A nova creche do Centro Social e Cultural de Vila Praia de Âncora inaugurada no passado dia 30 de Novembro por Manuel Marques, secretário de Estado da Segurança Social, vai permitir o apoio diurno a 66 crianças, enquadradas por sete educadoras e oito auxiliares.
A construção do edifício importou em 546.500€ e o seu apetrechamento custou 650.000€, despesas suportadas em 77% pelo Estado através do Programa "Pares", correspondendo os restantes 23% à instituição ancorense.
Um ano e oito meses depois do lançamento da primeira pedra, o edifício de dois pisos construído na freguesia de Vile, na divisória com as freguesias de Riba d'Âncora, Vila Praia de Âncora e a 100 metros da de Âncora encontra-se pronto a funcionar, evidenciando uma múltipla policromia das suas salas (daí resultando o nome que lhe foi dado: "Mundo Colorido").
"Equipamento colectivo de grande importância"
José Luís Presa, presidente da Direcção do Centro Social e Cultural de Vila Praia de Âncora (CSCVPA), historiou o processo de construção de um "equipamento colectivo de grande relevância", considerando que está bem localizado, central e "equidistante das freguesias do Baixo Vale do Âncora".
Salientou o tempo que o tribunal demorou a decidir pela transferência da titularidade do terreno para a posse do CSCVPA, frisando que com a construção da creche "foi dado um destino digno ao terreno" de acordo com o desejo dos fundadores da extinta colectividade ancorense, a Sociedade Recreativa de Vila Praia de Âncora, antigos donos desse espaço.
Esta nova creche vai abrir dentro de alguns dias mas, a plenitude do seu funcionamento só se registará no próximo ano, em que contam com a inscrição de 66 crianças
O presidente do CSCVPA pediu ainda apoio da Segurança Social para a cobertura de apoio domiciliar a 40 utentes, cuja candidatura, numa primeira instância, fora recusada.
"Famílias necessitam de creches"
Esta nova valência do CSCVPA foi recebida com agrado pela Câmara de Caminha, conforme o expressou o vereador Flamiano Martins (representante do município no acto de inauguração), atendendo a que "as famílias necessitam das creches".
Assegurou que o Executivo se encontra atento aos pedidos desta instituição ancorense no intuito de apoiar também os idosos, tendo aproveitado a oportunidade para solicitar a melhor atenção ao representante do Governo na inauguração, ao pedido de assistência a mais 40 utentes nos seus domicílios.
Não deixou passar em claro o facto de a autarquia que representava pretender pôr em funcionamento o novo jardim-de-infância de Vila Praia de Âncora já no próximo ano lectivo, representando um investimento de 1,2 milhões de euros.
Apoio ao turismo residencial
Sem deixar escapar a sua predilecção por temas de âmbito turístico, Francisco Sampaio, presidente da Assembleia Geral do CSCVPA, recordou que turistas estrangeiros com residência nesta zona, nomeadamente através da recuperação de pequenas quintas, lhe fizeram sentir a falta de equipamentos onde pudessem deixar os seus netos.
Definiu por isso como "meritório" o trabalho nesta área desenvolvido pela instituição desde que surjam "os necessários apoios", concluiu.
Estado parceiro do CSCVPA
A qualidade da obra e a aposta do Governo na ampliação da rede de creches em todo o país, estiveram na tónica da intervenção do secretário de Estado Pedro Mendes.
Destacou o papel do Programa "Pares" nesta política de apoio à natalidade, dando como exemplo o aumento em 50% em cinco anos destes equipamentos, resultando em 400 novas unidades de apoio à infância, significando que mais 17.000 crianças puderam beneficiar delas.
Garantiu a colaboração do Estado no funcionamento destas creches que equivaleram a um investimento de 700 milhões de euros, permitindo que a rede de creches tivesse atingido as 700 unidades, aproximando-se das exigências da União Europeia nesta área.
Acrescentou que estas creches representam mais "igualdades de oportunidades para o mundo do trabalho", cabendo ao Estado investir 240€/mês em cada criança, de acordo com os protocolos de colaboração estabelecidos com as diferentes instituições.
CSCVPA atento a 2011
No dia seguinte à inauguração, realizou-se uma assembleia geral do CSCVPA destinado à aprovação do Plano de Actividades e Orçamento para 2011, atendendo a uma exigência da Segurança Social que pretende que as associações e instituições de solidariedade social apoiadas por si, tenham estes documentos aprovados até ao final de Novembro, acompanhados de um parecer favorável dos respectivos conselhos fiscais.
No próximo ano, serão movimentados 924.000€ nas diferentes valências do CSCVPA, prevendo-se um apoio a 341 utentes, entre crianças e idosos.
Apesar de ter terminado o apoio proveniente de uma candidatura do Programa Integrar destinado às vítimas de violência doméstica, este centro social ancorense está a desenvolver contactos com o Centro Distrital de Segurança Social de Viana do Castelo de modo a permitir o funcionamento desta valência através de "um acordo de cooperação atípico".
O empenhamento desta instituição na Rede Social Concelhia será outra das prioridades em 2011, segundo revela o documento (relatório) aprovado nessa reunião, a par do "trabalho de qualificação das respostas sociais", reforçado pela apresentação de uma candidatura à Rede Europeia Anti-Pobreza que representará benefícios da "formação para os seus colaboradores e órgãos sociais".
As comemorações do 27º Aniversário do CSCVPA deverão ser aproveitadas para a publicação de uma monografia, enquanto que o Museu do Vale do Âncora/Centro de Interpretação apostará na recolha de mais espólio, ampliação e colaboração com o NAAIA de Afife, dilatação do seu período de abertura para além do verão e aquisição de mais mobiliário "específico" para a sua sala de trabalho.
Dentro de um programa de várias obras de beneficiação e manutenção das suas instalações, está previsto climatizar o auditório e salão nobre. A compra de mais uma carrinha destinada ao apoio domiciliário é outro dos desideratos para o próximo ano.
Prevendo-se um ano difícil no campo social, Francisco Sampaio, presidente da AG, perguntou à Direcção se estava preparada para dar resposta a novas situações. A falta de uma maior ampliação de apoios da parte da Segurança Social poderá acarretar dificuldades "num período que se adivinha complicado", referiu a propósito José Luís Presa, que pretende reforçar o apoio domiciliário com recurso a receitas próprias provenientes das contribuições dos utentes e das rendas da instituição.
A propósito, foi discutida a hipótese de o CSCVPA aderir à iniciativa de recolha dos restos de comidas dos restaurantes que uma associação do sector já lançou, pese embora algumas reticências que utentes colocam a este tipo de apoios, ou mesmo à recolha de produtos disponibilizados por superfícies comerciais com apenas um ou dois dias fora de prazo, sublinhou o presidente da instituição ancorense.