Apoiada fortemente pelo público e pela sua empolgante claque, a equipa sénior da Associação Desportiva Juventude Vila Praia garantiu ontem (Sexta-feira) a presença na II Divisão Nacional do Campeonato Nacional, na próxima época desportiva, ao vencer em casa o Gulpilhares por 4-2, num jogo emocionante e em que os locais chegaram a ter de remontar o resultado que se revelara adverso (1-2).
Era um jogo muito importante para as aspirações locais, pois, a vitória sobre o segundo classificado (Gulpilhares, equipa de Vila Nova de Gaia), permitia ampliar a vantagem para 12 pontos, assegurando desde logo a presença no Campeonato Nacional da II Divisão no próximo ano (sobem duas equipas), e prestes a poder disputar o apuramento para a poule final que lutará pelo título nacional da III Divisão, composta pelos primeiros classificados das zonas Norte, Centro e Sul.
Foi um jogo bem disputado, com as duas equipas a lutar pelo triunfo, mas com um resultado incerto, até que César Pinheiro conseguiu fazer o 3-2, de livre directo a três minutos do final do encontro, após três oportunidades idênticas desperdiçadas pelo Vila Praia.
O jogo decorreu sempre com um ritmo intenso, e aos 8', César Pinheiro, rematou da melhor maneira um livre, conseguindo o primeiro golo da partida e da sua conta pessoal (3).
A meio da primeira parte, o Gulpilhares conseguiu empatar, e quase a terminar, Eduardo João não conseguiu converter um livre directo, o que teria permitido ao Vila Praia voltar a adiantar-se no marcador.
Na segunda parte, os locais surgiam ainda mais empenhados em voltar a marcar. Após César Pinheiro ter desperdiçado outro livre directo (o adversário tinha cometido 10 faltas), os gaienses fizeram o mesmo, valendo-lhe depois o ferro da sua baliza para que o segundo tento dos locais não vingasse.
Contra a corrente do jogo, o Gulpilhares conseguiu fazer o 1-2, criando mais incerteza no resultado, até que César Pinheiro, aos 9' visou, de longe, com êxito, a baliza adversária e estabelecendo o empate.
Após ter superado sem sofrer golos uma inferioridade numérica devido à expulsão de Rafa, por dois minutos, a equipa ancorense voltou a ter nova oportunidade (livre directo) para se adiantar no marcador aos 18 minutos, que César Pinheiro não conseguir converter, até que a três minutos do fim, o mesmo jogador, igualmente através de uma falta assinalada pelo árbitro, marcou o seu terceiro golo e o da sua equipa, para delírio de colegas e público.
Mesmo a acabar, ao cometer a sua 15ª falta, a equipa adversária permitiu que o Vila Praia dispusesse de uma nova oportunidade que Telmo Ramos não enjeitou, marcando o quarto golo e arrumando a decisão, garantindo uma vitória justa e preciosa, festejada exuberantemente por todos os jogadores, equipa técnica e directores e, naturalmente pelos adeptos.
César Pinheiro classificou de "único" o público ancorense
O atleta vianense César Pinheiro reconheceu perante o C@2000 no final do jogo que estes três golos vão ficar na sua memória para sempre, pelo que eles representaram para a equipa neste campeonato.
O excelente percurso que têm vindo a desenvolver, "são fruto de muito trabalho e estamos todos muito juntos neste objectivo de subir de divisão".
Sobre o jogo, referiu a importância de terem conseguido os três pontos que lhes concede uma vantagem importante (12 pontos) nesta fase final do campeonato, mas "ainda nada está decidido e vamos a continuar a trabalhar da mesma forma para atingirmos os nossos objectivos o mais rapidamente possível", assegurou.
O facto de só à terceira tentativa ter conseguido desfeitear o guarda-redes adversário nos livres directos, atribuiu-o à sua categoria, e na última oportunidade, "optei por uma maneira diferente de marcar o livre e resultou", explicou-nos.
Aos 26 anos, César Pinheiro já representou a Juventude de Viana, o Limianos e o Hóquei de Barcelos, mas definiu como "único, o público de Vila Praia de Âncora", dando como exemplo o facto de terem acompanhado em massa a equipa a Gulpilhares, numa sexta-feira, às 21H30, num fim-de-semana, em que as pessoas já estão cansadas, contando que este apoio continue até final do campeonato.
Não perder qualquer jogo até final do Campeonato Nacional
Rui Neto, treinador do Vila Praia, admitiu que através deste resultado "demos um passo importante, aumentando a diferença de pontos para o segundo e para o terceiro, digamos que temos quase o objectivo conseguido perante os 21 pontos que ainda temos de disputar", que será a subida e a conquista do título de campeão nacional de III Terceira Divisão. Sem descurar outro objectivo, que será "não perder qualquer jogo até final do Campeonato Nacional".
Não considerou que este jogo tivesse resultado complicado, definindo-o antes como "normal, porque não há jogos fáceis, porque se joga cada vez melhor na 3ª Divisão, e o Gulpilhares é uma equipa com muito valor, pelo que sabíamos que íamos encontrar um jogo muito difícil, porque também era muito importante para eles".
Apontou "a fase decisiva do jogo quando fizemos o 3-2, porque creio que nessa altura, fisicamente, estávamos melhor do que eles e tivemos mais volume atacante".
Tal como nos tinha referido o seu pupilo, o ambiente criado pelos adeptos foi "excelente", a par do apoio de todos, incluindo o clube e a direcção.
"A tarefa é outra se subirmos de divisão"
Francisco Garcia Pereira, natural de Vila Praia de Âncora (ex-praticante da modalidade, tendo-se iniciado aqui aos sete anos, após o que a praticou em França e Uruguai) é o presidente do ADJVPA criado há cerca de dois anos, dizendo-nos que surgiu neste cargo porque "me convidaram" e por já ter estado ligado à secção de hóquei do Ancorense, após o que criaram o novo clube em Vila Praia de Âncora - "uma coisa que nós já pensávamos há muito tempo", admite - cuja sede funciona no próprio pavilhão municipal onde se disputam os jogos.
Considerou a mudança operada uma coisa excelente, atendendo a que "somos autónomos, organizamos as coisas como queremos e era uma necessidade absoluta a criação de um novo clube".
A estrutura do Vila Praia funciona com um presidente, um vice-presidente e dois directores, possuindo 170 sócios.
"A tarefa é outra se subirmos de divisão", avisa Francisco Pereira, mas essa ambição é enorme, até porque "queremos subir para ficar e não andar sempre a subir e descer".
Perspectivando o futuro, já existem cinco escalões no Vila Praia: escolares, sub-13, sub-15, sub17, e "estamos a preparar já este ano os juniores, perfazendo um total de 90 atletas, incluindo os seniores".
Esta estrutura obriga a um esforço financeiro considerável, a que "temos conseguido dar resposta", embora já estejam a planear a próxima época na perspectiva de que irão subir, na tentativa de angariar apoios de empresas.
Modalidade "caríssima"
O hóquei é uma das modalidades desportivas mais caras, é reconhecido, mas Francisco Sampaio amplia esta dificuldade, afirmando que é "caríssima" em termos de equipamentos para os atletas.
Só o equipamento para um guarda-redes custa entre 800 e 1.000€, um stick 70€ e dos patins já nem se fala, porque podem ir dos 300€ até ultrapassar os mil euros, a par das luvas meias, etc.
Os transportes revestir-se-iam igualmente de enorme dificuldade, se não fosse a disponibilidade camarária com a cedência de carrinhas.
Revelou-nos que a equipa sénior treina três vezes por semana, às 3ªs, 4ªs e 6ªs.
Palavras de elogio à claque não faltam da parte do presidente do clube ancorense, definindo-a como "fantástica".
Formação "é o viveiro do futuro"
Como grande repto lançado à comunidade ancorense, a par da boa prestação da equipa sénior composta por jogadores de Seixas, Vila Praia de Âncora, Viana do Castelo e Porto (há dois juniores ex-portistas a jogar aqui), a formação "é o viveiro do futuro e onde iremos buscar, depois, os atletas".