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"De Santa Marinha de Gontinhães a Vila Praia de Âncora" (1624-1924)

Foto António Garrido

300 Anos de História (Demografia, Sociedade e Família)

"Foi este o caminho que percorri até hoje", Aurora Rego

Ler o livro e consultar a base de dados genealógica anexa de mais de 3.000 famílias de Santa Marinha de Gontinhães a Vila Praia de Âncora (1624-1924), foi o conselho de Carlota Santos, orientadora do estágio de doutoramento da ancorense Maria Aurora Botão Pereira do Rego, o qual permitiu realizar um trabalho de investigação durante 10 anos e agora dado à estampa por iniciativa da Junta de Freguesia, na sessão de apresentação que teve lugar no passado dia 6 (dois dias antes do 8 de Julho, em que se a ssinalavam 89 anos da elevação a vila), no Centro Cívico.

3.000 famílias de ancorenses

Baseado na trilogia, demografia, sociedade e família, esta investigação sobre a fixação e evolução das famílias ancorenses, nomeadamente as que estiveram ligadas à actividade piscatória, cuja origem incidiu na povoação marinheira galega de A Guarda (sendo que António José Verde foi o primeiro a fixar-se na então Santa Marinha de Gontinhães, em 1825), permitiu à autora concluir que "afinal tenho uma família com mais de 12.000 pessoas com quem aprendi a viver diariamente" no decorrer dos estudos desenvolvidos nos arquivos paroquiais e bibliotecas que "percorri", salientou.

Aurora Rego considerou por isso "um dia importante e feliz para mim" a concretização e apresentação desta obra com quase 500 páginas recheadas de história que retractam o "aclaramento da identidade de cada um de nós" e ilustram "as nossas infinitas semelhanças", frisando que "Vila Praia de Âncora merecia" este estudo, tal como "os nossos ascendentes".

"Vou fazer uma pequena pausa e, depois, retomarei o meu caminho. Tenho outras ideias", assegurou, depois de lançar um desafio a futuros demógrafos para que prossigam estes estudos e que "nos incluirão a nós", pormenorizou.

A autora admitiu ainda que que se tratou de "um processo de reconstituição da paróquia de Vila Praia de Âncora", tendo aproveitado para destacar o empurrão dado pelo padre João Baptista (ex-pároco desta freguesia e que marcou presença na apresentação da obra), assim como a influência do seu primeiro professor de História (Francisco Sampaio) no enveredar por estes estudos. Não esqueceu a colaboração de Olinda Martins, directora do Arquivo Distrital de Viana do Castelo, e os seus orientadores de estágio.

Calcorrear V.P.Âncora e "conhecer" os antecessores

Fotos António Garrido

Esta sua investigação permitiu definir e caracterizar as vivências de muitos dos habitantes da vila, precisar as casas em que moraram, emigrações - nomeadamente para o Brasil e os sucessos ou insucessos (económicos) dessas viagens transatlânticas, bem como os que nunca mais voltaram - doenças e epidemias que dizimaram a população, naufrágios, assim como sinalizar aqueles que viviam do mar (os pescadores casavam jovens) ou da agricultura.

Fotos António Garrido

Aurora Rego quis ainda realçar a mudança operada com a passagem do caminho de ferro pelo interior da vila (1878), classificando-a como um "nova etapa" de prosperidade, com a vitalidade dada ao comércio e à "Praia de Âncora", assim como reputou de importante o aparecimento do primeiro jornal "A Voz do Âncora" e de diversas associações, sem esquecer a elevação a vila a 8 de Julho de 1924, pela mão do senador Luís Inocêncio Ramos Pereira.

"É um estudo profundamente democrático"

O facto deste estudo se ter baseado em "registos sacramentais" (baptismos, casamentos e óbitos) de todos os habitantes de Vila Praia de Âncora, reconstituindo as famílias ou paróquias, foi classificado pelo professor universitário Jorge Alves, da Universidade do Minho, apresentador deste trabalho, como "profundamente democrático" devido a não ter discriminado qualquer família.

Fotos António Garrido

Estudar os movimentos demográficos (no tempos em que não mandavam ninguém emigrar, mas isso sucedia por necessidade de sobrevivência individual) e analisar a constituição das famílias, são o "espelho" da investigação da doutora Aurora Rego, sublinhou este professor universitário.

Fotos António Garrido

Pormenorizou que nos tempos de forte fluxo migratório, a força das mulheres em casa aumentou consideravelmente, devido a que a população masculina foi a mais afectada por este fenómeno, registando-se então uma média de 67 homens para cada 100 mulheres, mas agravando-se o problema dos casamentos devido à falta de homens.

A relação entre o aumento da emigração e a fixação dos pescadores galegos foi outro dos pontos enfatizados por este docente universitário ao analisar a obra, atento ao envio para o Brasil e outros países americanos de filhos ainda bem jovens de famílias abastadas e daqueles que emigravam por necessidade imperiosa.

Elogiando a autora deste trabalho de investigação, Jorge Fernandes Alves aplicou um aforismo popular para rematar o seu comentário; "Quem meus filhos beija, minha boca adoça".

"Leiam o livro e consultem a base genealógica"

Carlota Santos, orientadora desta tese de doutoramento, após realçar a elaboração de uma basa de dados genealógica contida no CD que acompanha o volumoso livro, adiantou que este "é um trabalho que nunca mais acaba" através do cruzamento de vários dados das inúmeras famílias, atrevendo-se mesmo a afirmar que "são apenas a ponta do iceberg de muitos outros dados que não foram estudados", levando-a a desafiar a autora a realizar outros trabalhos complementares num futuro próximo.

"É um dia para não esquecer"

"Estou feliz ao ter nesta freguesia pessoas como a doutora Aurora", precisou Manuel Marques, presidente da Junta de Vila Praia de Âncora, a quem coube a decisão de editar o livro, sem esquecer outros autores cujas obras foram publicadas pela autarquia.

Marques - condiscípulo de Jorge Fernandes Alves, conforme ambos reconheceram ao encontrarem-se agora no lançamento deste libro -, comentando o trabalho da ancorense Aurora Rego e "os três séculos de história coberta de pó", manifestou a sua satisfação pela possibilidade que se abre a "quem teve cá os seus antepassados" e "saber como se fundou esta comunidade".

"Foi uma coisa lindíssima"

Flamiano Martins, em representação do município, após chamar a atenção para a presença de um representante da Alcaldia de A Guarda na sala, frisou a "interacção" existente entre as duas povoações no passado e aproveitou para falar do projecto "O Minho que nos une" e da candidatura do estuário a património da humanidade.

Martins considerou uma "honra" assistir a esta apresentação e classificou a intervenção da historiadora ancorense uma "separata do livro", definindo-a como uma "coisa lindíssima".

Manifestou-se convicto de que "ela continuará o seu trabalho de investigação".

Album completo de Fotos de António Garrido


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