Jornal Digital Regional
Nº 600: 8/14 Set 12
(Semanal - Sábados)






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RIO ANCORA CONTINUA ABANDONADO

A bacia hidrográfica do rio Âncora é um legado, que nos foi entregue pelos nossos antepassados, para o doarmos aos nossos filhos. É um espaço, que devido à sua biodiversidade, já esteve para ser integrado no grupo de áreas protegidas regionais.

Também é nele que encontramos alguns locais paradisíacos. Sítios que nos remetem às nossas raízes culturais, cujos habitantes (residentes), continuam a tratar a agricultura com carinho, não só como auto-suficiência mas fazendo disso o seu ganha-pão nestes dias difíceis.

Numa recente visita ao rio Âncora, encontrei margens vandalisadas, em que o dito estado de direito, é um papel só imposto aos pobres, o que nos remete para a inversão da tão apregoada democracia, que vendeu um dos países mais antigos do mundo, ao mais agressivo capitalismo, jamais visto.

Vi o nosso património abandonado, e senti o desconhecimento cultural de quem gere este espaço, deixa que muitos locais se degradem, devido a certas figuras de protecção "guarda rios" terem sido extintos, bem como à falta de uma justiça, dando origem a um País em que ninguém se preocupa em fazer cumprir as regras básicas da democracia, ou que a vergonha deixou de ser uma regra básica, do cidadão educado.

Como o Vale do Rio Âncora, sempre foi secundarizado pela beleza da praia de VP Âncora, esquecendo-se que o suave declive daquela só foi conseguido porque de facto esse rio existe, e a sua qualidade só foi mantida enquanto esse vale foi preservado.

Criaram-se diversas figuras de protecção para travar a falta de respeito daqueles que teimam em destruir as margens do rio Âncora, no entanto, os actuais donos do dinheiro, que até se dizem democratas, teimam em destruir as margens e poluir o próprio rio Âncora. Todos os ancorenses e visitantes que se procuram deliciar no areal, denominado "praia das crianças", vêem-se privados da "bandeira azul" e da qualidade das suas águas, devido a uma série de "estrangeiros estarem a destruir a biodiversidade e a poluir as margens deste rio.

Torna-se pois incompreensível que existindo diversas figuras de protecção, "rede Natura, reserva Ecológica ou reserva Agrícola", as entidades responsáveis continuem a permitir que se façam os maiores disparates nas suas margens, desde utilização da sua água para rega de campos, sem licenças, e encherem as piscinas que se localizam nas suas margens. Nestes casos após a sua utilização, são lançadas novamente para o rio, já com uma série de químicos sem nunca serem responsabilizados. Como agora dizem desde que haja dinheiro, há sempre uns alçapões na legislação, para "safarem" os amigos.

Devido ao abandono a que tudo se encontra, também tivemos oportunidade de ver a falta de manutenção de uma série de açudes, que poderão, a breve prazo, desaparecerem.

No leito do rio encontra-se um número considerável de árvores caídas, que se não forem retiradas, com o arrasto das raízes vão destruir as margens. Ninguém está disposto em limpá-lo, mesmo a associação que adquiriu a "concessão para a pesca" do rio Âncora não sei por quantos anos.

É lamentável o que se está a passar nas margens deste rio, pois estão sempre a surgir construções e mudanças de destino de moinhos, ninguém sabe com que licenças, destruindo as margens e poluindo o rio com as águas residuais.

É o desacreditar de uma nova filosofia politica, onde, pelos vistos só mudaram os actores.

Nunca, o Vale do Âncora sentiu tanto o peso da ignorância, e a falta de respeito daqueles que se dizem democratas.

Joaquim Vasconcelos