Já é tempo, caro leitor, de se escrever sobre a Mulher do Minho, mulher sempre bonita, com aquelas faces rosadas, com o seu traje domingueiro, nas Festas e Romarias deste Minho encantador. Mas, nada melhor, do que transcrever o pensamento desse grande poeta D. António da Costa, quando no seu livro (No Minho, 2ªedição, l900 a dado passo, afirmava: "Ah, Mulher do Minho! tu sabes o que é o trabalho, o que ele custa ao suor do rosto! teus parentes, párias na sua província, têm de ir pedir à terra estrangeira o pão de cada dia. Quantas vezes não é o teu parco alimento cortado de lágrimas e saudades! Não tens quem te ganhe, ganha-lo tu; tu é que lidas, formosa trabalhadeira e te sustentas no meio de uma lida insana, com que te dás à tua Pátria o mais belo exemplo. E contudo, essa vida admirável, esse trabalho portentoso, o que te deixam por dia? Um pedaço de pão de milho, um caldo, nem sempre uma sardinha. bacalhau raras vezes. O que te vale, gentil minhota, para não soçobrares de cansaço, é esse génio que tens, essa fantasia..."
Também Oliveira Martins, no seu livro "Portugal Contemporâneo" se referia assim ao carácter da Mulher Minhota, mulher também guerreira, capaz de pegar em armas , como no episódio da nossa História, conhecido pela Revolta da Maria da Fonte: "O sistema cabralino, secamente beirão, era em tudo oposto ao temperamento do Norte e o facto da CARTA haver sido restaurada no Porto mostra quanto essa empresa foi uma obra de quartel e secretaria, sem raízes no coração do povo. O governo, atacou as superstições, mandando que os mortos se não enterrassem nas igrejas. O Governo queria que "décima" rendesse o que devia; mas o povo via no imposto lançado por uma autoridade por ele estranha, desconhecida, a extorsão, a "ladroeira" dos homens de Lisboa. A Maria da Fonte tornou-se o símbolo dos protestos populares. A imaginação colectiva provou ter ainda plasticidade bastante para criar um mito uma fada -Joana d'Arc - antidoutrinária. O herói da revolução minhota devia ser uma mulher, não um homem, devia ser desconhecido, lendário. Os minhotos, afins dos bretões, criaram um herói feminino -guerreiro temível que iria a Lisboa bater esses tiranos do sul, conhecidos ainda hoje sob o nome do Senhor Governo: um monstro mais ou menos definidamente humano.
Maria da Fonte, por ser natural da freguesia de Fonte Arcada, do concelho da Póvoa de Lanhoso chefiou em 1846, uma rebelião que levou à queda dos sanguinários irmãos Cabral. Por isso, é mais uma mulher do Minho a ter um lugar na História de Portugal.
Em 2017, a Mulher do Minho continua igual a si própria. E certo que se aburgesou, quando foi "a salto" para França, para dar melhor educação e bem estar à sua família. Quando regressava a sua terra natal já " tocava piano e falava francês". Mas nunca perdeu o seu amor ao torrão natal que a viu nascer e crescer e agora, no seu País, na sua aldeia, longe de Paris, voltou à sua casinha, aos seus amigos, às suas galinhas, ao bácoro, as suas vacas. O carro de bois, passou a ser um tractor, mas ela A MULHER DO MINHO, ainda hoje se veste com os seus trajes "a vianesa", seja ela de Dem, de Afife ou de Ponte de Lima e trabalha no campo, como no tempo de menina e moça, onde a carne era servida uma vez por mês e uma sardinha, dividida por três pessoas. Quantas vezes comeu batatas solteiras….
Felizmente que os tempos mudaram, claro, MAS A MULHER DO MINHO, PARA MIM, SERÁ SEMPRE DIFERENTE, SERÁ SEMPRE MELHOR! Até porque eu sou também minhoto,
Desenvolver a comunidade local poderá ser um objetivo, apresentado sob a forma de promessa eleitoral que, ainda que vagamente, qualquer candidato ou já na qualidade de eleito, em exercício das respetivas funções, pretende alcançar, todavia, sabe-se que nem sempre é atingível, pelo menos em quantidade e qualidade. A gestão eficaz e estável só é possível com equipas de trabalho leais, empenhadas e coesas.
Primeiro, importa definir quais as áreas, projetos, recursos, objetivos, planeamento e verificação do desenvolvimento comunitário desejado, e quais as finalidades que se pretendem, a longo e médio prazos, com a implementação dos projetos. Se o objetivo de um dado projecto visa criar as infraestruturas necessárias, para se desenvolverem determinadas atividades, com a finalidade de se reduzir o desemprego, por exemplo, isto tem de ficar bem claro no programa eleitoral e, posteriormente, nas grandes opções do plano e correspondentes planos de atividades e respetivos orçamentos.
Geralmente, seja nas empresas, seja nos organismos públicos, haverá recursos que, pelo menos, numa determinada fase da vida da instituição, são escassos: umas vezes, são as matérias-primas e seus derivados; outras, os equipamentos; frequentemente, financeiros e, em diversas circunstâncias, os humanos, principalmente, em certos domínios do conhecimento, da técnica e da experiência.
Conciliar todos os recursos disponíveis, de forma equilibrada mas dinâmica, revela-se uma verdadeira arte, uma ciência e, indiscutivelmente, muito bom senso, capacidade de trabalho organizado, metodicamente desenvolvido durante o tempo que for estabelecido, para um dado projeto, com observância das várias fases do programa, no respeito pelas funções de cada interveniente, no âmbito de uma hierarquia estabelecida, até porque: "Existem estágios de desenvolvimento de qualquer instituição, com problemas característicos, que surgem a cada passo. Mas, a relativa dificuldade desses problemas em cada estágio, está condicionada a duas variáveis principais: a estrutura cultural e a capacidade e atributos humanos dos que estão investidos de autoridade." (DIMOCK, 1967:34).
Neste contexto, pode-se aceitar, como base de discussão, que a gestão autárquica equilibrada implica uma visão global da comunidade, para a partir dela elencar os melhoramentos que mais eficaz e duradouramente possam contribuir para o desenvolvimento sustentável, considerando-se que todo o crescimento e progresso nascem, essencialmente, do trabalho, seja na construção de grandes infraestruturas, seja na prestação de serviços, seja nas indústrias extrativas e transformadoras.
No quadro deste raciocínio, embora tendo presente certos limites económico-financeiros, de segurança e estabilidade, a própria Câmara, com o seu corpo de funcionários, equipamentos e outros recursos, também pode (e deve) contribuir para o bem-estar, este aqui considerado como uma forma avançada do desenvolvimento, de uma parcela da população residente, sem, contudo, cair num outro extremo, a quem se pede que resolva todos os problemas, sob pena de perder o controlo e a sustentabilidade de um progresso que deve ser igual para todos, no sentido dos benefícios a usufruir, face aos recursos disponíveis que, em última instância, pertencem a todos.
Defende-se, com realismo, sem qualquer favorecimento, em função de posições político-partidárias, mas com base em critérios suportados na competência, experiência, habilitações e também de natureza social, o maior e melhor corpo de funcionários e/ou trabalhadores, compatível com os recursos financeiros legais, destinados às despesas com o pessoal, de acordo com as atribuições e projetos municipais e/ou empresariais.
Por outro lado, não se deve descurar os legítimos interesses dos trabalhadores, suas famílias e dependentes que, aspiram, igualmente, ao desenvolvimento sustentável de suas próprias carreiras profissionais, com segurança e estabilidade, porque: "Geralmente, os componentes de uma empresa têm sempre presente a intenção de progredir, de aprender mais e melhor o seu ofício, de galgar, com esforço e com méritos, postos em que se possa ser mais útil e concorrer mais com a empresa. Há quem tenha não só o espírito mas a oportunidade de ajudar colegas a aprenderem mais e melhor o seu ofício (...).E tudo isto é uma maneira muito prática e imediata de se promover culturalmente." (SARTORI, 1990:120).
Preocupações de natureza social fazem a diferença entre: instituições que apenas visam objetivos materialmente lucrativos; e aquelas que desejam resultados positivos não só no plano financeiro como também ao nível sócio-cultural, incluindo nestas as próprias autarquias locais, na circunstância, Câmaras Municipais (Prefeituras no Brasil) e Juntas de Freguesia (Subprefeituras no Brasil).
Sendo os recursos humanos em geral constituídos por: dirigentes, técnicos, indiferenciados, todos eles fundamentais ao bom funcionamento das organizações, então a pessoa humana, enquanto tal, deve ser considerada essencial, imprescindível e merecedora das mais elevadas e distintas prerrogativas, tais como: a dignidade, o respeito, a lealdade, a fraternidade a remuneração justa.
Assim entendida e reconhecida, a pessoa-funcionário tem o direito de saber, diretamente da administração, quais as perspectivas profissionais e de progressão na carreira que a esperam. Compete ao executivo prestar todas as informações e garantias sobre as questões que preocupam os seus servidores, não alimentando falsas ilusões, em períodos muito especiais, para depois abandoná-las ou tê-las em situação de precaridade.
A dignidade da pessoa humana será tanto mais reforçada quanto mais se reconhecer ao funcionário e/ou trabalhador as suas capacidades pessoais, profissionais e sociais, designadamente: pelo trabalho, pelo estudo, pela competência e pela lealdade que ele manifesta no seio da organização, bem como pelo reconhecimento dos superiores hierárquicos, pelo público e pela progressão que vai tendo ao longo da carreira, por mérito próprio.
O executivo tem que saber gerir com imparcialidade e sentido de justiça os seus recursos humanos em geral, reforçando, em especial, aqueles que revelam, praticam e lutam pelos valores que integram a pessoa humana, nomeadamente, as legítimas e legais aspirações à melhoria do respetivo estatuto sócio-profissional, porque: "Em geral, os indivíduos lutam por status mais elevado e não por menos elevados em relação aos seus. As pessoas vivem e lutam por um novo status ou para preservar o que lhes convém. Isto justifica a insistência com que se procura melhor situação, muitas vezes com sacrifício do status de outrem. (...) A busca do status é universal. (...). Geralmente, quer se trate de uma sociedade democrática, quer não, existe uma hierarquização de status segundo valores. Na democracia, a ascensão ou queda de status é, em certos aspectos, mais fácil que em outros sistemas sociais, pois todos têm, teoricamente, as mesmas oportunidades." (TORRE, 1983:132-33).
O processo lógico e desejado, desenvolve-se, portanto, pela concretização das expectativas criadas, face a promessas pontuais que foram entendidas como verdadeiras, e para serem cumpridas logo, deve ter-se a certeza absoluta que existem os recursos financeiros suficientes, para que cada trabalhador tenha uma carreira profissional sempre em ascensão, até à respectiva categoria máxima, vulgarmente designada por "topo de carreira". O executivo terá a responsabilidade moral de cumprir com o que, entretanto, prometeu, sem prejuízo dos restantes projetos que beneficiam a população em geral.
A gestão autárquica e/ou empresarial sustentável implica, por isso mesmo, compreensão pelos legítimos e legais direitos dos cidadãos, mas também postula regras de boa aplicação dos recursos financeiros que, afinal, são provenientes, na sua maior parte, dos impostos de todos os contribuintes, bem como garantir uma boa situação económica da própria instituição, através da contenção de gastos, da não contração de empréstimos, principalmente em tempo de crise, como a que atualmente se verifica em todo o mundo.
A contração de empréstimos é um recurso que deve ser utilizado para melhoramentos públicos de interesse coletivo, para realização de projetos de natureza social, para pagamento de salários e incentivos à progressão nas respetivas carreiras dos funcionários e/ou trabalhadores da instituição, através do estudo, da formação permanente, sabendo-se, todavia, que alguns destes fazem parte daquele contingente de colaboradores, com salários superiores, embora sem perspectivas de progressão na respetiva carreira profissional, portanto, desmotivados, desvalorizados, porque colocados por critérios políticos e/ou simpatia, sem o reconhecimento do mérito próprio.
A gestão autárquica e/ou empresarial sustentável, na medida do possível, deve contemplar a realização de projetos que sirvam o bem-comum e não apenas uma parte do bem-comum, quando beneficia, somente, alguns cidadãos particulares e respetivas famílias.
A criação de postos de trabalho, também é uma atribuição das empresas privadas, com deveres sociais, até porque se tais empresas trabalham para o sector público do Estado e seus departamentos, à custa dos impostos dos cidadãos, então é justo que também se preocupem com o bem-estar dos trabalhadores, dando-lhes condições dignas de trabalho, estabilidade e progressão profissional.
A Autarquia ao promover concursos públicos para a realização dos seus projetos está, ainda que indiretamente, a criar e a sustentar postos de trabalho, logo, a contribuir para o desenvolvimento, progresso e bem-estar da comunidade, contudo, neste domínio deve haver a maior transparência, isenção e avaliação objetiva das qualidades, competências, experiência e, tanto quanto possível, provas dadas pelos candidatos a um posto de trabalho.
Considerando-se que determinados recursos - financeiros - têm continuado, ao longo do tempo, relativamente insuficientes, impõe-se, portanto: primeiro, mais apoio dos Órgãos Centrais do Poder, seja ele político ou empresarial; depois, uma administração racional, objetiva, sem pietismo nem ostentação, até porque certos sentimentos podem, inclusivamente, ofender e/ou humilhar os seus diretos beneficiários.
A compaixão e a piedade religiosas, por exemplo, têm uma aplicação diferente, porque genuínas e verdadeiras, da aparente "pena", e solidariedade, manifestadas em circunstâncias excecionais. O que realmente importa é que: "Em tempo de paz, os governos necessitam de recursos para poderem fornecer às populações índices condignos de civilização, justamente por todos desejados e que muitos reclamam; mas tais recursos, em suficiente quantidade, só podem provir de satisfatórias produções e circulação de riquezas, as quais inexistem quando não há boa administração. Por outro lado, a aplicação satisfatória dos recursos obtidos somente se pode verificar através de serviços públicos suficientemente racionalizados, pois os funcionamentos usuais, excessivamente custosos e morosos, reduzem os benefícios que aqueles recursos poderiam proporcionar ao povo." (MOITINHO, 1965:74).
Bibliografia
BARTON, Anthony, (1975). A Formação do Executivo. Trad. Roberto Cataldi. S. Paulo: Difel
CARNEGIE, Dale & ASSOCIADOS, (1978). Administrando Através das Pessoas. Trad. Ivan Zanoni Hausen. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército - Editora
CARVALHO, António César Perri de, (Org.). (1994). A Família, o espírito e o tempo. São Paulo: Edições USE - União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo
DIMOCK, Marshall E., (1967). Filosofia da Administração. Trad. Diógenes Machado e Arnaldo Carneiro da Rocha Netto. Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura - Brasil-Portugal
JENNINGS, E. E. (1972). O Executivo, Autocrata-Burocrata-Democrata. Trad. Oswaldo Chiquetto. S. Paulo: Livraria Pioneira Editora
MOITINHO, Álvaro Porto, (1965). Introdução à Administração. São Paulo: Editora Atlas, S.A.
SARTORI, Luís Maria, (1990). Quando a Empresa se Torna Comunitária. Aparecida SP: Editora Santuário.
TORRE, Della, (1983). O Homem e a Sociedade. Uma Introdução à Sociologia. 11ª edição. São Paulo: Companhia Editora Nacional.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo