CONCELHO DE CAMINHA



UM MOSAICO DE PAISAGENS

Jornal Digital Regional
Nº 256: 24/30 Set 05 (Semanal - Sábados)

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IGREJA MATRIZ DE CAMINHA
COM OBRAS ATÉ FINAL DE 2006

Desde princípios de 2002 que a Igreja Matriz de Caminha está a ser alvo de uma intervenção de fundo a nível estrutural, conduzida pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), uma obra faseada que vai agora entrar na última etapa, com conclusão prevista para final do próximo ano.

Encerrada ao culto e às visitas turísticas desde essa data, os trabalhos de recuperação deste monumento nacional, foram precedidos de escavações arqueológicas no adro da igreja, as quais ainda prosseguem, agora no seu interior.

Num templo com mais de quatrocentos anos de existência, é considerada "normal" a demora que agora se verifica na operação em curso, conforme referiu Miguel Rodrigues, responsável do IPPAR, respondendo assim à ansiedade que se apoderou da população da vila.

"Espero que fique bem, para que nos tempos mais próximos não sejam necessárias mais intervenções significativas", aduziu Miguel Rodrigues como justificação para estes cinco anos previstos para a duração da obra, recordando ainda que desde início do século passado que não se realizava uma operação tão profunda

Cofre restaurado Pinturas em armário

Este projecto está a ser comparticipado em 75% pelo Plano Operacional do Norte para a Cultura, ainda no âmbito do III Quadro Comunitário de Apoio, razão pelo qual "devemos aproveitar esta oportunidade, porque não sabemos se teremos mais dinheiro dos fundos comunitários no futuro", acrescentou, recordando que até ao presente já foram investidos 1,7 milhões de euros e, em fase de adjudicação, mais 850.000€ para a 2ª fase da empreitada que durará 14 meses.

Mas, em Caminha, o fecho de portas do seu ex-libris não é encarado com resignação.

Gaspar Veiga e Manuel Carvalho

Manuel Carvalho, proprietário do restaurante "Duque de Caminha", lamenta a manutenção de vedações, em cujo interior se forma uma "estrumeira", levando os seus clientes a dizer que estas situações "só em Portugal".

Gaspar Veiga, dono de uma funerária, não entende que interesses levam a que se mantenham as protecções, insurgindo-se contra a inoperância da Igreja e Câmara, perante um "viveiro de gatos" permanente.

Por seu lado, Teresa Matos, zeladora e elemento do coro da Igreja, reconhece que "a nossa Matriz faz muita falta para toda a gente mas não acredito que a obra termine para o ano, como dizem".

"Iremos pedir ao IPPAR a devolução da Igreja, o mais rapidamente possível", referiu Carlos Mouteira, presidente da Junta, lamentando não possuir informação sobre prazos previstos para a conclusão.

Quanto a obras executadas, a realizar e trabalhos arqueológicos paralelos, deixamos aqui um resumo:

OBRAS EXECUTADAS: Levantamento geométrico da Igreja, estudos sobre o comportamento ambiental, da pedra e madeiras; recuperação de coberturas e substituição do telhado; limpeza de paredes a nível interno e externo, bem como na capela-mor e retábulo da capela do Senhor dos Mareantes; tratamento do corpo da sacristia (com dois pisos), recuperação de mobiliário e construção de sanitário; recuperação de azulejos na nave central; limpeza e tratamento das madeiras; introdução de sistemas de ventilação subterrâneos para evitar humidades; introdução de sistema de detecção de incêndios e iluminação

OBRAS FUTURAS: Impermeabilização dos pavimentos térreos; sistema de ventilação interior e exterior na base das paredes; tratamento dos pavimentos em lajeado de granito; recuperação dos taburnos, portas interiores e exteriores; remodelação da torre sineira com nova escadaria em madeira e introdução de sistema eléctrico de toques originais gravados, bem como o reforço das fundações e consequente monitorização; recuperação de retábulos e guarda-ventos; sistema de aquecimento por debaixo do pavimento na nave central; novas infra-estruturas eléctricas e som; recuperação do adro em pedra e saibro e novo sistema de drenagem de águas; colocação de sistema anti-pássaros nas portas principal e lateral.

ARQUEOLOGIA: Investigações iniciadas em Agosto/01; 25 sondagens arqueológicas já efectuadas; exumação restos de muralha medieval, junto ao pé da igreja a cinco metros da porta principal e de fundações de casas de um bairro à volta da R. da Matriz; descoberta de cerâmica e moedas medievas; inexistência de vestígios anteriores ao século XIII; exumação de várias sepulturas, tanto no interior, como no exterior do templo.

INTERVENÇÃO REALIZADA
NA IGREJA MATRIZ DE CAMINHA

A Igreja Matriz de Caminha é um imóvel classificado como Monumento Nacional por decreto de 16-06-1910. É um imóvel propriedade do estado e afecto ao IPPAR, em uso exclusivo do culto Católico.

O IPPAR candidatou a Reabilitação da Igreja Matriz de Caminha, ao III Quadro Comunitário de Apoio (2001-2004).


No âmbito desta candidatura desenvolveram-se várias acções com vista à reabilitação do imóvel desde 2001. Foi desenvolvido um projecto que contemplou uma 1.ª fase de trabalhos de construção civil e dado o elevado estado de degradação do monumento, realizaram-se trabalhos prioritários, nomeadamente, desmontagem do roda tecto da nave lateral que ameaçava ruína e limpeza e protecção do espólio existente no interior do monumento.

Executaram-se alguns levantamentos / estudos, com o objectivo de diagnosticar o estado de conservação do imóvel e definir a metodologia mais adequada à sua reabilitação. Destes podemos referir o levantamento geométrico da igreja, estudo sobre o comportamento ambiental, estudo da pedra e das madeiras.

De Fevereiro de 2002 até finais de 2003, desenvolveu-se a empreitada de construção civil que contemplou essencialmente:

1. Recuperação geral das coberturas

Antes de se proceder aos trabalhos de recuperação das coberturas, foi montada uma estrutura de cobertura provisória por forma a salvaguardar o edifício das águas das chuvas durante a recuperação das mesmas.

A recuperação e reparação dos telhados da Igreja, Sacristia, Capela Bom Jesus dos Mareantes e Torre Sineira, incluiu o levantamento e remoção de todos os elementos da cobertura existentes, nomeadamente, telhas, ripas e forros desde que não reutilizados, elementos de remate existentes, rufos, caleiras, etc.. Nestes trabalhos incluiu-se ainda a substituição das telhas existentes por telhas cerâmicas de capa e canal.

Os elementos estruturais da cobertura foram recuperados e os elementos em mau estado de conservação e irrecuperáveis foram substituídos por peças novas em madeira igual à existente.

Todas as madeiras (novas e existentes) das coberturas foram convenientemente limpas e escovadas e foi aplicado um produto de tratamento preventivo e curativo.

Foi substituído o sistema de drenagem de águas pluviais existente.

2. Recuperação da sacristia

A recuperação da sacristia compreendeu a substituição dos rebocos interiores, existentes no rés-do-chão, no 1.º piso da sacristia e no exterior, por reboco de cal tradicional.

Foi recuperada a parede divisória em estafe existente no piso superior da sacristia, assim como todas as portas e janelas. A estrutura de pavimento em vigas de madeira, existente no 1.º piso foi totalmente recuperada, bem como o soalho em madeira de castanho.

Foram executados todos os trabalhos necessários à conservação e restauro dos tectos e dos armários da sacristia.

No pavimento térreo, foi implementado, abaixo da cota do lajeado, um sistema de ventilação que contorna as paredes interiores. Este sistema tem como objectivo a redução do teor de humidade dos elementos construtivos causado pelas humidades ascensionais provenientes do terreno.

Foi removido o sistema de eléctrico existente e executado um novo sistema de iluminação, com a instalação do quadro eléctrico.

Foi instalado um W.C. de serviço, no local inicialmente ocupado por um cofre.

3. Interior da Igreja

No interior da Igreja efectuou-se a limpeza de todas as cantarias e tomação de juntas com argamassa bastarda à base de cal gorda. Foram executados os trabalhos de conservação e restauro dos tectos, bem como instaladas as infra-estruturas de detecção contra a intrusão e detecção de incêndio.

4. Exterior do Monumento

As cantarias exteriores de granito foram limpas de elementos vegetais, fungos e poeiras depositadas. As juntas foram refeitas com argamassa bastarda à base de cal gorda.

Desde 2001 que se tem vindo a desenvolver trabalhos de conservação e restauro no espólio móvel e móvel imobilizado. De entre este trabalhos podem-se destacar os seguintes:

- trabalhos de conservação e restauro de dois arcazes e respectivos espaldares e estrados, localizado no piso inferior da sacristia;

- trabalhos de conservação e restauro de um arcaz, respectivo espaldar, nicho e escultura, localizado no piso superior da sacristia;

- trabalhos de conservação e restauro de um cofre em ferro policromado da Sala da Confraria das Almas;

- trabalhos de conservação e restauro de dois confessionários oitocentistas;

- trabalhos de conservação e restauro do conjunto escultórico;

- trabalhos de conservação e restauro de um conjunto de castiçais, crucifixos e círios;

- conservação e restauro de uma bandeira processional;

- recuperação de um confessionário e de uma caixa de bandeiras;

- trabalhos de conservação e restauro de um fragmento de pintura mural existente na igreja;

- trabalhos de conservação e restauro de um silhar de pintura mural;

- trabalhos de protecção e de conservação dos portais em granito;

- conservação e restauro dos azulejos que revestem a nave da igreja (trabalho em fase de conclusão);

O projecto de reabilitação que tem vindo a ser desenvolvido desde a primavera de 2002 na igreja matriz de Caminha (Igreja da Nossa Senhora da Assunção, Monumento Nacional desde 16.06.1910, DG 136 de 23-06-1910),complementa-se desde Agosto de 2001 com um plano de intervenção arqueológica tanto no exterior como no interior do edifício, focalizado em dois objectivos:

Por um lado, os projectos de restauração integral e prolongada realizados nos edifícios históricos manifestam-se como uma das situações mais propicias para procurar da sua própria história ou de qualquer outro acontecimento histórico ocorrido na área onde se situa.

Por outro, uma vez que o restauro do monumento pressupunha sem dúvida acções que implicariam alteração profunda do subsolo (instalação de redes de saneamento, eléctricas, ventilação, etc.), resulta a imprescíndibilidade da realização de trabalhos arqueológicos prévios com o objectivo de valorizar o potencial arqueológico existente nesse subsolo, e preservar os vestígios exumados.

Previamente ao inicio das escavações arqueológicas procedeu-se a uma sumária compilação bibliográfica com a finalidade de conhecer melhor todo o processo construtivo e sua evolução. Um dos objectivos das intervenções arqueológicas seria precisamente confirmar, completar ou corrigir a informação existente nas escassas referências bibliográficas para o edifício dada a pobreza documental seria a arqueologia que devia proporcionar respostas a não poucos problemas suscitados a esta igreja e à sua envolvente. Até ao presente concluíram-se um total de 25 sondagens arqueológicas distribuídas no interior e no adro da igreja cujos principais resultados enumeramos na seguinte lista:

Exumação de restos da muralha medieval da Vila (séc. XIII), junto aos pés da igreja, aproximadamente a 5 metros da porta principal.

Identificação de um bairro de casas organizadas à volta da actual rua Nuno Alvares Pereira.

Num momento situado entre os finais do séc. XV e os inícios do séc. XVI, é iniciada a construção da actual igreja com características próprias do gótico final fortemente influenciada pelos movimentos artísticos existentes em Espanha à época.

Tanto no interior como no exterior foram exumadas várias sepulturas de diferentes épocas e características tipológicas.

Identificação de elementos arquitectónicos do inicio da construção reaproveitados mais tarde em anexos como é o caso da Capela da Nossa Senhora da Piedade.

Na actualidade desenvolvem-se trabalhos arqueológicos no interior da igreja e que visam preparar a próxima empreitada.

(IPPAR)

Breve resumo histórico da Igreja da Matriz em Inglês e Português

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