Os moradores de Lanhelas foram surpreendidos na manhã da passada Segunda-feira com os vidros das portas e janelas da estação dos Correios "forrados" a plásticos pretos.

Já na edição da semana passada, tínhamos anunciado que na Sexta-feira (dia 31 de Maio), a estação se encontrava fechada por alegadas razões de "segurança", remetendo-se a Junta de Freguesia para o que se seguiria a partir daí.

O temido consumou-se, e a administração dos CTT "atapetou" a estação com a coloração do país: a preto.

Deu assim mais um passo para a "limpeza do terreno", tendo em vista entregar a empresa pública a privados, conforme toda a gente já percebeu, sem que haja qualquer justificação de índole económica para o fazer, atendendo a que esta empresa tem dado lucros.

Vão fechar porque sim. Porque é uma opção ideológica. E porque já estava prometido…. Esperamos que o Governo também encerre de vez…

Entretanto, um agente de seguros prestou-se a funcionar como posto de correios, uns metros mais acima da antiga estação.

A Junta de Freguesia de Lanhelas tomou uma posição de repúdio pela eliminação da estação, cuja morte já estava há muito anunciada.

"ENCERRAMENTO DA ESTAÇÃO DE CORREIOS EM LANHELAS"

No passado dia 31 de Maio, esta freguesia amanheceu com um triste sucedido: o fecho súbito da estação de correio que, ao longo de décadas, funcionou ao serviço desta população. Mais triste ainda é o facto dos CTT, em nota afixada no local, justificar tal encerramento por "motivos de segurança", denotando uma total falta de respeito para com a população desta freguesia. Isto porque, é do domínio público, não apenas pela informação veiculada pelos órgãos de comunicação, quer pelas vozes populares que se fazem ecoar um pouco pelo país fora, nas várias manifestações e contestações encetadas que, os CTT vêm realizando diligências com vista ao encerramento de inúmeras estações de correio, nomeadamente no sentido de transferir parte dos serviços para postos explorados por terceiros. Trata-se, pois, de uma política de reestruturação dos CTT, que tem como pano de fundo a privatização dessa empresa. É isto que está em causa. É esta a verdade dos factos. E foi esta verdade que determinou o encerramento da estação de correios em Lanhelas, à semelhança do que ocorreu noutras localidades, e noutras que se vislumbram, pelo país fora. Razões economicistas; não de segurança, estão na origem do encerramento, sem aviso prévio, da estação de correios desta freguesia!

Esta Junta de Freguesia, sempre se debateu pela continuidade dos CTT, reconhecido que era o serviço prestado aos seus utentes, muitos dos quais idosos, os quais agora se vêm obrigados a se deslocarem para a vila de Caminha ou para Vila Nova de Cerveira, sem meios para tal, onde se encontram as estações de correio mais próximas, assim se deixando ler na nota deixada à porta da estação dos CTT em Lanhelas.

E é esse reconhecido serviço prestado aos seus utentes que está em causa com a visada transferência do serviço para postos explorados por terceiros. A este propósito dir-se-á que esta Junta de Freguesia foi contactada várias vezes por responsáveis dos CTT para se operar a transferência desse serviço para esta Junta, a troco de uma irrisória contrapartida financeira de €240,00. Situação esta de todo inaceitável, porquanto e desde já, não faz parte das competências desta Junta de Freguesia, nem habilitação legal ou outra possui para tal, fazer-se cargo de um serviço que, entre muitas outras tarefas, passa por distribuição de correspondência, pagamento de vales e reformas. Por outro lado, não possui esta Junta de Freguesia, pessoas com habilitação ou formação para tal, sendo estas a principal valência para conferir confiança a quem presta um serviço daquela natureza. Por outro lado, a falta de condições físicas do edifício da Junta para comportar esse atendimento ao público, sobretudo para pessoas com falta de mobilidade e idosas. E, finalmente, a contrapartida financeira proposta de €240,00 para prestar um serviço de tamanha responsabilidade, por quem não detém formação alguma para prestar o serviço. Pergunta-se: quem assumirá a responsabilidade, em caso de erro, engano ou má prestação de serviço? O terceiro que assume o serviço ou os CTT?

Longe vão os tempos, e que remontam ao século XVI, em que os CTT, conhecidos nessa altura por serviço de correio público de Portugal, tinham como função estar ao serviço das populações. "OS CORREIOS SÃO DO POVO" , assim se fazia ouvir numa recente manifestação contra o encerramento de mais uma estação de correios neste distrito de Viana do Castelo. E eram-no, de facto. Hoje em dia, são um serviço descaraterizado da sua função.

Por todas as razões expostas, a Junta de Freguesia considere inaceitável e reprova veemente o comportamento adoptado pela Administração dos CTT, no encerramento encapotado da estação de correios desta freguesia, com total atropelamento não apenas para o serviço público que a empresa prestava, que é um direito de todos os cidadãos, mas particularmente, pela afectação que o mesmo terá no serviço prestado à população.