Jornal Digital Regional
Nº 567: 24/30 Dez 11
(Semanal - Sábados)






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Lanhelas

Junta de Freguesia vai exigir à Casa do Povo
restituição de verbas empregues nos últimos 10 anos
no campo de jogos "Ilídio Couto"

Desde 2002 que a Junta de Freguesia vinha gerindo e administrando o Estádio "Ilídio Couto", incluindo a realização de obras e benfeitorias, sem que alguma entidade tivesse reclamado a propriedade desse espaço.

Face à polémica desatada na freguesia, logo que a direcção da Casa do Povo presidida por João Pereira (entretanto destituído do cargo e substituído por Tomás Antunes) tentou efectuar uma escritura pública de justificação do campo de jogos a seu favor, a Junta de Freguesia tomou uma posição definitiva sobre o assunto, no decorrer da última Assembleia de Freguesia.

"Casa do Povo arrogou-se proprietária do "Ilídio Couto"

Após recordar o posicionamento de alguns sócios no decorrer de uma assembleia geral da Casa do Povo (5/Novembro), que se terão exprimido "de forma ofensiva e altamente atentatórias ao bom nome e imagem dos elementos da Junta de Freguesia", referiu Rui Fernandes, bem como optaram pela ratificação desse documento notarial que colocava o estádio de futebol na posse da Casa do Povo, a autarquia lanhelense voltou a recordar todo este processo controverso, no qual defendeu uma gestão e posse compartida pela própria freguesia, Casa do Povo e Lanhelas Futebol Clube.

Os sócios da Casa do Povo decidiram manter o objectivo dessa justificação notarial a favor desta instituição, pelo que a Junta de Freguesia pretende agora a restituição "de tudo quanto injustamente se locupletou (a Casa do Povo) à custa da Junta de Freguesia", em referência às obras, limpezas e benfeitorias a cargo da autarquia ao longo da última década, dado que nenhuma instituição tomou a iniciativa de proceder a essas intervenções durante esse período de tempo.

Rui Fernandes voltou a sublinhar que uma declaração emitida pela autarquia lanhelense no decurso da anterior direcção da Casa do Povo, se deve ao facto de a Junta, Casa do Povo e Câmara Municipal terem acordado a apresentação de uma candidatura a fundos comunitários para instalação de um polidesportivo no campo de jogos. Essa candidatura exigia apresentação de um documento de titularidade da propriedade do espaço onde pretendiam implementar o recinto, e face a essa necessidade, a Junta acedeu a passar a referida declaração, de modo "a agilizar o processo de candidatura apenas em nome da Casa do Povo", explicou uma vez mais o autarca.

Investida a nova direcção da Casa do Povo, a Junta ficou a aguardar por uma reunião tripartida a que se comprometera o seu presidente (João Pereira), a fim de se proceder a uma alteração da implantação do polidesportivo, o que nunca viria a suceder.

Entretanto, surgiu um grupo de lanhelenses a ressuscitar o Lanhelas Futebol Clube, enquanto que a Casa do Povo passou a reivindicar o campo para si.

Rui Fernandes adiantou que o seu executivo vai apoiar o Lanhelas Futebol Clube - tal como o faz com as demais colectividades lanhelenses -, tendo inscrito 5.000€ no Orçamento para o próximo ano, englobando o pagamento da electricidade do estádio, mas não abrangendo os contadores de luz.

Esta posição da junta agradou ao PSD, conforme o manifestou José Abel Ribeiro.

Dinheiro aplicado nos baldios

Este delegado voltou a questionar a Junta de Freguesia sobre a situação dos baldios, pedindo explicações sobre eventuais registos de terrenos por parte de particulares.

Segundo explicou Rui Fernandes, não se trataria de registos mas de inscrições na matriz, uma situação que terá protelado o recebimento do dinheiro das indemnizações decorrentes da obra do ex-IC1, levando a que ainda não tenham transferido qualquer verba, acentuou.

Sobre a aplicação de verbas resultantes da venda de árvores, o autarca sublinhou que todas elas vêm sendo investidas nesses mesmos baldios, quer na limpeza de caminhos e aceiros, quer na reflorestação.

A propósito, recordou que estava planeada uma acção conjunta envolvendo as câmaras municipais de Vila Nova de Cerveira e Caminha, de "manutenção" no Monte de Góios, em áreas envolvendo igualmente as freguesias de Gondarém e Vilar de Mouros, mas lamentou a "falta de colaboração" do município no qual Lanhelas se insere, ao contrário do concelho vizinho ao disponibilizar máquinas para o efeito.

No respeitante às dúvidas sobre uma eventual devolução de verbas a receber da Ferrovial/Euroscut e a que a junta seja obrigada posteriormente, Rui Fernandes afastou essa possibilidade, porque "queremos tudo clarificado" quanto à titularidade dos terrenos, criticando por isso a oposição social-democrata porque "parece que há desconfiança em nós", acrescentou.

"O maior orçamento dos últimos 10 anos"

Esperançado no recebimento das indemnizações (273.000€), a actual Junta apresentou o maior orçamento de sempre para o ano de 2012, apesar das fantasmagóricas austeridades: - 415 mil euros.

Foi referido que a câmara diminuiu para metade as verbas destinadas às limpezas e obriga a que grande dessa quantia seja aplicada em despesas correntes.

Desta forma, apenas contam intervir nos arranjos dos muros da Fonte Rajada e Freijoal e, caso seja viabilizado o dinheiro das indemnizações dos terrenos, a grande aposta será a construção do Centro de Dia, a aquisição de uma motocultivadora, a intervenções nos caminhos de Serradouro, Rua das Fontaínhas e Travessa do Sobreiro, prevendo ainda reflorestar o Monte de Góios (16.000€).

Tal como o Lanhelas Futebol Clube, também a Banda Musical Lanhelense e a sua escola de música "João Costa e Silva" receberão, cada uma, respectivamente, 1.000€ e 4.000€, a par da Corema (500€) e "Fura Montanhas" (250€).

Advogado enviou carta

Nesta reunião, travou-se discussão entre a presidente da Mesa da AF e um dos delegados do PSD, relativamente ao facto de na última sessão, um advogado de fora da freguesia e que tinha intervindo na feitura da escritura de justificação da propriedade do campo de jogos a favor da Casa do Povo, ter sido impedido de usar da palavra.

Segundo revelou a presidente, o advogado enviou-lhe uma carta manifestando o seu desagrado.

No final da sessão, foi dada a palavra ao público, sendo tema único a questão do campo de jogos.

Público lamentou polémica

Ana Dantas, sobrinha-neta de Ilídio Couto, principal impulsionador da construção do campo de jogos que viria a assumir o nome do fundador, lamentou ("tenho pena", assim se exprimiu) a polémica gerada na aldeia lanhelense, frisando que o seu ascendente não teria gostado de assistir ao que se estava a passar, e que a sua vontade seria a de que o recinto desportivo pertencesse à freguesia e não a uma única associação da terra.

No mesmo sentido se pronunciou Emília Fernandes, falando como cidadã de Lanhelas e não como familiar do presidente da Junta, lamentando a postura "pouco pró-activa da Casa do Povo", a qual não teria moral para reivindicar um espaço que não lhe mereceu qualquer atenção ao longo dos últimos anos. Referiu que sempre ouvira dizer que o campo de futebol era para serviço de todos e não de uma só associação.