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TRIBUNA
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Treze de Maio. Fátima que nos acompanha

Entre as várias e muitas características do povo português, ainda e por enquanto, maioritariamente católico, é a sua Fé na Virgem de Fátima, a cujo Santuário acorrem, diariamente, em número relativamente significativo, aumentando aos fins-de-semana, tendo o seu expoente máximo nos meses de Maio, Outubro e Agosto, porque se celebram as aparições e no verão é quando se regista o maior número de emigrantes portugueses e peregrinos de outras nacionalidades, respetivamente, com destaque para os brasileiros.

Os portugueses, na verdade, são um povo crente e o apego a Deus e aos Santos verifica-se a cada momento, nas mais diversas e complexas circunstâncias, de tal forma que, mesmo algumas daquelas pessoas que se autointitulam de não-crentes, agnósticas, ateias e outras posições, algumas das quais de duvidosa consistência religiosa, na verdade e quando em situações de grande desespero pessoal, familiar ou outra, no limite, sempre acabam por pronunciar, pelo menos, o nome de Deus: "Vala-me Deus"; "Deus me acuda", ou de uma figura santificada: "Nossa Senhora me defenda, proferindo, portanto, o nome da/o santa/o a quem podem ajuda em troco, muitas vezes, do cumprimento de uma promessa.

Escusado será referir que toda e qualquer pessoa bem-formada, acatadora das ideias, convicções e comportamentos do seu semelhante, a atitude mais adequada é a de total respeito pela religião professada, concordando, ou não, partindo, sempre, do princípio que não existe radicalismo, fundamentalismo e ações violentas, por parte de quem se diz praticante de uma dada confissão religiosa.

Numa sociedade democrática, na qual a liberdade de expressão e de religião são direitos consagrados constitucionalmente, na respetiva Lei Fundamental, eles, os direitos, devem ser escrupulosamente exercidos, com equilíbrio, moderação e igual respeito pelas posições daquelas pessoas que, não sendo crentes, nem professando nenhuma religião, acatam, contudo, o comportamento dos crentes católicos, neste caso e em geral, mas também de outras confissões religiosas.

Em Portugal, o Mês de Maio está consagrado como sendo um período "Mariano", dedicado a Nossa Senhora de Fátima, porque foi em treze de Maio de mil novecentos e dezassete que teria ocorrido a primeira aparição da Virgem aos três pastorinhos: Lúcia, Jacinta e Francisco, na Cova da Iria, em Fátima, para, em Outubro do mesmo ano, nova aparição se ter repetido.

De então para cá, a Fé, a devoção e o apego à Senhora de Fátima evoluíram exponencialmente, de tal forma que: quer as instalações anexas à Capelinha das Aparições, como o imponente Santuário Mariano, quer as infraestruturas instaladas para acolher os peregrinos, quer as vias de comunicação e acesso, quer, ainda, a indústria hoteleira e de restauração, bem como o turismo religioso, beneficiaram de um incremento jamais equiparável noutras localidades portuguesas, em tão pouco tempo, o que não retira as convicções de quem recorre a Nossa Senhora de Fátima, em situações de maior aflição na vida e/ou para agradecer alguma "Graça" recebida, e isso tem de se respeitar.

O Mês Mariano em Portugal é de grande veneração a Nossa Senhora de Fátima, praticamente em todas as aldeias, vilas e cidades do país. As peregrinações a Fátima, seja de transporte motorizado, seja a pé, partindo de qualquer recando do país, ou do estrangeiro, são às centenas de milhares de crentes que vão à Cova da Iria para: pagar promessas, pedir ajuda e manifestar à Santa a sua Fé e Fidelidade.

Quem entra no recinto do Santuário de Fátima, imediatamente sente-se como que num mundo celestial de serenidade, de transcendência, de proteção e de mistério. Os receios da vida como que desaparecem, para darem lugar a uma confiança imensa, uma segurança que nos deixa mais fortes, uma Fé que se renova, à medida que caminharmos para a Capelinha das Aparições e depois para a Basílica. Igual sensação de bem-estar, quando se visita a Igreja da Santíssima Trindade. Enfim, um mundo "Sobrenatural" que nos leva ao recolhimento.

Maio Mariano, assim poderemos qualificar estes trinta e um dias de Oração, de Fé, de Peregrinação, de tentativa de realização de desejos e cumprimento das promessas. Os crentes, em geral; e os devotos de Nossa Senhora de Fátima, em particular, devem sentir-se orgulhosos, privilegiados, por poderem vivenciar experiências tão íntimas, misteriosas e salvíficas, na medida em que: é uma Graça Divina termos do nosso lado, a Senhora de Fátima.

Há quem desvalorize, eventualmente, ridicularize estes sentimentos religiosos. Também existem outras pessoas que rotulam os crentes de "ignorantes", "atrasados mentais", "supersticiosos" e outros epítetos que acabam, até, por ser difamatórios, mas que qualificam bem: a formação, a educação, os princípios, os valores, os sentimentos e o caráter de quem os produz.

Diamantino Bártolo


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