A Câmara de Caminha considera que a Administração Regional de Saúde do Norte não está a cumprir o protocolo acordado em Junho de 2007 e assinado em Agosto do ano seguinte, respeitante à introdução de algumas mudanças no Centro de Saúde (CS), da quais, a mais relevante foi a substituição do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) pelas designadas consultas abertas e a criação de uma Unidade Móvel de Saúde (UMS).
Nessa altura, Júlia Paula, presidente do município caminhense, no decorrer de uma conferência de imprensa conjunta destinada a divulgar a "reestruturação" prevista então para o Centro de Saúde, sublinhou que "temos a obrigação de confiar nas instituições e na boa-vontade das mesmas", razão pela qual aceitara subscrever esse protocolo porque, aduziu, "confio na responsabilidade, no conhecimento e nas boas intenções quer dos responsáveis da Sub-Região de Saúde de Viana do Castelo quer do Centro de Saúde de Caminha".
Contudo, um ano depois, a Câmara de Caminha surge a criticar o incumprimento do protocolo.
Paulo Pereira, responsável pela saúde no executivo camarário, na última reunião camarária, denunciou o incumprimento desse acordo.
Disse que a Unidade Móvel de Saúde se encontra paralisada há meses, não integra qualquer médico e nos primeiros meses de actividade (segunda metade de 2008) se limitara a realizar inquéritos nas populações interiores, deixando de fora as freguesias mais populosas do litoral.
Na sequência da denúncia, Amílcar Lousa, vereador socialista e, simultaneamente, director do Centro de Saúde de Caminha, respondeu ao edil social-democrata, referindo que tinha falado pessoalmente com a presidente do município, a quem expusera a situação.
Em Janeiro deste ano, a UMS tivera um acidente em Dem devido ao mau tempo, recusando-se a enfermeira que integrava esta UMS (juntamente com uma auxiliar de saúde e o motorista disponibilizado pela câmara) a continuar a elaboração de diagnósticos de saúde enquanto que o tempo não melhorasse.
Durante este período, Amílcar Lousa, tinha-se comprometido perante a presidente a interceder junto dos médicos para que integrassem esta equipa (o que não está explícito no protocolo assinado), o que não teria conseguido, já que a isso não eram obrigados.
Quando se preparava para reatar o serviço, a enfermeira recusara-se a prosseguir essa actividade, levando-o a encontrar uma substituta, ao mesmo tempo que insistiu junto dos médicos para que viessem a integrar a equipa da UMS.
Terá conseguido, mas perante a redução de consultas, o que levará ainda algum tempo a concretizar, devido às marcações que eles já possuíam no Centro de Saúde.
A troca de ofícios ou a falta de respostas entre o Centro de Saúde e a Câmara mereceram acusações recíprocas, ficando também a saber-se que um ofício enviado pelo CS à ARS Norte expondo o impasse ainda não merecera resposta, tendo acusado de indignidade a posição de Paulo Pereira, pelo facto de ter intervido daquela forma, uma vez que ele era um profissional de saúde.
Paulo Pereira insistiu que o protocolo com a ARSNorte não estava a ser cumprido, razão pela qual solicitara através de ofício, explicações, adiantando que em concelhos socialistas as UMS funcionavam correctamente e com médico, no que foi contrariado por Lousa, assegurando que nenhuma delas integrava qualquer clínico.
"GOVERNO MENTIU"
Júlia Paula interveio na discussão, reconhecendo que Lousa tinha reunido com ela e apresentara as dificuldades em implantar o novo sistema de apoio móvel, mas assegurou que o Ministério da Saúde "enganou os autarcas de uma forma inqualificável", ao estar apostado nos inquéritos e não disponibilizar médicos, realçando que o executivo até se tinha disponibilizado para arranjar uma viatura que elaborasse os inquéritos (Lousa chamou-lhes diagnósticos) junto da população, de modo a libertar a UMS para o apoio domiciliar aos idosos e carenciados.
Lousa insistiu que não havia condições para contratar mais médicos, devendo agora aguardar-se que os que trabalham no CS esgotem as suas consultas já marcadas para integrarem a equipa da UMS, insistindo que as condições em que laboram noutros concelhos são idênticas às de Caminha.