www.caminha2000.com - Jornal Digital Regional - - Semanário - Director: Luís Almeida

1ª Pág.
Cultura
Desporto
Óbitos
Política
Pescas
Roteiro
Ficha Técnica
Edições C@2000
Assinaturas
Email

A sombra do "Bloco"
que incomoda Júlia Paula

O Bloco de Esquerda e a possibilidade de um entendimento à esquerda em Caminha nas próximas eleições autárquicas pairou como uma "sombra" na última reunião do Executivo.

Mais ninguém falou no assunto mas, ignorando o despropósito de um tema completamente alheio à discussão das contas do município, Júlia Paula fez várias referências ao BE e ao que acha que fará parte dos argumentos da futura campanha eleitoral. Ficou sem resposta por parte dos vereadores do PS, que entenderam não contribuir para o monólogo, mas evidenciou um certo "incómodo". Isto aconteceu, por coincidência ou não, no mesmo dia em que o jornalista Daniel Oliveira publicou na edição online do semanário Expresso um artigo de opinião elogiando a possibilidade do entendimento à esquerda no concelho de Caminha e classificando a gestão de Júlia Paula como "três mandatos consecutivos de poder incompetente num concelho em crise".

Júlia Paula tentou colar os argumentos elencados pelo socialista Jorge Miranda, na apreciação negativa que fez do documento de prestação de contas do ano passado (ver peça), a uma suposta influência do Bloco de Esquerda.

O tema campanha eleitoral não fazia parte da agenda, mas foi levado para a reunião do Executivo pela autarca, que disparou no sentido do BE e do PS. Insinuou que os bloquistas querem o poder à custa dos socialistas e deixou uma espécie de "aviso" ao PS.

O estranho caso do elogio rasgado aos vereadores socialistas

Júlia Paula acabou, aliás, por ensaiar uma estratégia nova (tipo dividir para reinar) elogiando, no documento de prestação de contas e na reunião, os vereadores socialistas, facto de que não há memória. "Vocês até são extremamente simpáticos e cordiais" disse, admitindo mesmo que, sendo "filósofa" e não sendo nenhum dos restantes vereadores formado em matéria de economia, "quem mais percebe disto" (contas), em sua opinião, será a vereadora Teresa Guerreiro!

Nas palavras da presidente da Câmara de Caminha, os vereadores demonstraram sempre grande empenhamento e uma verdadeira dimensão democrática nas discussões, embora acaloradas, sem que isso tenha qualquer reflexo pessoal.

Mas, disse Júlia Paula dirigindo-se a Jorge Miranda: "transmitem-lhe música de ouvido (…) só destroem porque estão aliados ao BE que (…) quer poder". Ficou sem resposta, embora se comentasse após a reunião que a situação do Governo de Passos Coelho poderia ter sido usada como pedra de arremesso, designadamente o facto do PSD se juntar ao CDS-PP (que de outra forma não chegaria ao Governo e ao poder), e assim, como no caso do PS, isso poder significar, por analogia com os argumentos da autarca, uma influência e uma ânsia de poder até de ambos os partidos.

Seja como for, Júlia Paula não conseguiu resistir ao tema "autárquicas" e não se coibiu de lançar várias "indirectas" ao candidato do PS, com alusões a Lisboa (de onde ela é natural) e à Câmara de Lisboa, que chegou a querer, a dado passo, comparar com a de Caminha. Ficou-se pelas insinuações e não concretizou nada, mas "ameaçou" voltar ao tema no futuro.

O "fantasma" que veio do Expresso

A reunião extraordinária de ontem aconteceu horas depois da publicação do artigo de Daniel Oliveira no Expresso, coerente com a posição já assumida e que encontra eco na própria reacção do Núcleo de Caminha do BE. Recorde-se que o jornalista Daniel Oliveira, ex-militante histórico do BE abandonou o partido recentemente, com uma dura carta em que acusou os seus dirigentes de sectarismo político e criticou as últimas opções políticas, designadamente a estratégia para as eleições autárquicas.

Em seu entender, o BE "deveria estar aberto a várias formas de participação executiva autárquica", incluindo a participação "em executivos que podem ou não ser liderados por outros partidos." Mas afirma que o partido não só recusa essa estratégia como "a escolha de alguns candidatos obedeceu a lógicas de mera luta interna entre correntes".

O artigo de ontem vem, assim, de encontro à posição assumida e dá Caminha como exemplo de uma estratégia séria e desejável que entende deveria ser seguida a nível nacional: "Enquanto os partidos da oposição não perceberem que vivemos mesmo num momento de emergência nacional, em que são chamados a cumprir um papel histórico que, como sempre acontece nestas alturas, lhes pode correr mal, estaremos condenados a esta agonia", escreve, para concluir: "Certo, nesta crise, é que o caminho actual nos matará".

Caminha, destaca, ensaiou o que é a estratégia certa na sua opinião, mas, lamenta, não mereceu o apoio das estruturas nacionais, embora o resultado seja um previsível prejuízo para o partido a nível local: "O resultado será que o Bloco provavelmente nem concorrerá naquele concelho".

"Poder incompetente (PSD) num concelho em crise"

Para o articulista, "Se um entendimento à esquerda é impossível, por razões de estratégia nacional, numas eleições locais, onde as divergências programáticas e ideológicas são muito menores, para derrotar o PSD, há três mandatos consecutivos de poder incompetente num concelho em crise, quando tem ali existido uma razoável convergência entre os partidos da oposição (sendo que a proposta de coligação nasceu do BE local), imaginem no País".

Daniel Oliveira, jornalista distinguido com o Prémio Revelação Gazeta, é autor e fundador (com Rui Tavares, André Belo, Celso Martins e Pedro Aires Oliveira) do "Barnabé", um dos blogues que atingiu maior notoriedade na blogosfera portuguesa, escrevendo hoje no blogue "Arrastão", onde também está o artigo a que fazemos referência. É no sítio http://arrastao.org/

Recorde-se que Daniel Oliveira é comentador residente do programa da SIC Notícias "Eixo do Mal". Trata-se de um programa com a duração de 50 minutos, onde se discute a actualidade política, social e cultural do país.

O "Eixo do Mal" vai para o ar todos os sábados, alguns minutos após a meia-noite, com repetição aos domingos depois das 16h00 e de madrugada, na SIC Notícias. Daniel Oliveira partilha o programa com Clara Ferreira Alves, Luís Pedro Nunes, Nuno Artur Silva e Pedro Marques Lopes.


Edições C@2000
Do Coura se fez luz. Hidroeletricidade, iluminação pública e política no Alto Minho (1906-1960)"
Autor: Paulo Torres Bento
Edição: C@2000/Afrontamento
Apoiado pela Fundação EDP

Da Monarquia à República no Concelho de Caminha
Crónica Política (1906 - 1913)

Autor: Paulo Torres Bento
Edição: C@2000


O Estado Novo e outros sonetos políticos satíricos do poeta caminhense Júlio Baptista (1882 - 1961)

Organização e estudo biográfico do autor por Paulo Torres Bento
Edição: C@2000


Rota dos Lagares de Azeite do Rio Âncora

Autor: Joaquim Vasconcelos
Edição: C@2000


Memórias da Serra d'Arga
Autor: Domingos Cerejeira
Edição: C@2000

Outras Edições Regionais