado municipal da CDU, manifestou igualmente a sua discordância relativamente à celebração deste protocolo, realçando que "Barcelos parece continuar a ter preponderância em Caminha".

Presidente da associação presente

Talvez pelo facto de o BE ter solicitado previamente à Câmara documentação sobre o Programa Estratégico de Reabilitação da Casa Ventura Terra - o qual não lhe foi entregue -, compareceram na reunião dois representantes da dita associação, incluindo a sua presidente.

"Sempre soubemos o que queríamos para a casa", JP

Júlia Paula, presidente do Município, logo no início da sua resposta aos representantes dos partidos políticos da oposição, tentou que os responsáveis da associação usassem da palavra, se assim o entendessem, invocando as dúvidas que assistiram às forças políticas quanto à "credibilidade" da mesma, mas tal acabou por não suceder.

A autarca social-democrata tentou contrariar as teses da oposição, ao acusarem-na de nada ter feito pela casa nestes onze anos, ripostando que tinha feito "tudo", porque a comprara.

Alda Terra, presidente da Associação Ventura Terra

Negou que estivesse em causa a aprovação de um projecto para a casa (prometeu-o para breve, assegurando que "cumpre integralmente o testamento de Ventura Terra), mas tão só o protocolo, concluindo que a oposição - nomeadamente o BE - estava era preocupada coma "solução" encontrada pelo seu Executivo.

Em defesa da associação, Júlia Paula, enervada, disse que era composta por familiares e amigos da obra der Ventura Terra, contendo no seu seio figuras de "renome" (sem invocar quem), insurgindo-se contra Paulo Bento por ter invocado a arquitecta camarária e o seu trabalho sobre a reabilitação da Casa Ventura Terra, perguntando se tinha sido mandatado por ela "para invocar o seu nome".

Admitiu, no entanto, que o trabalho da arquitecta Maria de Lurdes era pessoal, tendo-o colocado à disposição da Câmara, e se o deputado bloquista pretendia consultá-lo teria de apresentar um requerimento para que perguntassem à arquitecta se autorizava a sua consulta.

Júlia Paula, sempre em tom exaltado, defendeu a sua opção pela associação com cujos membros tinha reunido antes da sua constituição (ano e meio antes, precisou), assegurando que a arquitecta participara em todas as reuniões, pelo que aproveitou para agradecer publicamente a sua disponibilidade.

Na sua longa prelecção, Júlia Paula elogiou o desempenho da presidente da associação (sem nunca citar o seu nome) na montagem de uma exposição sobre Ventura Terra, em Esposende, e dirigindo-se a Paulo Bento perguntou se sabia "onde é que estava escrito que uma associação com 30 anos tinha mais valor que uma outra com ano e meio".

Deu como exemplo para defender a suas ideias, o protocolo estabelecido com outra associação com cerca de oito anos de existência e que não merecera contestação na AM.

Disse que toda a celeuma se devia a "combate político" e que a oposição não estava interessada na Casa Ventura Terra, "nem em encontrar uma solução". O problema era ser agora, referiu a presidente.

Irritada com a intervenção de Paulo Bento, Júlia Paula convidou-o a ser sócio da novel associação e a dar o seu contributo como historiador - "de grande profissional em termos científicos", acentuou - para a melhoria do projecto de recuperação do edifício.

Concluindo, JP, onze anos depois da compra do edifício a uns espanhóis, disse que "sempre soubemos o que queríamos para a casa".

A proposta mereceu os votos contra do BE, CDU e presidente da Junta de Lanhelas, a abstenção dos deputados municipais do PS, e os votos favoráveis do PSD e presidentes de Junta deste partido e PS.


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