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Badminton

Gisela Mouteira sagrou-se Campeã Nacional de Desporto Escolar

"Este título e esta escola vão ficar para sempre na minha vida"

O envolvimento dos professores neste êxito

Câmara aprovou voto de louvor e directora da Escola elogiou feito

O Agrupamento de Escolas do Concelho de Caminha homenageou publicamente ontem à noite (Sexta-feira) Gisela Mouteira, uma atleta argelense que se sagrou campeã nacional juvenil de Badminton no Desporto Escolar, no decorrer dos Campeonatos Nacionais que decorreram no último fim-de-semana em Évora.

Aproveitando a realização do XXVII Arraial Minhoto, os alunos que praticam Badminton nesta escola foram todos agraciados com um diploma pela sua dedicação a esta modalidade que proporcionou o primeiro título nacional a nível do Desporto Escolar ao Agrupamento de Escolas do Concelho de Caminha. Os seus dois treinadores (Luís Vaz e Pedro Câmara), professores da escola, mereceram igualmente destaque pela sua dedicação e empenho na consecução dos êxitos desportivos.

Distinguidos atletas durante o Arraial Minhoto

Todos subiram ao palco após a actuação do Etnográfico de Vila Praia de Âncora e do Rancho Folclórico de Dem, recebendo a distinção das mãos de Maria Esteves, directora do agrupamento.

Gisela Esteves não pôde estar presente e foi seu pai quem recebeu a distinção simbólica da parte da escola que representou nesses campeonatos, onde brilhou uma estrela vinda do Minho e que surpreendeu "consagrados" atletas juvenis federados do sul, feito que não caiu muito bem por essas bandas, logo que consumada a vitória da Gisela Mouteira.

Maria Esteves, directora do Agrupamento, exultou com esta primeira medalha de campeã nacional que a sua escola arrecadou, e não se cansou de elogiar o feito de Gisela Mouteira, bem como a prestação dos demais colegas que conseguiram igualmente classificações honrosas nessa competição escolar, a par dos colegas que não conseguiram o apuramento nos Regionais, mas que treinaram toda a época.

Treinos mesmo nas férias escolares

A directora do Agrupamento de Escolas não se cansou de relevar o empenho destes alunos, que juntamente com os dois professores, aproveitavam os períodos de verão (Julho e Agosto) para continuarem a treinar no pavilhão da escola, considerando-os portanto um exemplo a seguir por todos os colegas.

Terminados os Campeonatos Nacionais Escolares de Badminton, seria de pensar que os alunos diminuiriam a sua intensidade de treino, mas era vê-los a continuar a praticar o seu desporto favorito em toda a extensão do pavilhão escolar, com a colaboração dos professores Luís Vaz e Pedro Câmara.

Gisela Mouteira já tinha sido entrevistada pelo C@2000 no ano passado, em que já aspirava (pelo menos) atingir a final dos Campeonatos Nacionais. Superou agora as suas próprias expectativas.

"Consegui, finalmente"

"Finalmente, depois de muito esforço e dedicação, do apoio tremendo dos meus professores e da minha equipa, consegui o tão desejado título", disse-nos, radiante, esta jovem.

Definiu a competição da qual saiu vitoriosa na final, "muito interessante". Em que se bateu "com duas colegas federadas, de Lisboa, e que nos anos anteriores tinham conseguido resultados mais interessantes do que os meus, mesmo a nível de Federação e, portanto, encontravam-se muito acima de mim no ranking. Mas, este ano consegui, finalmente" superá-las.

Emoções sem fim

"No momento nem consegui pensar", quando terminou o jogo, admitiu, por ter conseguido alcançar "um sonho e um objectivo", sendo muitas as "emoções que consegui então exprimir da melhor forma", sem esquecer na altura o apoio e a colaboração dos colegas e professores.

Treinos e duas horas - quatro dias por semana

Este resultado só foi possível porque entre três a quatro dias por semana, treinavam "no mínimo duas horas", embora pudessem "prolongar os treinos por mais tempo" se assim o pretendessem.

Respondendo sobre as razões deste interesse pelo Badminton na sua escola, esta jovem de 18 anos admitiu que "foi criada uma equipa amiga, tão unida, em que fizemos deste desporto um passatempo, mas também a nossa diversão e, com isso conseguimos atingir resultados muito bons ao longo destes anos".

14 alunos nos Nacionais

Foram 14 os alunos de ambos os sexos que conseguiram este ano atingir os Nacionais Escolares, praticamente tantos, quantos praticam regularmente esta modalidade na escola, embora já existam colegas mais novos a iniciar-se neste desporto.

Como referimos anteriormente, mesmo depois da participação no Campeonato Nacional Escolar, Gisela e seus colegas continuam a treinar, porque "é o meu desporto, faz bem praticar e é a minha paixão, e não é por ter atingido o meu objectivo principal que vou deixar de o praticar", declarou-nos resolutamente.

"Tudo depende da organização"

Respondendo à sua predisposição para se manter durante tantos anos na prática desta modalidade, disse-nos que "tudo depende da organização" e, prosseguindo, assegurou que "quando gostamos de uma coisa, temos sempre tempo para a fazer", contando com "o apoio do meu grupo, dos meus professores, pela motivação tremenda para continuar a treinar e a ter resultados melhores e isso faz com que uma pessoa não queira deixar" o desporto que abraçou.

Assim é, que já pensa no novo ano, em que vai deixar esta escola e ingressar (espera, porque "está tudo encaminhado para isso", assegura) na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade do Porto.

Este ano, além das participações nas provas do Desporto Escolar, inscreveu-se num clube da Póvoa de Varzim, pelo qual competiu no desporto federado mas "sem muitos resultados", reconheceu.

Com o ingresso na Universidade, pretende treinar aí, e continuar, pelo menos, mais um ano na Póvoa.

"Apoio fantástico"

Nesta hora de se despedir da escola pela porta grande - embora pretenda continuar a vir cá treinar de quando em vez -, realça o "apoio fantástico" recebido da parte dos seus dois professores.

Todos estes anos em que o Badminton esteve no centro da sua vida, permitiram-lhe ter uma visão da modalidade em Portugal, considerando "haver já muita qualidade, mas tem que ter mais potencialidades" a fim de evoluir.

Aprendizagem não foi prejudicada pelo desporto

Por último, Gisela Mouteira revelou-nos a forma como seus pais a receberam em casa com a medalha ao peito: "Ficaram muito felizes por mim, porque sentiram que foram muitos anos de luta para conseguir este prémio", reflexo de uma "concretização", após ter conseguido conciliar perfeitamente a prática desportiva com os estudos, apesar de alguma dificuldade sentida neste 12º ano, mas "conseguindo tão bons resultados na escola como no Badminton".

Assegura que esta escola e este título "vão ficar para sempre ma minha vida e nunca os esquecerei".

A um ponto do terceiro lugar

Francisco Vieira, natural de Carreço e residente em Afife, conseguiu um quarto lugar neste Campeonato Nacional de Desporto Escolar e por equipas ficaram em quinto.

Referiu que não foi possível alcançar uma medalha porque "ficamos no grupo da morte, mas já passou", recomposto que estava dessa impossibilidade, atendendo a que "duas dessas equipas adversárias eram compostas por atletas federados e que treinam todos os dias em pares e já estão sincronizados", justificou.

Apenas lamenta não terem competido no outro grupo, "mais acessível", daí o azar que tiveram e que obstou a que alcançassem medalhas em individuais e em pares.

Analisando a qualidade deste campeonato, considerou foi "mais fraco" do que no ano passado em masculinos, mas " no caso da Gisela, a competitividade foi muito forte", vincou.

Francisco Vieira começou a jogar Badminton um ano depois a Gisela, no 7º Ano, tendo contribuído para esta escolha desportiva o facto de o ter experimentado nas aulas de Educação Física, onde ganhou o gosto, a par de também apreciar muito o ténis - "algo parecido", registou -, apenas lamentando que a modalidade "não seja tão valorizado como devia".

"Tal como a sua colega, este aluno do 12º Ano de Ciências também vai deixar a escola caminhense, mas a opção pela Universidade do Minho prende-se com a "possibilidade de prosseguir a prática do Badminton" e competir nas Universíadas.

Questionado se estaria nos seus objectivos sagrar-se Campeão Nacional, esboçou um sorriso aberto, mas admitiu ser "complicado", preferindo "ir devagar, porque há gente muito boa e eu quase que não sou nada", concluiu com uma grande dose de humildade.

O envolvimento dos professores neste êxito

O êxito dos atletas de Badminton muito se fica a dever igualmente à determinação dos dois professores e técnicos (Luís Vaz e Pedro Câmara) que se vêm dedicando afincadamente à preparação e treino dos seus alunos. É da mais elementar justiça reconhecer o seu envolvimento neste sucesso desportivo, através de um trabalho voluntário, persistente, competente, muito dele exercido fora do horário lectivo e sem remuneração, quando atravessamos uma época em que se tornou moda desvalorizar e achincalhar a classe docente ou mesmo tentar virar a população portuguesa contra a classe docente e as suas justas reivindicações.

Luís Vaz é o professor coordenador do Grupo de Desporto Escolar da modalidade de Badminton de Juvenis e o seu colega Pedro Câmara coordena o escalão de Iniciados, embora os alunos dos dois graus treinem uns com os outros.

O primeiro encontra-se há sete anos a orientar este desporto nesta escola e quando se iniciou nesta função "a Gisela já tinha uns meses de treino com o professor Pedro Câmara, tendo feito ambos o seu acompanhamento até ao 12º Ano", disse ao C@2000 quando fomos até ao pavilhão desportivo da escola e deparamos com mais um treino deste grupo de alunos, já depois de realizado o Campeonato Nacional Escolar.

"Evoluindo e surpreendendo sempre"

Referindo-se concretamente à flamante vencedora da modalidade de Badminton, Luís Vaz não se mostrou surpreendido com o título conquistado pela Gisela Mouteira, porque "ela foi evoluindo e surpreendendo sempre", porque "começou a obter resultados logo no 2º ano, quando alcançou um quarto lugar" levando-os a pensar desde logo que "isto poderia ser um bocadinho mais sério".

A partir de então "começamos a incrementar o número de treinos, incluindo nas interrupções lectivas e nunca mais parámos (eu o professor Pedro Câmara) até hoje e estes resultados são fruto disso", acentuou.

Alunos é que motivam professores

Este professor explicou-nos que a forma como se consegue motivar os alunos para uma prática regular do desporto, no caso o Badminton, é obtida "com a própria motivação deles".

Deu como exemplo a Gisela, o Francisco, o Alexandre, o Pedro, o Nuno, o António, "alunos que vêm praticamente a todos os treinos", o que motiva ainda mais os professores, "ao vê-los sempre presentes, porque sem alunos, nós não estariamos aqui".

"Uma força da natureza"

Sendo a Gisela Mouteira a referência do momento, quisemos saber como é que o seu professor a define em termos desportivos, atirando de imediato que "ela é uma força da natureza, e o que a diferencia em relação às outras miúdas, não é tanto a questão técnica, mas a sua atitude".

Insistiu que a sua performance técnica "é muito boa", contudo, "a sua atitude em jogo faz com que ela tenha sucesso".

Deu como prova daquilo que acabara de explanar, o facto de a miúda que ela venceu no Nacional de Desporto Escolar, ter ficado em 2º lugar no Campeonato Federado de Badminton, 15 dias antes", o que concede maior relevo ao feito conseguido pela jovem argelense. Realçou que a diferença entre elas "estava na atitude em campo".

Atitude ganhadora

Dando mais pormenores da determinação da Gisela, o seu professor revelou que 15 dias antes, após ter obtido uns resultados menos interessantes nesse Campeonato Federado, lhe ter enviado uma mensagem dizendo: "Professor, eu estou defraudada com meus resultados, mas vou treinar com afinco para ganhar o Campeonato Nacional e Desporto Escolar".

"Ela tinha mesmo vontade e acreditava que podia ganhar, e eu também acreditei sempre", acrescentou, "porque era o último ano e a derradeira possibilidade".

Grande festa

VÍDEO

Quando obteve o ponto que lhe concedeu o título nacional, a jovem caminhense foi abraçada por todos, incluindo os colegas, e Luís Vaz não se coibiu e admitir que "choramos os dois", porque, prosseguiu, "só ela, o professor Pedro, e a D. Fernanda que trabalha no pavilhão é que nos apercebemos do que está em causa", equivalendo a "muitos e muitos anos de dedicação".

Luís Vaz não esqueceu de mencionar os resultados igualmente excelentes dos outros representantes da Escola Preparatória e Secundária de Caminha, definindo-os como "brilhantes".

"Isto não aconteceu por acaso"

Recordou que a equipa masculina de pares só por muito pouco é que não conseguiu ganhar aos campeões nacionais. O Francisco ficou em 4º lugar e a equipa feminina não conseguiu uma medalha por um ponto, levando-o a concluir que "isto não aconteceu por acaso", mas fruto de "um trabalho sistemático, diário".

Ao ingressarem no ensino universitário a vida destes jovens vai mudar, mas continuam focados no Badminton, assegura Luís Vaz. Das conversas mantidas com eles, acredita que continuarão a praticar, frisando que estes sucessos desportivos lhe permitiram obter o estatuto de "atleta-estudante", o que leva a que tenham "flexibilidade de horários" e possibilitar que à Sexta-feira continuem a "vir aqui, conviver e treinar connosco, porque a casa é deles", apontando o caso do Sérgio, um jogador formado nesta escola e que aparecera naquele dia para felicitar os seus antigos colegas. Para o ano, Gisela Mouteira e alguns dos seus colegas serão Juniores Sub-19, mesmo no desporto federado, o que permitirá "sonhar" mais alto.

"A um passo da selecção nacional"

Solicitada uma opinião sobre um eventual êxito desportivo mais assinalável a nível nacional ou mesmo internacional, Luís Vaz não vai tão longe, mas acredita que "a Gisela está a um passo de ir a uma selecção nacional", se tivermos inclusivamente em conta que "a miúda a quem ela ganhou já se encontra na selecção nacional".

Contudo, pensar que poderia abarcar uma profissionalização nesta modalidade, acha difícil, atendendo ao nível que o Badminton possui a nível nacional, em que não existem atletas profissionais, estatuto só atingido na Ásia, Indonésia e China.

Luís Vaz e Pedro Câmara sentem-se professores "completamente realizados", afirmando convictamente que "este título nacional foi das maiores alegrias da minha vida"

Voto de louvor

No decorrer da reunião camarária da passada Segunda-feira, quando uma turma de alunos da Escola Preparatória e Secundária de Caminha se apresentou no Salão Nobre reivindicando acções concretas que eliminem a proliferação de plásticos e papelões na feira de Caminha, Luís Quartéu, professor coordenador do Desporto Escolar, aproveitou a ocasião para chamar a atenção para o sucesso da equipa de Badminton e da Gisela Mouteira nesse fim-de-semana, ao qual o vereador Rui Lages, responsável pela área do Desporto camarário, lhe mostrou um voto de louvor que iria apresentar momentos depois, como veio a suceder seguidamente, obtendo a aprovação de toda a vereação.



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