Prestes a completar 105 anos, o que sucederia no próximo dia 18, faleceu no passado Sábado (dia2) no Hospital de Viana do Castelo onde fora internada, Maria Rosa Gavinho da Costa Viana, natural de Freixieiro de Soutelo mas residente durante grande parte da sua vida em Riba d'Âncora, embora tenha passado os últimos anos no Lar do Centro Social de Vila Praia de Âncora.
Seria seguramente a pessoa com mais idade residente no concelho de Caminha, e, nos últimos anos, nos dias do seu aniversário, participava numa missa celebrada em sua honra, após o que a Junta de Freguesia lhe oferecia um lanche incluindo um bolo de aniversário com as três velas evidenciando a ultrapassagem do centenário.
O seu falecimento foi deveras sentido em Riba d'Âncora, expresso na quantidade de pessoas que assistiram às suas exéquias, entra as que se encontravam muitos coralistas do Orfeão de Vila Praia de Âncora, aliás, uma presença regular a acompanhar as celebrações eucarísticas realizadas nos dias do seu aniversário.
"Foi sempre uma mulher de vitória"

Sebastião Ferreira, vigário-geral da Diocese de Viana do Castelo, natural de Riba d'Âncora, presidiu às cerimónias fúnebres que decorreram na Igreja Paroquial, tendo assinalado o forte sentimento de amizade e respeito que nutria pela extinta que o tratava pelo "meu menino", pelo facto de ter andado com ele ao colo muitas vezes.
Este sacerdote recordou que quando se dirigira ao Hospital de Viana do Castelo a fim de se inteirar pessoalmente do estado de saúde da D. Rosa Gavinho, ao entrar na enfermaria deparou com a cama indicada "asseada", sem ninguém nela, levando-o a interpelar uma das internadas sobre a sua situação.
Obteve como resposta que "quem estava aí, já está no céu".
Este episódio levou Sebastião Ferreira a recordar uma passagem bíblica, a do anjo no túmulo de Jesus quando confrontado com o seu desaparecimento, dissera que ressuscitara.
Na sua homilia, o vigário-geral frisou que a "longevidade não é um somatório de anos", mas antes um "dom que Deus concede a alguns", perante a sua "fortaleza, prudência e ponderação", realçando ainda que "quem está nesta comunhão com Deus, não pode ter outro fim que não seja estar na posse de Deus".
Em reforço das suas palavras, precisou que esta centenária falecera na "grande solenidade da Festa do Corpo de Deus" (véspera do Corpus Christi), definindo-a também como tendo sido "sempre uma mulher de vitória"…"de elite, de postura, com quem dava prazer falar", além de possuir "muita fé", justificando a sua afirmação, com o facto de lhe ter dito, quando cegou, que "agora, vejo para dentro os mistérios de Jesus".
"A senhora Maria Rosa marcou-me"
Por seu lado, nos seus 10 anos como pároco de Riba d'Âncora, Manuel Joaquim reconheceu que "a senhora Maria Rosa marcou-me", pois, acrescentou, "foi uma referência na nossa comunidade" e perante a dificuldade que vinha revelando nos últimos anos ao vir participar nos ofícios religiosos em Riba d'Âncora, transportada numa cadeira de rodas pela sua filha Fátima.
Antes de ser transportada até à sua última morada, duas bisnetas destacaram os pormenores das suas vivências, afirmando que a recordarão para sempre, pois "seremos sempre as tuas meninas".