O edifício onde funcionou a Cooperativa de Ensino Ancorensis e a respectiva quinta foram adquiridas pela Caminha Vilage (Gestão Hoteleira, Turística e Imobiliária), sediada no Lugar de Coura, em Seixas, por negociação directa com o administrador judicial do processo de insolvência e após ter recebido a aprovação de cinco dos seis membros da Comissão de Credores reunida há dias para decidir sobre a proposta da empresa composta por três sócios residentes no concelho de Caminha.
Dinheiro não é suficiente para todos as credores
O edifício acabou por ser comprado por um milhão de euros e a quinta por 125.000€, embora alguns antigos funcionários não tivessem concordado porque o dinheiro não seria suficiente para pagar integralmente a todos os credores.
Após a aprovação deste negócio, os interessados deverão depositar uma caução de 20%, após o que aguardarão pela tramitação judicial que decorrerá pelo Tribunal de Caminha que permita a realização da respectiva escritura.
Dois irmãos sócios optaram pelo silêncio
Tentamos confirmar junto de dois sócios (irmãos) da empresa se avalizavam as informações que davam como objectivo da aquisição a adaptação a um Lar (Turismo Sénior) particular, mas sem resultado.
Contactámos Miguel Alves, presidente do Município caminhense, sobre este assunto que vinha preocupando a autarquia e os credores da cooperativa, mas, embora tivesse optado por não se alongar muito em comentários "enquanto ele não estiver formalmente resolvido", sempre nos foi dizendo que logo que "a Ancorensis decidiu encerrar abruptamente, o Município teve que juntar forças para que todos os problemas fossem resolvidos".
"Conseguimos!"
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O autarca caminhense, hierarquizando este processo, frisou que logo de início "foi preciso garantir que a maioria dos alunos do concelho de Caminha permanecessem a estudar no nosso Agrupamento, conseguimos! Depois, era preciso valorizar o polo escolar de Vila Praia de Âncora e criou-se o ensino secundário público na maior vila do concelho, conseguimos! A seguir, era preciso garantir que as instalações da escola do Vale do Âncora melhorassem e todos os anos foi feito investimento na criação de salas, novos laboratórios e zonas de cobertura, conseguimos! Ao mesmo tempo, tivemos que liderar com dezenas de desempregados que agora estão a trabalhar, conseguimos", acentuou.
O autarca vincou que foi necessário "resolver um problema que não criamos graças ao esforço de muitos, a começar pelo Agrupamento, pais, professores e funcionários e a acabar na população".
Resolvidos estes problemas, precisou Miguel Alves, "era necessário que os credores resolvessem o problema das instalações. Esperamos muito tempo e, obviamente, não quisemos, nem podíamos, interferir nas decisões a tomar".
Município envolvido na viabilização do novo projecto
Prosseguindo as suas explicações sobre o envolvimento do Executivo neste processo que se arrastava no tempo, adiantou que se tinham empenhado na captação de "investidores e procuramos quem oferecesse o melhor preço possível pelo edifício e terrenos e a proposta surgiu" agora.
Embora reconhecendo que embora os valores conseguidos "não correspondam totalmente aos valores esperados (não cobrem totalmente os créditos reclamados, segundo apurámos), o Município está satisfeito com o novo ciclo que se inicia, agora, para a antiga Ancorensis", admite o autarca.
Projecto "agrada-nos"
Adiantou-nos ainda - embora sem adiantar pormenores - que o projecto que o investidor tem em mãos "tem vindo a ser debatido com a Câmara e agrada-nos", uma vez que "vai trazer nova dinâmica à zona, criar emprego, servir a população de Vila Praia de Âncora e encaixa-se como uma luva na estratégia de valorização turística do concelho de Caminha", afiançou.
Miguel Alves prometeu "avançar com mais novidades, quando todas as formalidades se consolidarem".