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TRIBUNA
Espaço reservado à opinião do leitor

O LÍTIO, DO SÍTIO QUE NÃO QUEREMOS VER DESTRUIR!

A questão do lítio, locais de prospecção e futura exploração, tem estado na agenda do dia e agitou a agenda política com posicionamentos de personalidades, políticos e Orgãos Municipais, nomeadamente dos Concelhos do Alto-Minho.

O tema é/foi propício que a política e os seus actores ganhassem "tempo de antena", usassem a dialética e a "mentira" política, a demagogia e o oportunismo serôdio ou uma tentativa de manipulação das comunidades.

Na evolução desta discussão e por se tratar de uma zona da "Rede Natura 2000", ser uma pérola da natureza, do Alto-Minho em particular, e um habitat natural, foi a Serra d'Arga retirada das zonas de prospecção/exploração de lítio.

Os Municípios de Caminha, Ponte de Lima e Viana do Castelo estão a desenvolver um trabalho muito importante, para a classificação de "Área de Paisagem Protegida" da nossa querida "Serra d'Arga". O meu aplauso!

Neste sentido, por todas estas preocupações manifestadas, posicionamentos e opiniões, desejava que esta questão da prospecção e exploração do lítio no Alto-Minho, fosse de facto, um assunto agregador das diferentes sensibilidades e forças políticas na defesa intransigente e em uníssono deste espaço comunitário e territorial que é especial e que tem o nome de "Alto-Minho".

No que ao Concelho de Caminha diz respeito, coloco várias questões e dúvidas:
1- Para além da exclusão da Serra D'Arga, fica o resto do território municipal livre desta prospecção/exploração?
2- Foram/estão a ser avaliados os impactos negativos desta exploração nas diversas freguesias do Concelho?
3- Sabem/conhecem as Comunidades locais, quais as áreas das suas Freguesias que podem ser esventradas e destruídas com esta exploração?
4- Todos têm consciência (informada) do que esta exploração pode implicar na contaminação do solo, dos níveis freáticos, linhas de água e minas de exploração de água particulares e nos ribeiros e rios, nomeadamente do Rio Âncora, Rio Coura e Rio Minho?

Há valores económicos e de desenvolvimento que não justificam tudo!

Dito isto, sou frontalmente contra a prospecção/exploração do lítio no Concelho de Caminha, porque não consigo observar que daí venha mais riqueza e qualidade de vida para o nosso território e população, antes pelo contrário, destruição, poluição e contaminação das nossas serras e espaços verdejantes.

Humberto Domingues



O DITO PELO NÃO DITO

Chego ao fim da estrada a concluir que as ideias que sempre tive como certas, afinal não são.

Ensinei a filhos, netos e alunos que sermos indivíduos de uma só palavra era nossa obrigação como seres honestos e hoje vejo-me a concluir que Einstein estava certíssimo - TUDO É RELATIVO.

Vem esta constatação em modo " desabafo " a propósito dos esquemas de corrupção que assolam o mundo. Salgados mais ou menos manhosos, governantes mais ou menos mafiosos a todos meti no mesmo saco com a tarjeta que achei apropriada EXECRÁVEL. E assim me consumia dizendo cobras e lagartos de tais gentes. Até que ontem no "face" vi imagens que quis acreditar seriam efeitos especiais, notícias falsas em que ele é especialista e tive a triste ideia de ligar o som.

Cena surrealista de crianças a prestarem declarações num tribunal a um juiz com um toque de mal sentado no olhar e que sistematicamente perguntava aos miúdos se sabiam o que era um advogado, se tinham algum e como resposta só obtinham uns olhos de espanto, de medo, de abanares de cabeça quase a pedir desculpa de não terem quem os representasse. E não tinham. E não têm mesmo. Estão sozinhos no país do sonho americano que uma trampa mal-acabada achou por bem transformar num país de pesadelo. Continuarão separados da família, sem saber se alguma vez serão crianças e os putins e os macrons deste mundo continuam a lamber as patas sujas deste espécime tramposo!

Julho celebra a Defesa dos Direitos da Criança? Não me parece que diga a bota com a perdigota…

Constato com mágoa que afinal não sou mulher de uma só palavra, quando dou o dito por não dito porque o pior crime para o mundo não é a corrupção que rouba os haveres a quem tem pouco, não é esconder as patifarias atrás de amnésias, de consciências tranquilas, bem-aventuranças de quem é esperto como um alho. O pior crime que só tem paralelo com a pedofilia, é o desamor, a ignomínia com que o mundo maltrata as crianças.

E, se contrariando a minha descrença num deus criador, eu me vir do outro lado frente a frente com ele, não me inibirei de lhe pedir contas pela técnica de avestruz com que ignora estes crimes.

Perguntarei com a frase do poeta: " E as crianças, Senhor? Porque lhes dais tanta dor? E porque sofrem assim? "

Zita Leal



Atitudes Complexas

A vida, nas suas múltiplas facetas, pode transmitir-nos imensos conhecimentos, experiências, oportunidades, e prevenir-nos quanto a situações futuras, que deveremos evitar, todavia, e apesar disso, nós não queremos aprender, até parece que, em determinadas circunstâncias, preferimos continuar a ser humilhados, ignorados, precisamente por aqueles que nós, muitas vezes, defendemos, apoiamos, fomos solidários, amigos e leais.

É inacreditável como algumas pessoas são capazes de: ter comportamentos tão traiçoeiros; tão ingratos quanto desumanos; mas, pelos vistos, é a sociedade que comporta todos estes caráteres, personalidades dúbias e pessoas que apenas querem "estar de bem com Deus e com o Diabo", servindo-se da boa-fé de quem nelas confia, até conseguirem os seus objetivos, nem sempre muito claros.

Com efeito, quando procuramos levantarmo-nos de um desaire na vida, quando pensamos que voltamos a ter do nosso lado as pessoas certas, aquelas que, mansamente se aproximaram de nós, para implementarem os seus programas, que nos incentivam a aderirmos a elas, eis que, logo após se aproveitarem dos nossos conhecimentos, influências, trabalho e generosidade, delineiam a estratégia para nos afastarem, sem qualquer explicação, sem a mínima consideração, sem o respeito que é devido, entre pessoas bem-educadas, de bons princípios e valores.

Infelizmente, cada vez mais, estas situações proliferam na nossa sociedade, e o mais preocupante é que, normalmente, atingem as pessoas que, de alguma forma, sempre agem com transparência, com o máximo rigor, sem interferirem na vida de quaisquer outras. Ofendem e magoam quem as ajuda a estar melhor na vida e/ou a terem protagonismos, influências e poder.

É intensamente doloroso quando esperamos comportamentos honestos, solidários, amigos e leais, tal como nós os temos, para depois recebermos, rigorosamente, o contrário, de quem menos esperamos, em quem nós confiamos desejos, situações, projetos, enfim, das pessoas a quem nós abrimos muitas das portas e das confidências da nossa vida.

Certamente que: não podemos, nem devemos, julgar todas as pessoas por princípios, valores, sentimentos e comportamentos tão negativos; seguramente que existem imensas pessoas nas quais ainda se pode confiar; naturalmente que a sociedade é composta por bons e maus caráteres, por pessoas generosas e egoístas, por indivíduos que manifestam com sinceridade a gratidão, mas também por aqueles outros que são toda a vida mal-agradecidos e, finalmente, por um outro conjunto de pessoas que, através das mais diversas "habilidades", vai "levando" a vida, enganando tudo e todos, até um dia!!!

Obviamente que recusamos colaborar para um mundo pior, temos sim a obrigação de construir uma sociedade onde as relações interpessoais sejam verdadeiramente sinceras, onde a consideração, a estima e o respeito, se possível com solidariedade, amizade e lealdade, sejam os denominadores comuns aos diversos relacionamentos, no maior número possível de contextos da vida real. Não há relação pessoal que resista à traição, ao comportamento ambíguo, ao pactuar com os amigos de quem não nos quer bem. É impossível "servir a dois amos ao mesmo tempo", porque um deles, ou os dois, acabam por ficar mal servidos: mais tarde ou mais cedo, ambos serão traídos.

Existe um longo caminho a percorrer para que a vida entre as pessoas, famílias, amigos, comunidades e na própria sociedade seja verdadeiramente digna, porque a respeitabilidade da pessoa humana também passa pela qualidade, pelos princípios, valores e sentimentos, que se colocam em toda e qualquer relação humana. Não são apenas os aspetos materiais da vida que nos trazem a felicidade, porque esta pode-se definir, desde logo, como um estado de espírito, que nos indica estarmos de bem com os outros e, principalmente, com a nossa consciência.

Acontece, porém, ser muito difícil que, alguém que tenha comportamentos duvidosos, "jogos de cintura", "elasticidade de caráter", "cinzentismo de consciência", para tudo "encaixar", quaisquer que sejam as situações, princípios, valores, sentimentos e pessoas, consiga ser honesto, assertivo e, acima de tudo, credível.

Pessoas assim, mais tarde ou mais cedo, serão afastadas dos grupos de amigos, colegas, familiares, porque quem hoje está do lado de quem me quer mal, amanhã estará do outro lado, desde que isso seja útil aos seus interesses, aos seus objetivos inconfessáveis. Pessoas deste calibre, não interessam, rigorosamente nada, principalmente a quem defende atitudes de solidariedade, amizade, lealdade, tolerância, consideração e respeito.

Há quem diga que, nos tempos que correm, em que: a hipocrisia, o cinismo, a falsidade e o faz-de-conta imperam, até das próprias sombras se deve desconfiar, porque de repente, o sol se encobre, a sombra desaparece e a pessoa fica novamente sozinha, passando a duvidar da sua própria existência.

Evidentemente que não se deverá recorrer a extremos, mas, em boa verdade, os limites até onde e em quem se pode confiar, provavelmente, devem ser encurtados, filtrados, testados e avaliados, para só depois, paulatinamente, tentarmos acreditar nas pessoas, e abrirmo-nos com o que apenas é essencial a fim de se manter um relacionamento aceitável.

Hoje é possível, através dos mais diversos meios, desde já, as tecnologias da informação e da comunicação, a divulgação de eventos, descobertas científicas, estabelecer relacionamentos virtuais, alguns dos quais até se transformam em reais, criam-se, inclusivamente, amizades para a vida, encontram-se familiares, amigos e pessoas, que estavam ausentes há longos anos, o que significa que estes meios nos proporcionam imensas vantagens.

Mas, por outro lado, também é exequível, precisamente, recorrendo a determinadas "ferramentas" eletrónicas, colocar à disposição pública universal, as mais ignóbeis difamações, utilizar linguagem e imagens indecentes, que ofendem quem lê e/ou vê tais textos/figuras, recorrendo-se, em muitas situações, à desculpa de que tal texto, ou imagem, não são da sua autoria, e que só lê e vê quem quer!!!

Acontece, também, que o nível de educação e formação de algumas pessoas é tão baixo, o conceito de respeito pelos seus semelhantes está tão deturpado dos valores essenciais de uma sociedade civilizada e eticamente responsável, que sob a capa do anonimato, pretendem destruir a credibilidade, a reputação e o bom-nome, de quem lhes apetece difamar.

Possivelmente, falta a estas pessoas a verticalidade, a transparência, a frontalidade e a assertividade para dizerem e escreverem o que realmente pensam, com responsabilidade, verdade e identificação autêntica. O anonimato é uma atitude que resulta de uma de duas situações: ou de uma mente doentia, de quem não tem coragem para assumir a responsabilidade dos seus atos e aceitar o contraditório; ou por receio de represálias contra a sua integridade física, moral, profissional ou outra, bem como de algum familiar.

Uma outra "estratégia" de maledicência é o recurso ao boato, ou seja, constrói-se uma qualquer narrativa, vai-se divulgando, como se costuma dizer, "à boca-pequena", sem testemunhas, nem quaisquer provas materiais e objetivas e assim se ofende, denigre, difama e se destrói a reputação, honra, bom-nome e dignidade de uma pessoa, família, grupo ou instituição.

Decorre dos três últimos parágrafos que quem se relaciona bem com tais pessoas, e que sabe que estas, por algum daqueles meios, já difamou um amigo, então o procedimento a seguir é muito simples e evidente: afastar-se dos difamadores e solidarizar-se, incondicionalmente, com o amigo ofendido, do qual até já terá recebido provas inequívocas de solidariedade, amizade e lealdade.

Relacionar-se com o agressor, e com o ofendido, sendo, alegadamente, amigo de um deles, parece difícil de entender que haja condições para um relacionamento honesto com os dois. Ter-se-á de se tomar uma opção séria, íntegra, responsável e digna, sob pena de nenhuma das partes ter condições para acreditar em pessoas que, simultaneamente, "estão com Deus e com o Diabo".

Atravessa-se um período muito difícil na história da humanidade. Hoje, quase que "vale tudo", vive-se a era do "salve-se quem puder", o importante é a concretização da materialidade dos objetivos, ainda que para tal se tenha de humilhar, denegrir, ofender e eliminar uma qualquer pessoa, que possa colocar em causa os resultados pretendidos pelo egoísmo de alguém ou, de alguma forma, ofuscar, ainda que involuntariamente, protagonismos de superioridades e manifestações de poder.

O rumo desta longa caminhada terá, portanto, de ser restabelecido, corrigido, sob pena de, daqui a algumas décadas, estarmos sob o domínio de pessoas sem qualquer formação ético-axiológica e humanista, que não vão olhar a meios para atingirem os seus fins de domínio prepotente, de arrogância, de humilhação dos mais velhos, dos subordinados, e não só.

Os princípios, valores, sentimentos e emoções que realmente caracterizam a pessoa verdadeiramente humana, têm de voltar a integrar a educação, a formação, os comportamentos, as relações interpessoais, sempre com base na solidariedade, na amizade, na lealdade, na GRATIDÃO, na assertividade, na prudência, no respeito pela dignidade, honra, reputação e bom-nome das pessoas. Fora deste Rumo, jamais se chegará ao Porto Seguro da nobreza da pessoa humana.

Diamantino Bártolo


Edições C@2000
Do Coura se fez luz. Hidroeletricidade, iluminação pública e política no Alto Minho (1906-1960)"
Autor: Paulo Torres Bento
Edição: C@2000/Afrontamento
Apoiado pela Fundação EDP

Da Monarquia à República no Concelho de Caminha
Crónica Política (1906 - 1913)

Autor: Paulo Torres Bento
Edição: C@2000


O Estado Novo e outros sonetos políticos satíricos do poeta caminhense Júlio Baptista (1882 - 1961)

Organização e estudo biográfico do autor por Paulo Torres Bento
Edição: C@2000


Rota dos Lagares de Azeite do Rio Âncora

Autor: Joaquim Vasconcelos
Edição: C@2000


Memórias da Serra d'Arga
Autor: Domingos Cerejeira
Edição: C@2000

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