Um planeamento deficitário deu origem a uma impermeabilização dos terrenos, nas proximidades da ETAR da Gelfa (zona Industrial de Ancora, parque de campismo, urbanização da Gelfa, etc.), criando uma sobrecarga das águas pluviais de superfície, que foram direccionadas para regueiros que se encaminham para a Mata da Gelfa.
Tendo em consideração que a rede de A.R.D., se encontra sub dimensionada, e tendo em atenção que, parte das águas residuais pluviais estão canalizadas para a rede de saneamento, este Inverno, havia algumas das estações de bombagem, que devem ter deixado de funcionar e lançavam esses resíduos para as linhas de água através dos colectores de descarga.
Na ETAR da Gelfa vi equipamentos parados parecendo não estarem a funcionar; os tanques de secagem, sem resíduos, e os tanques de infiltração secos, enquanto tudo à volta daquela, estavam cheios de lagos provenientes de toda essa descarga de A.R.P. para a mata da Gelfa e da mistura da ETAR que tem o seu tubo de descarga escondido aos olhos dos menos curiosos, também a debitar a sua cota parte.
Compreende-se agora a razão dos serviços responsáveis terem vedado o acesso automóvel, possivelmente para evitar que algum veiculo motorizado se pudesse atolar no lago de porcaria existente no interior da mata topo Sul, durante o Inverno ou quando chove muito.
É lamentável ver uma mata, onde foram gastos milhares de "contos", abandonada, com parques de merendas escondidos no interior de um manto de erva, um circuito de manutenção com equipamento de madeira que foi deixado degradar-se e cair de podre.
Quanto ao circuito de natureza que também foi abandonado, deixaram que esse equipamento se degrada-se.
Portanto à boa maneira "portuguesa", a manutenção foi esquecida, e a degradação tornou-se uma realidade.
A área onde estava previsto implantar uma cobertura arbórea diversificada está repleta de acácias.
Tudo isto leva-nos a pensar que estamos perante a ampliação da ETAR da Gelfa.
O cordão dunar, encontra-se também coberto por acácias, que estão a fragilizaquela, tornando a situação extremamente preocupante, tendo em atenção a intensa erosão a que está sujeita.
Há muitos anos que aquela duna devia ter sido protegida eliminando as acácias que as cobria em vez de andarem a fazer "ciclo vias", sem nexo não existindo um planeamento de interligação com outros serviços (interfaces), mas isto é um outro assunto.
Agora julgo ser tarde, pois numa extensão de mais de 100m do topo Norte da duna da Gelfa, a largura do pico daquela até ao limite da rampa, anda à volta de dois a três metros e tem estado a ser desgastada na sua base o que pressupõem a sua eliminação talvez já no próximo ano a não ser que os responsáveis consigam ter capacidade de eliminar o real problema daquele desgaste dunar.
Afinal quem são os vândalos?
Aqueles que:
1 -Deixaram chegar ao ponto de abandono de todo o equipamento da mata da Gelfa, e;
2 - E os que deixaram degradar um património dunar com centenas de anos, que funcionava, em primeira análise, como barreira de protecção do continente à invasão marinha.
No que diz respeito a este ultimo assunto, se não eliminarem o problema real a destruição desta duna vai continuar a dar origem a um avanço rápido do mar, sobre a referida mata.