Estudadas as correntes e a sua evolução através de mais de um século, vamos analisar as consequências futuras do que se irá passar no litoral de Vila Praia de Âncora e Âncora, isto se não começarem a colocar novos esporões ou outra novidade.

Algumas situações serão quase imediatas, outras irão acontecer num prazo mais alargado. Claro que o mar terá de atingir uma certa energia, embora não haja necessidade de ser uma tempestade.

Embora existisse uma corrente longitudinal que se apresenta em toda a costa atlântica a correr de Norte para Sul e que dava origem à reposição do cordão dunar, a execução do cais Norte do Portinho, alterou-a, invertendo-a.

Tendo em atenção as alterações das correntes e muitas vezes a sobreposição das mesmas o cordão dunar dos Caldeirões e da Gelfa, conforme foi referido acima, começou a sofrer uma redução e, posteriormente, durante meia dúzia de anos, durante o Inverno, como o mar estava com mais força começou a sofrer uma erosão visível. Durante o Verão, como o mar estava mais calmo, havia um pisoteio dos veraneantes que amenizava a inclinação da duna.

De acordo com muitas crónicas que iam aparecendo em pequenos e controlados jornais locais, parece que toda a gente estava confiante em que tudo já estava sob controle. Até havia alguém que sugeria a construção de um hotel em pleno sapal. É certo que devia ser alguém que não percebe nada do assunto ou estava a brincar com os leitores.

Parece que os olhos dessas pessoas não conseguiam descortinar, primeiro, o emagrecimento da praia, e, na última fase, a erosão que se estava a fazer sentir.

Talvez por isso nunca vi ninguém preocupado em eliminar as acácias e a colocar mais uma paliçadas para elevar mais a duna nem a plantar o feno para a consolidar.

Via-se a criação de vias cicláveis (estava na moda), sem muito nexo. Era o gastar de dinheiro à toa, estando muitas delas, actualmente, já envolvidas pelas austrálias.

Após a análise das correntes litorais e da sua envolvência, os pontos críticos que já existiam foram ampliados prevendo-se um agravamento das consequências futuras.

Joaquim Vasconcelos
(Continua)