Moradores de Cristelo evidenciam descontentamento pela colocação de um portão a nascente da Travessa do Tombo, no entroncamento com a Rua da Joaninha, impedindo dessa forma a circulação de veículos e pessoas naquilo que consideram ser um caminho público existente "desde sempre", que fazia a ligação com a antiga EN13 (Camarido Velho).
Travessa encontra-se a meio do aldeamento
Brigitte Dagu, proprietária do Aldeamento da Joaninha, assumiu que mandou colocar um portão no entroncamento do Caminho do Tombo, porque havia condutores que não respeitavam o limite de velocidade, além de haver pessoas que invadiam o espaço do aldeamento turístico para que os filhos pudessem brincar no parque infantil.
Este caminho fica a meio do aldeamento turístico (cuja contrução remonta a princípios dos anos 80 do século passado), dividindo-o em duas partes, e a proprietária decidiu pôr fim à circulação, como forma de impedir a sua devassa e perigosidade rodoviária.
Garante que se trata simplesmente de um caminho de servidão e que não é público, e refere a existência de outros dois caminhos, a norte e a sul do complexo turístico que podem servir como alternativas à ligação entre a antiga N13 e a Rua da Joaninha.
"Não quero problemas com ninguém"
Referiu que o aldeamento se encontra presentemente num único artigo, pelo qual paga 8.000€ de IMI por ano, e, como resultado desta aposta no turismo, conseguiu que fossem melhorados os acessos, instalada luz eléctrica (há um PT paga por ela, em terrenos deste aldeamento) e limpeza de caminhos.
Perante a contestação gerada, já comunicou à Câmara a sua posição e assegura que "não quero problemas com ninguém", embora a atribua a duas pessoas que vivem nas traseiras do resort turístico.
Moradores ponderam hipótese de recorrer ao tribunal
Contudo, em Cristelo, a contestação ao fecho do caminho ocorrida há cerca de um mês generaliza-se, havendo quem nos dissesse já que se a ligação não for restabelecida, será criada uma comissão de moradores para levar o assunto a tribunal, se for esse o caso.
Junta de Freguesia pediu explicações à Câmara
A Junta de Freguesia de Moledo/Cristelo já enviou um ofício à Câmara Municipal contendo várias cartas, pedindo explicações sobre uma eventual autorização do corte da circulação.
Manuel Guardão, presidente da autarquia, perante a posição da proprietária do Aldeamento da Joaninha, insistindo que o caminho é de servidão - o que poderia alterar a situação -, assinalou que "se a travessa tem toponímia é porque é público". Acrescentou que antes da construção do aldeamento, já existia o referido caminho que pertence à freguesia. Anotou, contudo, que compete à Câmara deferir ou não o fecho das vias públicas, porque às freguesias apenas é permitido proceder à sua limpeza, desde que lhes sejam delegadas essas competências.
"Toda a gente conhece aquele caminho muito antigo"
Ouvimos um morador de Cristelo, com 88 anos, que foi presidente da Junta ainda antes do 25 de Abril, e que nos confirmou que esse caminho "foi sempre público". Havia nesse local diversas entradas para leiras, a par da existência de um "estanca-rios", completou, porque "cresci ali, trabalhei ali e conheço aquilo aos palmos", o mesmo sucedendo com muitos cristelenses, reforçou.
Explicou ainda que costuma dar umas voltas pela freguesia, e reparou que "começaram por "pôr umas pedras no caminho, depois umas fitas, seguindo-se uma cancela de madeira e agora o portão".
Câmara vai apreciar o caso
Da parte da Câmara de Caminha, o vereador Guilheme Lagido admitiu o recebimento do ofício da Junta de Freguesia, estando a analisar se se trata de um caminho público, de acordo com o que dizem os moradores, ou de servidão conforme insiste a proprietária deste aparthotel.