O trabalho desenvolvido pelo Movimento dos Comerciantes e Empresários do Concelho de Caminha foi elogiado pela bancada do Partido Socialista, no decorrer da última sessão da Assembleia Municipal, mas Júlia Paula, presidente do Município, não apreciou as palavras da deputada municipal Sónia Lajoso e tentou recuperar para si (e para o seu Executivo) os louros dos eventos realizados por esse movimento.
Júlia Paula disse que "gosto muito de chamar as coisas pelos nomes e não deixo nada por dizer", acusando os socialistas de tentarem apropriar-se de um trabalho "que não é vosso". Assegurou que os empresários irão comprovar num futuro próximo a acção de "alguns actores no terreno" e das suas intenções, as quais, segundo frisou a autarca, "não eram de modo nenhum para defender os interesses dos empresários". Decidiu ainda fazer a destrinça entre empresários e comerciantes.
Continuando a responder às palavras da deputada socialista, resolveu fazer história, dizendo que "quando o Movimento dos Empresários foi constituído, esta câmara apoiou-o desde a primeira vez, não só a iniciativa, como todas as actividades que foram desenvolvidas".
No seu estilo habitual, Júlia Paula avisou os socialistas que "não pensem que se vão apropriar de eventos em nome de quem quer que seja". A autarca disse que nem o Movimento de Empresários, nem a Câmara, nem as juntas de freguesia de Vila Praia de Âncora e eventualmente a de Caminha permitirão quer isso venha a suceder.
Garantiu que não teria havido desfile de Carnaval se a Câmara de Caminha não apoiasse (nem a Junta), e o mesmo seria válido para a Mesa da Páscoa, e para as Marchas de S. João organizadas em Vila Praia de Âncora.
Após acusar o PS de "dividir" - ao contrário do que disse ser a política camarária, que pretenderia unir -, disse não perceber como é que depois de todas as reuniões mantidas com o Movimento de Empresários e dos reptos lançados - nomeadamente, constituindo-se em associação, de modo a "legitimar" os seus representantes -, isso não tenha sucedido ainda.
A autarca mostrou-se surpreendida com tal facto e interrogou-se sobre a "intenção de um qualquer movimento que não tem número de contribuinte, nem personalidade jurídica", adiantando ainda ser necessário saber o que se anda a dizer aos comerciantes e empresários das duas vilas, acrescentando que "as pessoas merecem respeito e dignidade e não são estúpidas". Profetizando, referiu que essas pessoas "daqui a uns meses vão perceber se foram usadas e ao serviço de que é que estiveram".
Nessa altura, saber-se-á quem são os autores, concluiu Júlia Paula, acreditando que, então, os comerciantes - que "já não se revêem nesta forma de organização", acentuou -, não gostarão de saber que "foram usados".
A autarca repisou que "o Movimento dos Empresários não é o Movimento dos Comerciantes" e que os empresários do concelho não se reduzem aos comerciantes das duas vilas, portanto, não será um "qualquer movimento" que representa as empresas do concelho, empresas essas que estima serem 600 no total.