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"Daqui a 40 anos, aqui outra vez", Manuel Sousa

Etnográfico assinalou quatro décadas de vida com sessão solene e a fazer aquilo que melhor sabe: - dançar

AMFF e Etnográfico preparam espectáculo de música clássica e folclore

"O Zé Meira e o Manel fazem uma dupla do caraças!", dizia-se na altura (há 40 anos atrás) em que o Grupo Etnográfico de Vila Praia de Âncora começava a afirmar-se no panorama cultural desta vila, recordou Manuel Sousa (um dos que formava a dupla) no decorrer da cerimónia solene que decorreu no passado dia 23 no salão do Centro Cultural de Vila Praia de Âncora, evocativa da criação deste grupo.

Manuel Sousa foi um dos sócios fundadores , antigo executante e ensaiador do Etnográfico, integrante da mesa de honra que presidiu à sessão, aproveitando para recordar "o momento difícil" que representou o abandono do Orfeão, juntamente com cerca de 40 elementos, e a criação da nova associação.

Referiu, com emoção, que "na altura, uns, deram-nos seis meses de vida, outros, um ano…e já temos 40", assinalou.

Não deixou passar em claro a dinâmica que o saudoso José Meira imprimiu ao Etnográfico durante 20 anos (um neto seu, interpretou uma peça ao piana a abrir esta sessão), "sem a qual nunca teríamos atingido este nível", assegurou, tendo aproveitado ainda esta ocasião para "agradecer a todos os que deram o melhor ao Grupo nestes 40 anos e aos que acreditaram em mim quando quisemos formar o Etnográfico", e fazendo votos para "daqui a 40 anos, aqui outra vez", acentuou.

José Augusto Brito Meira foi figura incontornável

A figura de José Augusto Brito Meira foi deveras referenciada no decorrer das diversas intervenções proferidas pelos diferentes convidados e participantes neste acto.

José Meira, filho do fundador, e actual presidente do Etnográfico, tinha três anos de idade quando este foi criado e, ao usar da palavra nessa qualidade, admitiu o quanto "me custa falar do Etnográfico".

Atendendo a que as comemorações decorrerão até 22 de Março do próximo ano, José Meira sugeriu aos antigos dançarinos e cantadores que participassem em tertúlias com a finalidade de "contarem histórias destes 40 anos", em que "foram tomadas atitudes que mudaram as nossas vidas".

Prometeu ainda repetir este ano o Âncorafolk, "depois do sucesso obtido no ano passado", embora reconhecesse a dificuldade em manter a qualidade patenteada em 2015, mas prometeu envidar todos os esforços para a igualar.

Junta ofereceu placa comemorativa

Como referimos, a figura incontornável de José Meira (pai) foi objecto de várias apreciações elogiosas dos diferentes oradores, como o fez José Presa, presidente da Assembleia Geral, ao evocar "os muitos que passaram por este Grupo ao longo destes 40 anos", ou Carlos Castro, presidente da Junta de Freguesia, quando interveio para exprimir a sua "satisfação" pelas comemorações destes 40 anos "de "união", e pela forma como "tem divulgado este concelho e esta freguesia pelo mundo fora. Refira-se que a Junta de Freguesia aproveitou este momento para entregar uma placa comemorativa da efeméride.

"Escola de virtudes"

Também Jorge Fão - com uma "passagem curta", entre 78/79, pelo Etonográfico, mas, "uma experiência e escola de virtudes que ainda recordo" -, não esqueceu a figura marcante de José Meira no seio do Grupo e "o incentivo muito forte" que lhe concedeu.

Medalhas

Outro dos convidados para esta Mesa de Honra, foi José Luís Presa, presidente da direcção do Centro Cultural, recordando ter sido no decorrer do mandato em que era vereador responsável pelo pelouro da cultura, que tinha sido atribuída a medalha de mérito prateada do Concelho a este Grupo ancorense, comentando a propósito, que "só fiz o que devia: reconhecer o mérito do Etnográfico". (*)

José Luís Presa, antes de desejar "muito sucesso" a este Grupo, aludiu a outros grupos que, no passado, interpretaram a ligação das tradições do mar com a lavoura.

"Convívio"

A Assembleia de Freguesia de Vila Praia de Âncora esteve igualmente representada pelo seu presidente José Presa, o qual endereçou parabéns a esta associação, na qual "tenho muitos amigos e familiares a dançar", destacando ainda o excelente "convívio existente" no seu seio.

"Manter as amizades"

Um amigo de longa data do Etnográfico é Joaquim Ferreira, pertencente ao Rancho Folclórico Macinhatense marcando presença na evocação desta data - em que "tiveram a coragem de criar este grupo", enfatizou -, ao qual se encontram ligados "por uma coisa muito honrosa": manter as tradições e a amizade.

Mescla de música clássica e folclore em perspectiva

A Academia de Música Fernandes Fão foi outra das instituições convidadas para integrar a Mesa de Honra, tendo optado o seu presidente, Fernando Segadães, por falar do futuro e de uma "experiência que espero que corra muito bem", integrada nas comemorações do Etnográfico, e que mescla a música clássica com folclore, estando previstos dois espectáculos nos dias 28 e 30 de Julho, respectivamente, em Vila Praia de Âncora e A Guarda, realização esta a que está ligado o professor de música desta academia, José Paulo Ribeira.

Programação a curto prazo

Do programa de comemorações estabelecido a curto prazo, Gaspar Pereira anunciou e convidou os presentes a marcar presença na Visita Pascal, pelas 10H30 do próximo dia 3 de Abril; na romagem ao cemitério e missa, aprazadas para o dia 10 do mesmo mês, seguindo-se um almoço-convívio uma semana depois.

Andorra presente

Gaspar Pereira destacou de entre as mensagens de parabéns recebidas, duas delas, lidas na ocasião, enviadas pelo Grupo de Folclore da Casa de Portugal de Andorra, criada há 20 anos por antigos elementos do Etnográfico de Vila Praia de Âncora (completam este ano duas décadas de existência), e de quatro antigos dançarinos ancorenses, igualmente fundadores do grupo andorrenho.

Municípios de A Guarda e Caminha presentes

O convite endereçado aos municípios de A Guarda e Caminha para que se fizessem representar nesta celebração não ficou em branco, e, Helena Vaz, vereadora da cultura do concelho galego vizinho - e do qual muitos ancorenses descendem -, assim como Miguel Alves, presidente da Câmara de Caminha, marcaram presença.

A autarca galega, ao usar da palavra, referiu que "tudo me vai sair do coração", porque, justificou: "estamos como se fosse em casa".

Após elogiar e saudar o Etnográfico, Helena Vaz formulou votos para que "no futuro, colaboremos ainda mais".

O autarca de Caminha, por seu lado, insistiu bastante nestes 40 anos de "histórias inteiras", assegurando saber "bem do que falo, porque tenho também 40 anos", disse com algum humor.

"Chegar aos 40 anos, vivos, com vontade de mais 40 e 40, a divulgar o repertório do Vale do Âncora", acrescentou Miguel Alves em referência a esta "grande experiência cultural e antropológica", à qual tem estado intimamente ligado nestes mais de dois anos de trabalho conjunto.

Prometeu "continuar a dançar e a sonhar com mais projectos futuros" e aproveitou a presença da sua colega de A Guarda, para enfatizar o espectáculo que será apresentado nessa vila (AMFF/Etnográfico), representando a "unidade e fraternidade" que ligam Vila Praia de Âncora e a vila marinheira galega, terminando a endereçar os parabéns ao Etnográfico.

Refira-se que no final da cerimónia, após o Grupo ter executado três danças (incluindo a veloz Chula Picada), junto à sede do Etnográfico, numa das salas cedidas gratuitamente pelo Centro Cultural, foram sopradas as velas de aniversário e degustado um bolo.

(*) - Pegando na atribuição destas distinção, Gaspar Pereira, membro do Etnográfico e apresentador da sessão, referiu que também no tempo do vereador Augusto Sá (foi-lhe impossível estar presente nesta homenagem, para a qual tinha sido convidado), o Etnográfico tinha sido agraciado com a medalha de mérito dourada.

António Dinis fundou o Etnográfico com 19 anos

De entre os que desde a primeira hora aderiram ao projecto que José Augusto Meira e cinquenta mais ergueram em Vila Praia de Âncora, encontra-se António Dinis, ensaiador há 19 anos e que ainda dá o seu pé de dança, "sempre que necessário".

Antes da cerimónia, contou-nos um pouco da história e da sua experiência como membro fundador do Etnográfico, resultado de um "desfasamento" no seio da direcção do Orfeão, "tinha eu 19 anos e nem sequer me apercebi do sucedido", reconheceu.

Então, "como eu só fazia parte do Grupo de Danças e toda a malta (42 nessa altura, possuindo hoje 56 elementos) desta secção ia sair, por sugestão do falecido José Meira, eu também saí". Admitiu que este conflito "foi um bomba que rebentou em Âncora e foi muito complicado", porque a vila "ficou dividida a meio".

De todos estes anos retém "coisas muito boas, e outras menos boas", mas destaca "as amizades e conhecimentos de todos os que passaram por esta casa".

No início, "chegamos a ensaiar na rua", deu como exemplo das dificuldades deparadas para "arrancar", em que os próprios integrantes tiveram que disponibilizar dinheiro para comprar fatos.

Contudo, tudo isto foi superado, porque "com o meu dinheiro, nunca teria corrido a Europa como eu corri".

"Não há palavras para a descrever"

Pedindo-lhe um exemplo sobre as melhores recordações que recolheu, não hesitou em apontar a Festa da Cerveja, em Munique, em 1988, assegurando que "não há palavras para a descrever".

Depois de já se terem deslocado várias vezes à Alemanha, a presença na Festa da Cerveja representou a primeira actuação de um grupo português, graças aos conhecimentos angariados nesse país. António Dinis referiu que foi um casal alemão que o conseguiu. Assinalou que ainda hoje vêm cá passar férias no Verão e "trajam como nós e acompanham-nos enquanto estão cá".

Nessa altura, "pediram-nos que levássemos muita documentação e vídeos - o que não havia na altura, apenas cassetes -, estavam lá mais de 100 grupos e nós ficamos entre os 10 primeiros para actuarmos na festa. Contudo, "se havia de chover, foi nesse dia, sendo obrigados a secar os fatos com ferros de engomar", recorda agora com saudade desse tempo.

António Dinis confessou-nos também que o país de que mais gostou, foi a Hungria.

"Duas cadeiras difíceis de preencher"

"Há duas cadeiras que serão muito difíceis de preencher", adiantou-nos: "a do José Meira, que vem sendo ocupado pelo seu filho, e aquela onde eu estou sentado, que era a do Manuel Sousa".

António Dinis assume a responsabilidade dos ensaios - o que dificulta uma apreciação ao trabalho que têm vindo a desenvolver ultimamente -, respondeu-nos quando lhe pedimos uma opinião sobre o Etnográfico nos dias de hoje.

Contudo, assegurou que "nunca estamos contentes com aquilo que fazemos", apesar de "correr o mito por aí fora de que nós somos os maiores, porque andamos sempre lá por fora", o que rejeita e acrescenta que "somos iguaizinhos aos outros, respeitado sempre o grupo que for".

Fotoreportagem António Garrido


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