Tiago Oliveira, aos 13 anos, assinou um contrato com o Futebol Clube do Porto, transferindo-se do Clube de Andebol de Caminha onde se iniciou na modalidade, para um dos clubes de élite do Andebol português.
Nascido em Lanhelas e a viver presentemente em Venade, foi em sua casa que nos recebeu este Verão, contando-nos esta sua paixão por uma modalidade pela qual optou pela necessidade de fazer desporto:
"Comecei a crescer e tinha de praticar um desporto, porque estava a entortar a coluna e o médico aconselhou-me a escolher uma modalidade, tendo começado pelo futebol porque, normalmente, todas as crianças gostam".
Contudo, não seria esta a modalidade que iria abraçar definitivamente, porque, a conselho de seus pais, haveria outras práticas desportivas que poderia experimentar.
"Notícia maravilhosa"
Então, "como havia um clube de andebol em Caminha", disse-nos, "comecei a ir aos treinos há já mais de três anos e, agora, tive esta notícia maravilhosa da contratação pelo FCPorto".
Isto não foi fruto do acaso, tudo resultando de um jogo que o Clube de Andebol de Caminha realizou contra o Fermentões, em Iniciados, "no qual marquei 16 golos", precisou, ao qual assistiu um dirigente do FCPorto que "veio logo falar com os meus pais, avaliando a hipótese de ir jogar para a Porto e cá estamos", exclamou, radiante.
Convite surpresa
Esta jovem promessa formada nas escolas do CAC, possuidor de um remate muito bem colocado, ignora a razão pela qual o dirigente do clube azul e branco se encontrava em Caminha a ver o jogo, apenas sabendo pelo seu pai quando saiu do balneário, do convite recebido.
Tiago Oliveira não cabia em si de contente por ir representar "o clube do meu coração, o que foi um grande orgulho, uma enorme felicidade e o começar a cumprir um sonho", apesar da pandemia ter deixado tudo em suspenso, depois desse contacto ocorrido em Fevereiro/Março. No entanto, logo que o confinamento foi desaparecendo, o clube portuense voltou à carga e assinou um contrato a 20 de Agosto, encontrando-se já a treinar no Pavilhão da Escola Secundária Almeida Garret, em Vila Nova de Gaia, há cerca de dois meses, ao passo que os jogos oficiais decorrerão no Pavilhão Municipal da Lavandeira, também na mesma cidade.
CAC foi a génese
Durante a sua permanência no CAC, Tiago Oliveira teve três treinadores, mas sublinha a importância do Carlos Tenedório que "me ajudou a crescer muito neste lindo desporto e a obter resultados", aliado "ao meu empenho para chegar ao meu objectivo". Não esquece, portanto, este seu "primeiro clube que me ajudou a chegar onde cheguei".
Ao comunicar aos dirigentes e técnicos do Clube de Andebol de Caminha que iria jogar no FCPorto, estes ficaram orgulhosos e "deram-me os parabéns pelo facto de terem o prazer de ver um dos seus jogadores a jogar num grande clube".
Ponta esquerda
No CAC jogava a central, no meio campo, mas no Porto a posição mudou "graças a algumas capacidades minhas de resistência e sprint e a uma boa colocação de bola, pelo que vou jogar na ponta esquerda". O plantel de Iniciados para a próxima época será composto por 14 jogadores, crendo que este número já estará fechado.
Ainda não sabe quando se iniciará a competição oficial (talvez em meados de Outubro), atendendo à situação actual da pandemia, mas, de momento, vão realizar alguns jogos particulares a partir de meados de Setembro.
Tiago Oliveira aprecia o Andebol, classificando-o uma "bela modalidade, pela arte de colocar a bola", admitindo por conseguinte que o futebol não é o único desporto, existindo muitos mais e primorosos.
Recordou que o primeiro jogo que viu a nível sénior, foi o da selecção portuguesa jogando com a francesa, o que desde logo o fascinou.
Ser campeão nacional
Ao ingressar num clube com outras aspirações, Tiago Oliveira aponta já bem alto e pensa em sagrar-se campeão nacional.
Apesar deste anseio perfeitamente natural num jovem andebolista, quisemos saber qual o ambiente que se vive actualmente no seio de um plantel envolvido por esta crise pandémica, respondendo-nos que "com estas novas regras, já estamos a habituar-nos há algum tempo e nota-se que com o começo dos treinos em conjunto, já estamos mais confiantes", perante a perspectiva do recomeço dos jogos o que traz desde logo "mais emoção".
A diferença entre a prática desportiva dos dois clubes é notória, como o próprio teve ocasião de constatar, começando desde logo por haver "uma exigência totalmente diferente, com mais disputa de competição e uma grande garra" pela conquista de um lugar no FCPorto. Terá seis treinos por semana, além dos jogos aos fins-de-semana. A despeito desta carga de treinos, a "prioridade aos estudos" não será descurada, garantiu, apostando na continuação da aprendizagem na Escola Preparatória e Secundária de Caminha.
Vírus obriga a cuidados redobrados
Algumas medidas sanitárias vêm sendo postas em prática pelos clubes, tendo em conta a prevenção do vírus, como sucede com esta modalidade do andebol azul e branco. Tiago Oliveira referiu ser obrigatória a utilização de máscaras à entrada do pavilhão, a desinfecção das mãos à entrada e saída, bem como das solas das sapatilhas, e os próprios directores desinfectam igualmente as bolas e os cones. Quanto à realização de testes, a exemplo do futebol, por exemplo, este desportista caminhense não acredita que isso venha a ser implementado no Andebol, porque a Federação não possui verbas para testar no mínimo 50.000 jogadores.
Apesar desta situação pandémica, foi-nos assegurado que existe mais confiança da parte dos atletas, à medida que as precauções vêm sendo tomadas.
Andrés, um treinador cubano, é o responsável pela equipa de Iniciados do FCPorto. Magnus Andersson é o técnico dos seniores e Tiago Oliveira ainda não o conhece, mas espera que venha a ser observado por ele.
Todos os jogos da equipa sénior portista emitidos pela televisão foram objecto de apreciação detalhada por parte do nosso entrevistado, não só por se tratar da sua modalidade preferida, mas também por ser o seu clube favorito.
Atribui os excelentes resultados obtidos por este "team" a nível internacional, competindo de igual para igual com as melhores equipas europeias, ao desempenho do treinador dinamarquês, ao recuperar "grandes jogadores portugueses que não estavam a ser valorizados".
Crê que a base da equipa principal do FCP se manterá, apesar de haver algumas mudanças.
"Representar o nosso país é sonho de qualquer atleta"
Concretizado este sonho de ingresso no azuis e brancos, Tiago Oliveira espera algum dia vir a ser chamado para a selecção nacional de Iniciados, porque "representar o nosso país é sonho de qualquer atleta".
Com os pés assentes na terra, Tiago Oliveira pensa essencialmente no presente, dando sempre o seu melhor e contando com o apoio de seus pais, nos estudos, treinos e consequentes deslocações ao Porto.
Digo Branquinho como ídolo
É natural que um jovem tenha os seus ídolos e referências a nível do desporto, como é o caso do Tiago Oliveira, que admira o andebolista portista Diogo Branquinho que "joga na mesma posição da minha no Porto". A nível mundial, aponta para o nome de Sander Sagosen, um jogador norueguês" com muita qualidade e que traz muita beleza ao andebol".
Havendo quem considere o andebol um deporto duro, até mesmo "bruto", Tiago Oliveira desmonta esta teoria, concordando apenas ser de "muito contacto mas sem ser agressivo".
Quanto à eventual dificuldade em arbitrar um jogo de andebol, acredita existir sempre alguns truques nos contactos, nomeadamente a nível dos séniores, mas "nos Iniciados ainda não há essa mafiosice", garante.
Mensagem
Logo após assinar o contrato, recebeu uma mensagem que muito o sensibilizou: "Que prazer sinto ao ver as tuas fotos a assinares o contrato. Os meus parabéns. Só os fortes, os que lutam pelos seus objectivos é que conseguem. E tu tens essas qualidades. Desejo-te muita sorte, porque também é necessária".