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Caminha

"Entre Margens"

"Cultura, tradições e oferta turística durante quatro dias na cabeça do Minho (Caput Mini)", Francisco Caldas

A vila de Caminha vai assistir entre 17 e 20 de Julho a um encontro cultural e turístico, "com particular incidência no campo da música tradicional e no instrumento musical", revelou-nos Francisco Caldas, um dos entusiastas do "Entre Margens", que vai juntar portugueses e galegos da Ribeira Minho numa iniciativa que se pretende continuar nos anos futuros.

Encontro de Tocadores

Como resultado dos preparativos deste evento que pretende manter o ritmo de animação no concelho existente há mais de dois meses, foi proporcionada a possibilidade de incluir um encontro de tocadores e uma mostra de instrumentos musicais tradicionais, incluindo o seu fabrico e venda.

As associações "Pé de Chumbo", de Évora, e "Coreto", da Maia, costumam organizar encontros de tocadores, juntando-se a este evento organizado pela Musictrad, de Caminha - da qual Francisco Caldas faz parte -, Câmara Municipal e Junta de Freguesia de Caminha/Vilarelho, alargando-o a uma mostra de instrumentos e aulas de música.

Refira-se que o "Musictrad" foi criado há dois anos em Caminha, na tentativa de "revitalizar a música tradicional", com aulas e ensaios nas sedes das juntas de freguesia de Vilarelho e Caminha.

13 construtores de instrumentos presentes

Dos 55 construtores de instrumentos ("luthiers", palavra francesa pela qual são conhecidos) de diversos países, com particular incidência em Portugal e Espanha, 12 garantiram presença em Caminha nestes quatro dias, reservando espaço nas arcadas da Câmara e Capela da Misericórdia.

Gaitas de foles, sanfonas, cavaquinhos, adufes, bombos, pífaros, assobios, ocarinas e concertinas, poderão ser apreciadas e escutadas no "Entre Margens", havendo apenas a lamentar que o construtor de harpa celta, natural de Viana do Castelo, se tenha escusado a marcar presença, por ser "muito envergonhado".

Muita música tradicional está prometida para estes dias, com palcos na Praça Calouste Gulbenkian, junto ao Chafariz, Rua das Flores e Largo do Turismo onde os tocadores se exibirão, a par das arruadas pela vila e da ocupação do espaço em frente à Torre do Relógio, em que no final de cada noite, tocadores e bailarinos se juntarão, improvisando, neste encontro de tocadores

As tasquinhas e restaurantes manter-se-ão em funcionamento no Centro Histórico da vila, sendo distribuídas as tendas de artesanato, pintura, livros, por diferentes artérias, tendo ainda sido convidados todos os concelhos da Ribeira Minho, de Portugal e Galiza a fazerem-se representar com as suas lojas de turismo.

Os "work-shops" de bombos e fado, serão mais uma atracção mais neste Encontro de Tocadores, em que serão ministradas técnicas de concertina e dança, a cargo de António Fernandes, Artur Fernandes, Luís Moura e Desidério Afonso, Cantadeiras do Neiva, Sara Vidal (cantou muito tempo com os Luar na Lubre), cavaquinho e braguesa (ambos de Braga), gaitas de fole, com o Xistra, de Vigo, a par de Trovoadas galegas (bombos).

Francisco Caldas encontra-se ligado à música desde bem novo, como tocador de cavaquinho no desaparecido Rancho Folclórico do Grupo Juvenil de Caminha, passando pela Festada Portuguesa, após o que se seguiu "um interregno grande no campo da música".

Mais tarde, recebeu um convite do "ViraBombar", de Azevedo, para participar numas aulas de gaita galega, dadas por um professor de O Rosal que colabora com a Banda Musical de Lanhelas e toca no "Liralai", após o que Francisco Caldas decidiu comprar uma gaita de foles em Santa Maria de Oya.

Referências aos "Cinco Hermanos"

Do encontro com o professor galego, despertou o interesse deste caminhense pela gaita-de-foles, tendo como referências em Caminha os conhecidos "Cinco Hermanos". O pai de um deles, Jaime, que trabalhou numa fábrica de moagem, tinha ido trabalhar para Santa Maria de Oya e na casa em que se hospedou havia uma gaita-de-foles velha. O dono da casa vendeu-a por 2,5 pesetas a esse caminhense e, "nesse fim-de-semana, já veio a tocar alguma coisa para Caminha". O pai e os irmãos interessaram-se pelo instrumento e decidiram formar um grupo de músicos a que foi dado o nome de Cinco Hermanos, todos casados com galegas, daí o nome pelo qual eram conhecidos.

Xico Caldas revelou-nos que na obra intitulada Instrumentos Tradicionais Portugueses, de Ernesto Veiga de Oliveira, surge uma fotografia "com o senhor Rogério, o pai, e o Jaime, a tocar em Carreço, vestidos à galega a rigor, com sendo de um grupo galego que fazia intercâmbio com os portugueses, quando era precisamente o contrário", precisou.

Acrescentaria que um estudioso da música tradicional, Napoleão Ribeiro, por intermédio da rapariga galega que lhe construiu e vendeu a gaita de foles, ao saber da existência de uma flauta "que era do meu visavô", quis saber o que se passava com esse grupo dos Cinco Hermanos, porque pensava também que eram espanhóis.

Sobre testemunhos anteriores da existência de tocadores de gaita de foles na margem portuguesa, Francisco Caldas disse-nos não haver nada em concreto, com excepção de um pormenor da Igreja Matriz de Caminha.

Na entrada sul do templo, existe um anjo a tocar charamela, e que mais não é do que a gaita de foles sem o fole (uma ponteira), precisou este entusiasta da música tradicional.

Contudo, Xico Caldas mostra algumas reservas sobre este indício, atendendo à participação de pedreiros galegos na construção da Matriz.

Embora com características ligeiramente diferentes, a gaita de barquim - semelhante aos foles irlandeses em que o ar é insuflado com o braço, ao invés do sopro - é um instrumento do qual existem duas peças bem antigas, mas ainda em bom estado, na ribeira Minho portuguesa.

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Do Coura se fez luz. Hidroeletricidade, iluminação pública e política no Alto Minho (1906-1960)"
Autor: Paulo Torres Bento
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Da Monarquia à República no Concelho de Caminha
Crónica Política (1906 - 1913)

Autor: Paulo Torres Bento
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O Estado Novo e outros sonetos políticos satíricos do poeta caminhense Júlio Baptista (1882 - 1961)

Organização e estudo biográfico do autor por Paulo Torres Bento
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Rota dos Lagares de Azeite do Rio Âncora

Autor: Joaquim Vasconcelos
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Memórias da Serra d'Arga
Autor: Domingos Cerejeira
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