Oiço desabafos de gente que se queixa,
Em como nada, mas mesma nada, vai bem,
Não se passa uma hora, sem contrafeita,
Sem saques e assaltos que não deixam vintém.
Não existem sorrisos, nem ha mão estendida,
Impera a rudeza e as palavras incongruentes,
Jamais a hipocrisia deu tanto descôro à vida,
E se deambula pela vida, triste e maléficamente.
Andam cabisbaixos, pela rua, pela praça,
Cidadãos, trabalhadores, outrora sorridentes,
Mas que agora, conhecem a crise, a desgraça,
E se sentem à parte, desprotegidos, entrementes.
So se ouvem falas rudes, protestos e queixumes,
Até naqueles por natureza pacificos e calados,
A cujo dilema existencial se juntam agravantes ciùmes,
So porque vivem sem pão e se sentem abandonados.
Neste retroceder social, insuportavel e dissolvente,
A traça vai corroendo o tecido humano socializado,
Para o transformar em massa crua, incongruente,
Fora da produção, do tempo, relegada a perecer no ocaso.
Este enorme desdém, emana e aumenta indiferente,
Ar insipido, penetra as fibras e machuca os pulmões,
Acaba, impedindo o respirar e, por envenenar a mente,
Em acido venenoso provoca anemia e graves contusões.