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TRIBUNA
Espaço reservado à opinião do leitor

"Halloween" e "Mês das Almas"

Desde o século IV a Igreja da Síria consagrava um dia para festejar "Todos os Mártires". Três séculos mais tarde o Papa Bonifácio IV († 615) dedicou a "Todos os Santos" o panteão romano. Com o passar dos séculos passou a celebrar-se a solenidade de "Todos os Santos" no dia 1 de novembro. Como festa grande, esta também ganhou a sua celebração vespertina ou vigília, que prepara a festa no dia anterior (31 de outubro). Na tradução para o inglês, essa vigília era chamada All Hallow's Eve (Vigília de Todos os Santos), passando depois pelas formas All Hallowed Eve e "All Hallow Een", até chegar à palavra atual "Halloween".

A celebração do 31 de Outubro vem sendo ultimamente promovida por diversos grupos "neo pagãos", e em alguns casos assume até mesmo o caráter de celebração satânica e ocultista. No cinema, Hollywood contribui para isso com vários filmes ao longo das últimas décadas: este ano fomos brindados com mais um filme "Halloween", nas salas a partir de 25 de outubro. Outro exemplo do gosto pelo horror é a tão popular série televisiva "The Walking Dead", estreada no dia 31 de outubro de 2010, que vai já na nona temporada. A ligação desta "festa" com o mal e com o ocultismo comprova-se também pelo fato de que na noite do 31 de outubro se realizam em muitos lugares missas negras e outras reuniões deste tipo.

O dia 1 de Novembro inicia o "Mês das Almas", tão devotamente vivido em tantas Comunidades Paroquiais, com as visitas ao cemitério mais intensas, com a festa das Almas do Purgatório, chamada "Jubileu das Almas", em que as pessoas em cada Paróquia são chamadas à conversão, através do sacramento da Penitência celebrado em todas as igrejas paroquiais, o ofício solene de laudes ou vésperas cantado pelos sacerdotes, os emotivos sermões das Almas do Purgatório, o despertar cedinho do dia 2, Comemoração dos Fiéis Defuntos, em que as celebrações eucarísticas começam antes do raiar do sol…

Nas Paróquias a que Cristo me chamou a ser Pároco, assim como em tantas e tantas outras, há uma profunda vivência deste mês, com imenso dinamismo promovido pela piedade e devoções católicas e pela solidariedade e comunhão entre os seus habitantes.

Deve haver sempre o cuidado e sensibilidades pastorais para que os actos organizados e apoiados pelos católicos não ofendam algumas sensibilidades: o fantasma que possa "vaguear" pelas ruas pode ser visto como a alma do pai de alguém que já morreu… o morto vivo que anda a pedir "doçura ou travessura", vivendo uma tradição que não é nossa, pode ser vista como sendo a mãe falecida que vagueia por aí… as "alminhas" são pessoas santas que, após a morte, se preparam para entrarem na vida plena do Céu, pelo que, na minha óptica, não fica bem usar as "alminhas" para festas ou sustos e gritos de meia noite!

Noutras alturas do ano, como no carnaval, por exemplo, as mesmas máscaras podem não ter o impacto que têm nesta altura! Sei que interessa ao comércio, pois esta é uma época "baixa" para as trocas comerciais, mas nem tudo está à venda! O que é sagrado para nós não se vende por preço nenhum! Esta é uma quadra de serenidade e paz que as pessoas procuram para si e (para quem professa a fé católica) para os que partiram à nossa frente. Comungo perfeitamente da distinção entre o civil e o religioso, mas os "civis" são "religiosos" e é em nome da sensibilidade católica que me pronuncio.

P. Paulo Emanuel



ALTO MINHO NO TOP 100 DOS DESTINOS SUSTENTÁVEIS A NÍVEL MUNDIAL

O Alto Minho, segundo notícia de Cristina Paço, do CIM ALTO MIMHO, no nosso colega CERVEIRA NOVA, de 5 do corrente, integra, pela primeira vez, a lista dos 100 melhores destinos sustentáveis do mundo, no âmbito da iniciativa"TOP 100 SUSTAINABLE DESTINATION 2018". O anúncio oficial foi feito no dia 27 de Setembro, data que assinala o Dia Mundial do Turismo, na Conferência Global Green Destinations, na Holanda. A Região do Alto Minho abarca os dez concelhos do distrito de Viana do Castelo, nomeadamente Arcos de Valdevez, Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Ponte da Barca, Ponte de Lima, Valença, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira e possui uma área de 2210 kms.

Este selo de qualidade resulta de uma candidatura apresentada em Abril passado pela Comunidade Intermunicipal do Alto Minho ( CIM ALTO MINHO), à Green Designations, rede institucional que lidera uma parceria de 15 organizações internacionais especializadas em Turismo sustentável e avalia os destinos concorrentes a nível mundial. A competição tem como principal objectivo " DESTACAR HISTÓRIAS DE SUCESSO E TROCAR BOAS PRÁTICAS PARA TORNAR OS DESTINOS TURÍSTICOS MAIS SUSTENTÁVEIS, GERANDO BENEFÍCIOS PARA AS COMUNIDADES LOCAIS E PARA OS VIAJANTES". O Tema escolhido para a edição deste ano foi precisamente" TURISMO PARA BENEFICIAR AS COMUNIDADES LOCAIS".

A Região do Alto Minho demostrou ter um bom desempenho nos 30 critérios chave avaliados, relacionados, por exemplo, com as potencialidades do destino; medidas de protecção e conservação da natureza e meio ambiente e dos recursos culturais e tradições: a qualidade do ar, saúde e bem-estar social; a promoção de produtos locais e serviços ou a oferta de operadores turísticos, alcançando uma cotação de 8,7 em 10 pontos possíveis, ou seja, bastante acima do limiar mínimo estabelecido de 6,7 pontos.

Este ano mais de 200 destinos concorreram a esta prestigiada lista, tendo a organização considerado cerca de 100 candidaturas, das quais foram seleccionadas, numa primeira fase do concurso, que terminou a 1 de Maio passado, 60 destinos de 24 países. A segunda fase decorre até ao próximo dia 15 de Outubro, sendo a lista fial do "TOP 100 SUSTAINABLE DESTINATIONS 2018" revelada no próximo mês de Dezembro. A segunda fase decorre até ao próximo dia 15 de Outubro ( Próxima Terça Feira), sendo a lista final do "TOP 100 SUSTAINABLE DESTINATION 2018", revelada no próximo mês de Dezembro. O que quer dizer que vai ser necessário pedir a prorrogação do prazo.

Entre os melhores destinos sustentáveis do mundo já seleccionáveis encontram-se as regiões de Kamaishi (Japão), Ajloun Forest Reserve ( Jordánia), Vail( Colorado, nos EUA, Lygenfjord( Noruega) Vancover ( Canadá), Bretagne ( França) Town of Dmis (Croácia, Nijnegen ( Holanda), ILHAS ATLÂNTICAS DA GALICIA (Espanha) Suwon ( Haaseong ( Coreia do Sul) e Malmo ( Suécia). A lista dos primeiros 60 destinos do TOP 100 de 2018 está disponível no site WWW. SUSTAINABLETOP100.ORG.

Refira-se que o Alto Minho, conhecido por ser uma região certificada pela sua excelência natural, tem cerca de 30 por cento do seu território incluído na REDE NATURA 2000, sendo também a primeira NUTS III de Portugal Continental a possuir o Galardão de CARTA DE TURISMO SUSTENTÁVEL (CETS), concedida pela Federação Europeia de ParquesNacionais e naturais ( FEDERAÇÃO EUROPARC).

Alto Minho no Top 100 dos destinos sustentáveis a nível mundial. As Islas Atlânticas da Galicia, candidataram-se. Espero que CAMINHA, A NOIVA DO MINHO, e VIANA DO CASTELO, A PRINCESA DO LIMA façam o mesmo. ALTO MINHO…ALTO MINHO, ACORDA PARA O TURISMO!

Antero Sampaio



Agradecimento: Criador da Conciliação

Conceptualizar a gratidão como um sentimento, uma virtude, um valor social, um traço da personalidade, uma característica da educação, ou uma atitude de reconhecimento, por um bem recebido, poderá ter interesse na perspectiva argumentativa, no plano teórico da construção de uma tese, no âmbito da demonstração de boas maneiras.

O essencial, porém, poderá ser abordado no plano prático, pela revelação de comportamentos coerentes e permanentes, de reverência e humildade, perante quem e/ou a quem se presta ou deve gratidão, independentemente do tempo, do espaço e das circunstâncias em que se recebeu o benefício, posterior e definitivamente, objeto de gratidão.

Tão importante quanto o conceito teórico será, porventura, a conduta prática de quem é grato ou ingrato. Atualmente, valores desta natureza ou, se se preferir, princípios que se adotam para manifestar certo tipo de posições, face ao outro, ao grupo ou à instituição, de quem se recebe uma atenção, um apoio, um bem, escasseiam cada vez mais na sociedade de consumo, do TER, do conseguir algo, do atingir fins, sem se olhar aos meios e desvalorizando o SER.

O exercício de um qualquer poder, enquanto permite, a quem o detém, auxiliar aqueles que precisam resolver diversas situações, serve, exemplarmente, para se desenvolver o tema da gratidão e/ou, pela negativa, ingratidão. Na verdade, enquanto as pessoas beneficiam de alguém que tem poder, seja de decisão, de influência ou outro, aparentemente (por vezes, fingidamente) demonstram algum tipo de gratidão, pelo menos enquanto têm problemas, que podem ser resolvidos por quem detém esse mesmo poder, ou consegue influenciar numa decisão favorável.

Resolvida a situação, ou não havendo mais condições para o exercício do poder, passa-se a um afastamento gradual, à indiferença, ao esquecimento, daquele que numa determinada época tinha poder, ajudava, influenciava, resolvia, sempre com solidariedade, amizade, lealdade e cumplicidade.

Vive-se o oportunismo de cada momento, extrai-se o máximo de benefício e depois segue-se o longo período de ostracismo, porém, em muitos casos, até se invertem os papéis e surge, agora, a situação mais censurável: o que foi ajudado e agora pode ajudar quem o ajudou, pura e simplesmente, ignora e não retribui os benefícios que antes recebeu de quem agora precisa de apoio, solidariedade, amizade, lealdade e compreensão, uma "mãozinha", como diria a sabedoria popular, a voz do povo.

Graves são as atitudes daquelas pessoas que, depois de eleitas, não só ignoram os que as apoiaram, como as perseguem, bem como às famílias, com "técnicas sub-reptícias", e/ou na esfarrapada desculpa da lei, da transparência, do rigor e da isenção. As pessoas são importantes e valiosas enquanto servem os interesses daqueles que delas precisam, numa determinada época, num contexto muito concreto, com objetivos muito específicos, previa e inconfessadamente determinados.

Refletir sobre esta realidade é o objeto do presente trabalho que, partindo de alguns conceitos, várias situações, facilmente identificáveis na sociedade, se demonstrará que, sendo a gratidão um valor, um sentimento, uma atitude, ela, a gratidão, deve fazer parte da educação/formação da pessoa humana, porque, qualquer que seja o conceito, é fundamental que na prática, em todas as circunstâncias, as pessoas não tenham preconceitos em manifestá-la, em público ou em privado, demonstrá-la sincera e entusiasticamente.

Adotar uma conduta de agradecimento acaba por ser compensadora para quem a recebe, e para quem a manifesta, trata-se de uma atitude nobre, de humildade e elevada dignidade, que só engrandece quem a pratica verdadeira e genuinamente, afinal, com total liberdade, amizade e lealdade.

As causas que, eventualmente, possam estar na origem de atitudes e comportamentos mal-agradecidos, acredita-se que sejam de natureza diversa e que, quaisquer que sejam os motivos, não justificam os procedimentos característicos da ingratidão: insensibilidade para reconhecer valores, sentimentos e atitudes recebidas, como, por exemplo: amabilidade, consideração, estima, amizade, solidariedade, lealdade?

Gratidão, gentileza, humildade serão conhecimentos, práticas, princípios, valores, deveres ou quaisquer outras designações que, na mentalidade de quem não os pratica, possivelmente, não se enquadram num saber-fazer que proporciona lucros, dividendos materiais: em numerário, ou de natureza ainda mais substantiva. Como se chega a esta insensibilidade é uma questão que se compreende com alguma clareza, pelas razões já apontadas, entre outras, eventualmente, ainda mais graves.

O humanismo que existe em muitas pessoas pode ser a base de partida para a criação de grandes movimentos e instituições de solidariedade que, simultaneamente, espalham o bem e transmitem a ideia de gratidão para com aqueles que participam nestas instituições, isto é, benfeitores que se solidarizam para com uma situação, uma causa, uma iniciativa humanitária e altruísta, se se sentirem alvo de gratidão dessa instituição, os beneficiários que posteriormente vierem a ser contemplados, pela mesma instituição, sentir-se-ão na obrigação de manifestarem gratidão e reconhecimento públicos. Talvez se gere uma cadeia de solidariedades e gratidões que, dentro de algum tempo, todos possam manifestar esse sentimento tão nobre, quanto humilde.

A virtude da gratidão deve ser uma prerrogativa marcante, da família bem estruturada, na personalidade de cada um dos seus membros. Aliás, como deverá acontecer em relação a todo o processo de socialização, em todas as suas vertentes e fases que conduzem à boa e plena integração do indivíduo humano, numa sociedade de princípios, de valores, de sentimentos e de emoções.

Gestos tão simples como o marido agradecer à esposa uma pequena atenção, um sorriso terno, confiante e amoroso, um olhar embevecido para o seu companheiro e vice-versa, constituem motivos suficientes para o outro cônjuge revelar gratidão, desde logo, retribuindo com idêntica espontaneidade, sinceridade e amor. Igualmente, com as devidas adaptações, claro está, o mesmo vale entre amigos que, verdadeiramente, se querem muito bem, que nutrem, reciprocamente, aquele sincero "Amor-de-Amigo"

Utiliza-se, frequentemente, a expressão "gratidão eterna", pretendendo-se significar um agradecimento para toda a vida, porém, não basta utilizá-la uma vez e não a praticar posteriormente, porque se assim acontecer, entra-se no âmbito da "gratidão de oportunidade", eventualmente, menos sincera.

Será mais correto, verdadeiro e gratificante, manifestar esse agradecimento ao longo da vida, sempre que as circunstâncias o aconselhem, como por exemplo para elogiar e/ou defender a pessoa que é objeto da gratidão de outra, naturalmente, com total honestidade de consciência e prazer em revelar, publicamente, essa gratidão.

Quem presta gratidão a outrem, é porque recebeu algum bem dessa outra pessoa, sob qualquer forma: uma palavra amiga, um gesto de solidariedade, um favor, uma influência para resolver uma situação, enfim, um benefício material ou imaterial; uma atenção que veio ajudar numa qualquer situação, sem a qual, a resolução daquela, não seria tão favorável, ou nem se teria alcançado.

A pessoa grata sente-se de bem consigo própria e com aquela a quem agradece, o que causa em ambas uma sensação de bem-estar, de tranquilidade e do dever cumprido. Por outro lado, a pessoa que pratica atos e ações, que disponibiliza apoios que conduzem à resolução de problemas de um seu semelhante, igualmente vai-se sentindo realizada, e bem relacionada com aqueles a quem presta atenção.

A gratidão é, por isso mesmo, um sentimento que se funda na virtude do reconhecimento, da homenagem e da amizade, e, na verdade, quem é objeto de gratidão é porque: primeiro, procedeu para com outrem de forma excecional, a que, eventualmente, nem estaria obrigado a tal, então, o beneficiário da atenção recebida, sente-se como que realizado na sua capacidade de agradecer, quando manifestar gratidão, ao ponto de o fazer com um misto de amizade, orgulho e admiração; depois, entre as pessoas envolvidas, estabelece-se, de ora em diante, como que um cordão umbilical duradoiro, de consideração, estima e carinho, pelo qual circulará uma amizade e benquerença que, obviamente, conduz a uma maior harmonia, tranquilidade e realização pessoal. A gratidão não humilha, nem minimiza quem a manifesta, pelo contrário, enobrece e dignifica a pessoa que sabe ser grata.

Diamantino Bártolo


Edições C@2000
Do Coura se fez luz. Hidroeletricidade, iluminação pública e política no Alto Minho (1906-1960)"
Autor: Paulo Torres Bento
Edição: C@2000/Afrontamento
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Da Monarquia à República no Concelho de Caminha
Crónica Política (1906 - 1913)

Autor: Paulo Torres Bento
Edição: C@2000


O Estado Novo e outros sonetos políticos satíricos do poeta caminhense Júlio Baptista (1882 - 1961)

Organização e estudo biográfico do autor por Paulo Torres Bento
Edição: C@2000


Rota dos Lagares de Azeite do Rio Âncora

Autor: Joaquim Vasconcelos
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Memórias da Serra d'Arga
Autor: Domingos Cerejeira
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