![]() Jornal Digital Regional Nº 444: 13/19 Jun 09
(Semanal - Sábados) |
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"Ruas de Caminha"
O lançamento do livro "Ruas de Caminha - Toponímia e História da Vila da Foz do Minho", da autoria do prof. Paulo Torres Bento, foi integrado no Arraial Minhoto deste ano do Agrupamento de Escolas Coura e Minho.
O acto decorreu sob as arcadas dos Paços do Concelho, na tarde do passado dia 6, constituindo uma autêntica lição de história local, resultado de cinco anos de investigação levada a cabo pelo autor, o qual, além de consultar diversa imprensa regional e textos originais, leu todas as actas camarárias dos últimos 200 anos. 54 RUAS
O contributo dos alunos da escola que se integraram no projecto, responsáveis por entrevistas e visitas às 54 ruas de Caminha, mereceu palavras de apreço por parte do autor, tendo em vista a exigência histórica que o trabalho revelou. Paulo Bento aproveitou a ocasião para realçar esta "obrigação quase cívica" que é exigida aos professores, na consecução de iniciativas como esta e, muitas outras pelo país fora, em contraste com quem quer torná-los em meros professores-funcionários, provando-se assim a sua "capacidade produtora". CRONISTAS CONCELHIOS
Recordou os passos dados ao longo destes anos, as fontes em que se baseou (citou Rocha de Morais e dois cronistas concelhios quase desconhecidos, os lanhelenses, Bento Barbosa Caldas e seu filho António Joaquim Caldas), as pessoas com quem conversou, os arquivos e bibliotecas consultados. Reconheceu haver uma "falha" de historiadores locais nos últimos vinte anos, desde que a Revista Caminiana deixou de ser publicada, e lançou o repto aos poderes locais para que reedite as obras do engº Jorge Avilez, dispersas por diversas revistas. "Se não se avança rapidamente, apenas nos repetiremos -e com erros", avisou. Se a pesquisa de elementos que fundamentaram este trabalho durou cinco anos, a escrita e recolha iconográfica levou apenas cinco meses, o tempo necessário para que a obra fosse dada à estampa e integrada na festa de final de ano do Agrupamento Escolar Coura e Minho, com o patrocínio da Junta de Freguesia de Caminha que a custeou. "ESTE LIVRO VALE PELO SEU CONTEÚDO"
Na sua alocução, Paulo Bento incitou os presentes a que leiam o livro, por entender que ele "vale pelo seu conteúdo", desenganando-se quem pense que se trata de um "simples roteiro" ou de um "agiógrafo de personalidades da terra", apesar de conter uma listagem de todos os presidentes de câmara e de comissões executivas desde 1834. Plantas e panorâmicas da vila de Caminha, recolha iconográfica (alguma inédita) e suas biografias e topónimos desconhecidos para a generalidade dos caminhenses, estão plasmados nesta obra. QUELHA DO REPUXO É UM ÍCONE
Aproveitou para citar alguns dos nomes pelos quais foram conhecidas diversas ruas da vila e a sua importância ao longo dos séculos, dando como exemplo a Quelha do Repuxo ("É bom que a deixem estar como está", assinalou) e frisou as mudanças operadas na toponímia local devido às convulsões políticas, aproveitando a ocasião para desfazer o equívoco existente em Caminha há muito tempo, de que Pêro Vaz de Caminha tinha nascido cá -o que levou a que tivesse sido atribuído o seu nome e um largo -, quando, está documentado desde os anos 40 que é portuense. Contrastou "o pudor da democracia em Abril" que apenas mudou o nome do Parque 28 de Maio para 25 de Abril, com o Estado Novo, e "só de uma assentada" mudaram 15 nomes. ELECTRICIDADE CHEGOU EM 1911 Nesta sua lição, em que destacou algumas das iniciativas mais importantes tomadas pelos presidentes e vereadores caminhenses e que estariam na génese de muitas das denominações das ruas, precisou que a primeira ponte de Caminha data de 15 de Agosto de 1839 "a expensas da câmara" e que a electricidade chegou à vila em 1911, um bom pretexto para que se assinale e estude a importância desse melhoramento a que estiveram ligadas famílias caminhenses. "O que é importante nos dias de hoje, não é tanto mudar os nomes das ruas, mas dar qualidade de vida às pessoas", disse no final da apresentação o autor de mais um trabalho de investigação concelhio, dedicando esta obra "a todos os caminhenses do passado que não têm os seus nomes nas ruas". "CLIMA DE BOA PARCERIA"
Nesta cerimónia usou ainda da palavra Maria Esteves, presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas Coura e Minho, elogiando o colega que voltou a dotar o concelho de Caminha com mais um trabalho de investigação histórica, realçando que ele nasceu de um "projecto escolar" e graças a "um clima de boa parceria" com a Junta de Caminha, patrocinadora da edição. Convidou os presentes a "redescobrir" a vila de Caminha através do "Ruas de Caminha - toponímia e história da vila da foz do Minho", e fazendo votos para que novos contributos venham a ser dados por este professor, noutros campos da história local. HOMENAGEM AO AUTOR
Por seu lado, Eduardo Gonçalves, presidente da Junta de Freguesia de Caminha, reconheceu que "abraçou" de imediato este projecto quando apresentado, por admitir que iria "marcar a história de Caminha" e acreditar que "vai aprender-se muito sobre a sua história" e a "importância" de certos personagens. Após a leitura desta obra, o leitor ficará ciente da "riqueza histórica" da toponímia local, pelo que agradeceu ao autor "a riqueza muito grande que nos legou".
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