A Assembleia Municipal de Caminha viveu mais um momento insólito, quando no decorrer da reunião do último dia de Fevereiro iniciada pelas 9 horas no Cineteatro Valadares, uma patrulha da GNR conduzindo a sua viatura foi ao hemiciclo chamar pelo deputado municipal da OCP Jorge Nande, pouco antes das 12 horas, para que retirasse o seu carro que se encontrava indevidamente estacionado desde o princípio da manhã junto de uma estação de limpeza e polimento de veículos na Rua do Cais.
Como resultado da saída apressada do representante da oposição de direita da assembleia, quando regressou, Manuel Luís Martins, presidente deste órgão autárquico, advertiu-o que não poderia continuar a participar na reunião, atendendo a que o novo regimento deste órgão autárquico aprovado em Fevereiro, contemplava uma alínea que impedia os eleitos de prosseguirem na discussão dos trabalhos, quando as ausências se verificassem no decorrer de votações.
Foi o que sucedeu no momento do abandono da sala, quando estavam a aprovar as actas de sessões anteriores.
Jorge Nande protestou e disse que iria permanecer na assembleia, embora calado.
Contudo, após a Mesa ter tido conhecimento do motivo de força maior que levou o deputado municipal a abandonar precipitadamente o Cineteatro Valadares logo que informado da presença da GNR, Manuel Luís Martins decidiu autorizar que ele continuasse a participar na reunião ("considerado integrado na Assembleia"), o que levou Celestino Ribeiro a apelar à Mesa para que não seja "tão precipitada nas decisões", porque através da reversão da sua deliberação, "deixa-nos a todos numa situação muito difícil", por considerar que teria sido mais ajustado na ocasião "procurar saber a razão e até interromper os trabalhos" para que a Assembleia soubesse o motivo pelo qual tinha sido tomada tal decisão.
O eleito pela CDU admitiu que o presidente da Mesa da AM pretendeu apenas cumprir o regimento e, posteriormente - novamente sem consultar o plenário, frisou -, "volta atrás, interrompe o regimento", readmitindo o deputado municipal, decisão a que esta força política, contudo, não se opôs, por entender que todos os eleitos devem poder participar nesta Assembleia.
Este comentário do eleito comunista levou o presidente da AM a explicar que não tinham tido obtido "em tempo real" a informação da razão da saída de Jorge Nande, e, depois, esse esclarecimento foi obtido somente de uma forma "indirecta", acusando-o de ter feito uma saída "precipitada", ao "ser apanhado de surpresa" pela interpelação da GNR.
Em reforço da sua argumentação, Manuel Luís Martins, considerou que, de facto, o deputado não tinha abandonado a AM, "tinha-se ausentado por motivo de foça maior", o que seria "diferente do abandono", reforçou, relevando, contudo, que competia ao plenário avalizar a decisão posterior da Mesa da AM.
Como ninguém se opôs, Manuel Luís Martins considerou readmitido o deputado municipal.
Tendo questionado o Posto da GNR de Caminha sobre a presença de uma patrulha no Valadares e se tinha sido aplicada uma multa ao proprietário do veículo, responderam-nos terem registado a "denúncia" e remetida ao "Escalão Superior", tendo o C@2000 recebido posteriormente do Destacamento Territorial de Viana do Castelo uma nota em que "se reserva no dever de não revelar a identificação de todo e qualquer cidadão que seja fiscalizado no decorrer das diferentes acções de patrulhamento".
Remetemos igualmente um e-mail ao deputado municipal através do seu contacto público como eleito por este órgão autárquico, perguntando se lhe tinha sido aplicada a respectiva multa, ou se tratara apenas de um pedido para que retirasse a viatura indevidamente estacionada, mas não nos respondeu até à hora que lhe determinamos.