Correntes de ar perfumado inundam a atmosfera,
Vindos do mar, esbatem nos montes e contrafortes,
Arejando o ambiente infundem nos vales na floresta,
Sacudindo as chamas e reacendendo velhos archotes.
Por vezes são ventos de limpeza, ares renovadores,
Que apagam luzes e acabam reacendendo tições,
Dai que se oiçam gritos e exprimam clamores,
Por quem se sente ferido por labaredas e contusões.
Estado de desvairo alastrante, tristeza inconfundível,
Se apodera das gentes desamparadas, tomadas pelo medo,
E quem não teme o fogo, devastador inverosímil,
Todos os que não são incendiários nem querem enredos.
Mas há quem assim não pense e cometa o crime,
Certamente porque é doente mental, desvairado,
A menos que esteja a serviço do que rouba e oprime,
De seita criminosa, que não olha a quem fica sem telhado.
Mas os nossos montes vivem esquecidos, na solidão,
A floresta deixou de ser assistida e tratada a preceito,
Os serviços estatais acabaram com a vigília e a protecção,
Assistimos impotentes a uma grave situação de desleixo.
Os detentores de coutos e matas, nada se prezam fazer,
Nem entendem os inconvenientes de tal misero procedimento,
Só sabem ter títulos de propriedade, para eventual receber,
Nada os incomoda, vivem sem contrição, nem social aferimento.