O sol brilha resplandecente,
Para além da torre clerical do sino,
O dia mostra-se incandescente,
Antes que a noite indique rubro destino.
No céu azul algumas nuvens navegam,
Anuncio de mais um belo e alvo dia,
Nestas paragens aonde o homem e a charrua se atrelam,
Lavrar, gradar, semear e colher, são acções de economia.
Quando a industria passou a reclamar braços,
E o terciário se mostrou aguerrido concorrente,
A economia camponesa foi-se quedando de rasto,
O abandono, o desprezo, a inviabilidade, são nela patentes.
Portanto, o homem quer pão, alimento bem equilibrado,
Mas o cimento cobriu a verdura do campo e da montanha,
Chapa imensa com que a construção civil cobriu o extenso prado,
Nem os animais pastoreiam, porque entre rocha e betão não há baganha,
A destruição crescente, toma a mascara do inadiável progresso,
A real mentira e a hipocrisia são o arsenal da ignominia estatal,
O ministro, da republica, ou da monarquia, vive em esconderijo sem acesso,
O povo sem esperanças migra, para o desconhecido, muito além do Euro-Portugal.