Jornal Digital Regional
Nº 592: 16/22 Jun 12
(Semanal - Sábados)






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PRAIA DE VILA PRAIA DE ÂNCORA
E

RIO ÂNCORA SÃO INSEPARÁVEIS

O Rio Âncora tem uma extensão de quase duas dezenas de quilómetros, é pouco caudaloso, especialmente no Verão, e vai-se espraiar no fino areal da praia de Vila Praia de Âncora.

Essa interligação forma um cenário realista, onde o meandro do final do curso do rio forma uma fina película de água que é absorvida pelas águas do oceano.

É neste meio singular, que as crianças gostam de brincar, sem perigo, tanto nas águas do rio como nas ondas, especialmente na baixa-mar. Aí se sentem grandes, porque podem entrar no mar ao longo de algumas dezenas de metros, sempre que este está calmo, de uma forma alegre e despreocupada. É por isso que os maiores, desde há muitos anos, lhe chamam "praia das crianças", como ainda hoje é conhecida.

Essa designação vem dos tempos em que não havia rede de saneamento, nem tão pouco de distribuição de água ao domicílio.

Os tempos de hoje são outros. O número de edifícios expandiu-se, e as necessidades também. Ao contrário de outrora, as preocupações do presente multiplicam-se: as ruas têm que ter dimensões para circulação de veículos motorizados, há que proceder à recolha do lixo que produzimos, é indispensável a água canalizada nas nossas casas, são exigidos coletores de efluentes poluídos que é necessário purificar para serem devolvidos ao meio aquático, etc..

É, especialmente nesta matéria, que importa ter soluções, para que estes fluidos poluídos sejam objeto de tratamentos rigorosamente eficazes de modo a não poluírem os meios onde são lançados.

Parece que neste concelho e neste País não há a coragem de encarar com realismo esta situação, tão séria e tão grave, preferindo os autarcas e governantes adiar tudo, esconder e camuflar, recorrendo a argumentos simplistas, alguns mirabolantes, falaciosos e sem nexo, em vez de irem à raiz, ao fundo da questão e rapidamente.

Numa primeira fase longínqua, pelos anos setenta do século passado, construíram uma ETAR no Pinhal da Gelfa, mas os resultados foram nulos, e durante muitos anos os efluentes de saneamento, no período de Verão, eram bombeados para a mata da Gelfa, formando uma área pestilenta, e nos restantes meses do ano iam para o rio.

No ano de 1994, ainda na área da Gelfa, entra em funcionamento uma nova ETAR com equipamentos mais atuais. As informações eram favoráveis, e até garantiam que a água lançada no rio se poderia beber. Conforme íamos aumentando os nossos conhecimentos tão íamos compreendendo que nessa época já havia equipamentos mais eficazes, e possivelmente o valor global da ETAR até poderia ter sido inferior. Mas o que é facto é que se optou pelo que estava em voga na época.

Algumas inovações foram introduzidas nestes últimos 18 anos de atividade, na perspetiva de melhorar as condições de tratamento do efluente final, mas aquele que é lançado no rio, não satisfaz os parâmetros previstos para salvaguardar a saúde pública em determinados períodos, e isso vem preocupando cada vez mais os utentes da praia e todos aqueles que vêm sendo prejudicados, ano após ano.

Além do já referido, há que considerar a poluição das estações de bombagem, pois podendo ser esporádica, e menos falada, a verdade é que, em caso de avaria ou falta de energia, tem a sua descarga de emergência ligada para o rio e, para amenizar essa possibilidade, não estarão essas estações devidamente preparadas.

O NUCEARTES questiona se, decorridas quase duas décadas, a ETAR não estará subdimensionada? - Será que os diversos parâmetros, inclusive o caudal mínimo considerado, são os aconselháveis? - Não estará o equipamento obsoleto?

Opinamos que o tratamento final dos efluentes na ETAR só pode considerar-se satisfatório se o "sistema de controlo de poluição", aferido para os parâmetros reais dessa "ordem", dá efetivas garantias, para que o fluido possa ser descarregado no rio. Temos de compreender que o caudal do nosso rio não polui por si só.

No mínimo, à saída da ETAR deveria haver um sistema de purificação final do efluente de tal modo que o controlo de abertura só fosse acionado automaticamente quando o efluente final tivesse a poluição admissível em função do caudal mínimo do momento.

No presente, as águas do rio Âncora estão límpidas, e assim se devem manter todo o ano.

Defendemos que se deve refletir sobre soluções alternativas ambientalmente sustentáveis para erradicar todo e qualquer foco de poluição do caudal do Rio Âncora.

O NUCEARTES considera que o ano de2011 foi marcante pela negativa. Depois de uma série de anos sem bandeira azul, eis que nesse ano é içada e é arriada. Os Ancorenses querem que neste ano de 2012 se tomem as medidas tecnicamente ajustadas, para que estes problemas se possam solucionar de forma definitiva.

NUCEARTES (Junho 2012)