Manuel Marques, presidente da Assembleia de Freguesia (AF) de Vila Praia de Âncora (mas que mais parece um presidente de Junta, porque fala tanto ou mais do que o próprio presidente da autarquia ancorense), intervindo no período prévio (antes da ordem do dia) na sessão deste órgão autárquico realizada ontem à noite, atendendo a que "estamos em período de paz", sinalizou, fez um apelo para que Carlos Castro, presidente da Junta de Freguesia e Câmara Municipal cheguem a um acordo - em vias de se concretizar - que ponha fim aos litígios em tribunal entre as três partes.
Após os acontecimentos do dia 27 de Outubro do ano passado, ocorrido (?) entre paredes do gabinete do vice-presidente Guilherme Lagido, sendo protagonistas este autarca e Carlos Castro, presidente da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora e encarregado camarário, o presidente da Câmara mandou abrir um processo de averiguações interno que resultou numa pena "leve" - como o próprio Carlos Castro admitiu - de suspensão de Carlos Castro por 90 dias, entretanto suspensa por dois anos.
De seguida, Carlos Castro avançou com um recurso à suspensão aplicada para o Tribunal Administrativo de Braga.
Paralelamente à abertura do processo de averiguações interno, Miguel Alves, presidente do Município, anunciou que seria apresentada uma queixa-crime contra Carlos Castro (concretizada) porque confiava "inteiramente" na versão do "senhor vice-presidente". Guilherme Lagido também anunciou a apresentação de uma queixa-crime contra Carlos Castro, levando a que este reagisse com a apresentação de queixa por difamação.
Manuel Marques pediu que fosse deitada uma pedra sobre o assunto
Manuel Marques decidiu agora falar do assunto em Assembleia de Freguesia, referindo que o próprio presidente da Câmara teria dito que "faltam argumentos" para avançar para tribunal.
O presidente da AF de Vila Praia de Âncora frisou que já houve acordo entre a Câmara e o presidente da Junta de Freguesia para desistências dos processos em tribunal. Falou mesmo num "acordo de cavalheiros" que ponha fim ao "desaguisado", porque, actualmente, "há uma aproximação entre os dois presidentes", acreditando que se terá "fechado uma página negativa".
Assim sendo, apelou ao presidente da Câmara para que "encerre" igualmente o processo camarário que ditou a pena "leve", conforme Carlos Castro a classificou na altura, e "levante a pena" aplicada, tendo também em conta que o presidente do Município admitira já, repetiu Manuel Marques, que "não há argumentos para ir para Tribunal".
Se o presidente da Câmara concordar com este apelo seu, disse Manuel Marques: "o efeito será total".
"A verdade virá sempre ao de cima, como o azeite"
A oratória de Manuel Marques apanhou de surpresa Carlos Castro e "deixou-me um bocado às aranhas", admitiu o presidente da Junta, parecendo aturdido com a decisão do presidente da AF de avançar com uma intervenção sobre este caso (embora agradecesse as palavras de Manuel Marques) que gerou "momentos muitos difíceis para mim e para a minha família e que quase levava à morte da minha esposa", frisou.
Contudo, pediu-lhe que "não comentasse mais este assunto", uma vez que "tenho muito respeito pela minha família, além de este assunto ainda não estar terminado", confirmando que decorre no TAF de Braga "a minha defesa" e que eram assuntos "entre mim e o meu advogado", preferindo que não passasse para a opinião pública.
Carlos Castro acredita que com o tempo, "a verdade virá sempre ao de cima, como o azeite", vincou.
"Estes assuntos não devem andar na praça pública"
Tentamos entrar em contacto com Miguel Alves, presidente da Câmara, que se encontra em licença de paternidade, a fim de confirmar contactos ou acordos de desistência, mas não conseguimos chegar à fala.
Fizemos o mesmo em relação ao vice-presidente Guilherme Lagido, referindo-nos apenas que não comentava, porque "estes assuntos não devem andar na praça pública", nem confirmando se tinha apresentado uma queixa-crime contra Carlos Castro.