A equipa iniciada do Clube Andebol de Caminha (CAC) prossegue só com vitórias o seu percurso na Série B da Zona Norte.
No último fim-de-semana recebeu e venceu folgadamente o Fafe no Pavilhão Municipal de Caminha.
Jogadoras entusiasmadas
Ana Pereira e Andreia Beatriz, ambas com 14 anos, integraram o grupo de jogadoras do CAC que disputaram este jogo.
Ana Pereira surgiu no andebol por sugestão de sua mãe há dois anos e, embora inicialmente, não lhe tivesse agradado muito, "agora, estou a adorar, estou completamente apaixonada pelo andebol", facto bem visível pela forma exuberante com que celebrava os seus golos e os da sua equipa.
Por seu lado, Andreia Beatriz joga andebol desde os seis anos, por influência de seu pai, Cabé, treinador desta modalidade. Jogou em Afife, mas, explicou, "como não havia equipa feminina de Iniciadas vim para aqui". A primeira estuda em Caminha, e a segunda, na Pedro Barbosa em Viana do Castelo. Ambas participam ainda no Andebol escolar, na escola caminhense, e o facto de Andreia se encontrar matriculada na escola vianense, tal não a impede de se incorporar noutro grupo de desporto escolar distinto do estabelecimento de ensino da capital do distrito.
Andreia Pereira considerou o jogo desse dia "muito bom, embora ainda pudesse ter sido melhor, mas o que interessa é ganharmos". Admitiu ser importante para a sua formação desportiva as instruções e ensinamentos que seu pai lhe dá. Actualmente, já integra a selecção regional de Braga.
Ambas consideram que o "CAC vai bem", como salientou Andreia Pereira, "um clube organizado, com vários escalões e estamos bastante bem".
Como referências do Andebol português, esta jovem atleta aponta os nomes de Quintana, guarda-redes do FCPorto e André Martins do Sporting, agora a jogar na Grécia.
Já Ana Pereira não tem preferencia especial por qualquer jogador, dizendo simplesmente que "gosto de todos".
Jogadora caminhense alinha no Porriño e colabora com o CAC
As duas irmãs caminhenses Cerqueira (Bárbara e Ana) jogam actualmente no clube galego do Porriño, depois de terem passado pelo Mecalia Guardés, pelo qual a segunda se sagrou campeã sénior de Espanha há duas épocas. Bárbara veio dar uma ajuda técnica ao CAC, e orientou esta partida contra o Fafe. Na escola de Caminha, onde estudou, praticou andebol no desporto escolar, antes de rumar para terras galegas onde se afirmou.
Precisou que já no ano passado tinha prestado apoio ao CAC, e, nesta época, devido a que a técnica Gabi (Gabriela Pereira), se encontra em licença de maternidade, "ela pediu-me para ajudar e cá estou" a orientar as Iniciadas. Elogiou o "potencial" destas jovens jogadoras para "serem uma grande equipa, mas temos que trabalhar e ter as ajudas certas - tentar arranjar mais recursos e apoio, sem os quais tudo é mais difícil -, e acredito que vai dar certo".
Embora não se encontre bastante embrenhada na estrutura do clube, dado que a sua função é somente técnica, admite que "isto poderia andar mais para a frente se houvesse mais recursos", mas, precisou, "mesmo com os escassos recursos que temos, acho que fazemos todos um grande trabalho".
Aproveitamos para lhe perguntar sobre a sua (e de sua irmã) prestação no Porriño, confirmando ser uma "dupla de sucesso", tanto dentro de como fora dele, e, "como somos as duas defensoras natas, tem corrido tudo muito bem".
Pedindo-lhe uma comparação entre o seu actual clube e o Guardés, não quis colocar em patamares diferentes estes clube, porque "têm estruturas diferentes, embora na minha opinião o Porriño tem uma estrutura mais completa, mas este ano temos jogadoras novas que se estão a habituar ao nosso estilo de jogo e de defesa, sendo preciso dar tempo ao tempo", sem descartar, no entanto, "conseguir grandes coisas esta época".
Bárbara Cerqueira, 22 anos, assegura não possuir qualquer nostalgia em relação ao primeiro clube onde jogou no Campeonato Espanhol, o Guardés, porque "estou muito contente, muito feliz, a fazer aquilo que gosto juntamente com a minha irmã e não podia estar melhor", confirmou-nos esta atleta que acabou no mês passado o curso de terapia da fala e não descarta a possibilidade de exercer essa profissão no país vizinho. Compaginando-a com a prática da modalidade de que mais gosta.
40 atletas
Embora não esteja a exercer a função de treinadora por se encontrar em licença de maternidade, Gabriela Duarte não quis deixar de marcar presença neste jogo e de apreciar o momento actual do CAC, clube a quem tem prestando apoio técnico desde 2006.
Referiu ao C@2000 as camadas jovens que possuem: minis femininos, infantis masculinos, estamos a criar agora a de infantis femininos, as iniciadas e em breve as juvenis femininas, que incluirão algumas iniciadas após o término da Série B agora em disputa.
Um total de 40 atletas integram os escalões de formação, tendo como objectivo último preparar equipas seniores, não descartando Gabriela Duarte "dar ainda uma perninha como sénior".
Estes andebolistas são orientados por dois técnicos com grau (ela própria e o Tenedório), a par de Bárbara Rodrigues que a substitui. Salienta, contudo, a celebração de um protocolo com a Federação Portuguesa de Andebol, que lhes permitirá realizar em Caminha um curso de treinadores, a exemplo do que já fizeram com os árbitros, e alargar estas formações aos professores do Agrupamento de Escolas do Concelho de Caminha, dado possuírem desporto escolar na modalidade de andebol.
Desporto escolar deveria ter prioridades
Na opinião de Gabriela Duarte, o desporto escolar que se pratica no Agrupamento deveria enquadrar ou encaminhar os jovens para as modalidades praticadas nas associações desportivas do concelho de Caminha. Recordou que nas outras modalidades é possível aos miúdos iniciá-las, "mas não têm sequência no ano seguinte".
A ausência de clubes a praticar andebol no distrito, torna-se num problema acrescido para a modalidade, reconhece esta técnica, porque obriga a deslocações mais longas e mais onerosas, pese embora as atletas gostem destas viagens, frisou. Tendo em vista minorar este problema, a Federação Portuguesa de Andebol está a tentar protocolar com as escolas do distrito a prática desta modalidade, no intuito de conseguir que surjam clubes dispostos a abraçar este desporto, contou-nos esta técnica.
Acentuou ainda, a existência de "um grupo de pais dispostos a ajudar", o que se revela num auxílio precioso.
Rematando, disse que o envolvimento da escola (através do desporto escolar) e da comunidade no projecto do CAC, são passos decisivos na expansão do andebol.
Pais colaboram com clube
Os pais dos alunos incentivam os jogadores durante os encontros, transportam-nos para alguns deles e chegam a colaborar nas refeições, aquando das deslocações mais distantes.
Olga Araújo é uma das encarregadas de educação que apoia o clube nestes domínios, designadamente na disponibilização dos "carros, quando não há transporte, para levar as atletas para os jogos", contou-nos no intervalo do encontro de Iniciadas, quando se encontrava na bancada com outros pais, puxando pelas atletas.
"É por gosto, pelos filhos e para ajudar o clube", estes são os objectivos do conjunto de pais empenhados em que o CAC singre, facto evidente para eles, ao "ter evoluído bastante em termos de jogo", considerando estarem perante uma "boa equipa de Iniciadas e estão a portar-se bem".
Possuir uma carrinha seria "excelente", admitiu, pois "nem sempre temos disponibilidade para irmos com elas ou conseguirmos acompanhá-las", confirmando ainda que pagam "algumas refeições, lanches, etc.".
Praias como promoção da modalidade
Segundo Anabela Dias, membro da direcção do CAC, este clube fundado há 31 anos funciona com regularidade e com resultados desportivos positivos.
A questão dos transportes tem vindo a ser solucionada com a disponibilidade dos pais dos atletas, atendendo a que a "política camarária de transportes não consegue assegurá-los em todas as deslocações".
Refere que a Câmara de Caminha também apoia financeiramente o clube, tal como alguns patrocinadores particulares, embora a tecido empresarial não seja o suficientemente forte para conseguir sustentar todas as modalidades praticadas neste concelho.
Da parte da Federação de Andebol, o apoio consubstancia-se no apoio ao desporto escolar, esperando que o CAC venha a beneficiar com essa política, através da captação que consiga fazer.
A Junta de Freguesia de Caminha disponibiliza uma sede permanente da Casa das Associações e prepara-se para patrocinar equipamentos, através dos subsídios dos dois últimos anos, segundo nos revelou Miguel Gonçalves.
No final deste ano desportivo, pretendem criar campos de prática de andebol nas praias, uma actividade a desenvolver pelo próprio Município dentro da animação de verão, contando para tal com o seu "apoio logístico", no transporte de balizas e preparação dos espaços onde se desenvolverão estas actividades.