Ainda não estamos no Verão e os incêndios já começaram.
Este flagelo Nacional, afecta a economia o ambiente, e consequentemente o futuro do planeta. As razões deste problema prendem-se essencialmente aos grandes interesses económicos.
Embora apontem sempre como responsáveis, o elo mais fraco ( os proprietários), pela falta de limpeza, dos montes, esquecem-se que o maior é o próprio Estado.
Mas, de facto tudo começou logo após a revolução, quando os responsáveis apontaram como um factor prioritário a eliminação dos guardas florestais; alteraram-lhe o nome e sentaram-nos numa secretária, esquecendo-se que os conhecimentos dos locais onde faziam o seu trabalho lhes permitia apoiarem um planeamento e fiscalização que reduzia o número de incêndios e minimizava os seus efeitos.
Depois, criaram umas associações florestais que recebem verbas de fundos comunitários, quer para reflorestar, ordenar, limpar etc., no entanto, aqui os fogos também continuaram, muitas vezes sem se perceber como(!). O único caso de sucesso que conheço, localiza-se no Vale do Âncora, da freguesia de Riba de Âncora que tem conseguido evitar que os fogos atinjam a área que cuidam, tendo dado origem a uma das grandes "manchas arbóreas do norte do País".
Mas, como alguém achou que essa força policial era um empecilho para a economia Nacional, esqueceram-se de colocar na mesa os factores positivos da sua existência, e não descansaram enquanto, não a eliminaram.. Assim começou a preparação do terreno para a indústria dos incêndios. Esta situação levou ao abandono das casas florestais. Este património foi aproveitado no parque Natural do Gerês, para turismo de montanha.
Este património representativo de uma época, em vez de ser abandonado, devia ser aproveitado e integrado num Turismo de montanha, podendo amortizar certos encargos para criação de equipas de sapadores, para apoio e limpeza das áreas florestais.
Pouco tempo após a eliminação dessa força policial os incêndios, passaram a ser um factor indissociável do Verão, e todos os anos as áreas ardidas iam aumentando, a não ser que aqueles fossem bastante húmidos.
A primeira fase da "indústria dos incêndios (deflagração), estava concluída, e tinha por trás interesses diversificados como:
- tornar áreas da REN em áreas de construção
- criar áreas de pastos verdes para o gado.
- criar áreas de caça, mais abertas.
- conseguir aquisição de madeira, para venda às celuloses, por preços simbólicos.
Como, 99% dos incêndios, têm mão criminosa, conclui-se que foram criadas as condições essenciais para que a industria dos incêndios se continue a desenvolver devido à falta de:
- fiscalização e acompanhamento que era dado todo o ano pelos guardas florestais.
Foi criado um vazio que abriu portas para:
- os interesses particulares que circulam à volta da madeira queimada.
- a evolução da industria de combate a incêndios por meios aéreos
Avaliada a situação de deflagração lembramos que um incêndio depende das condições meteorológicas (direcção e intensidade do vento, humidade relativa do ar, temperatura), do grau de secura, situação que não podemos controlar, e do tipo do coberto vegetal, pelo que na fase de propagação, tinha de se pensar no ordenamento.
Nesta fase, para que a "industria dos incêndios" fosse um êxito, havia necessidade de se criar também condições apropriadas, para uma propagação rápida do fogo. Os responsáveis não tiveram escrúpulos em permitir uma florestação sem ordenamento, permitindo a monocultura de resinosas, quer o eucalipto, quer o próprio pinheiro bravo. Lembramos que na década de noventa, do séc. passado, chegaram a haver cargas policiais, contra elementos de O.N.G. e camponeses, que contestavam a expansão dessa monocultura. Claro, que perante tal atitude, a situação continua agravar-se.
Analisando a situação, parece-me que a função dum guarda-florestal no terreno, era fundamental para atemorizar possíveis incendiários, garantir a vigilância da área que lhe correspondia. Cuidar desse espaço, tornava esta força policial eficiente no combate à deflagração dos incêndios e possivelmente aconselhava a florestação com folhosas. Mas claro que isso não tinha interesse para a indústria de incêndios.
Tendo em consideração quer o ano em si, quer o referido atrás, começam a reunir-se as condições ideais para proporcionar mais um ano de grandes incêndios,
Com a contínua falta de ordenamento florestal, a evidência salta aos olhos: o país vai arder porque alguém quer que ele arda. Ou melhor, porque muita gente quer que ele arda. Há uma verdadeira indústria dos incêndios em Portugal, havendo muita gente a beneficiar, directa ou indirectamente.
Conclui-se que de facto nada acontece por acaso, pois :
1 - O combate aéreo aos incêndios em Portugal é TOTALMENTE concessionado a empresas privadas, ao contrário do que acontece noutros países europeus da orla mediterrânica.
2 - Embora existam testemunhos populares sobre o início de incêndios em várias frentes imediatamente após a passagem de aeronaves continuam sem investigação após tantos anos de ocorrência?
3 - Para a venda de equipamento contra incêndios. Etc, etc…
Se os responsáveis actuais, não mudarem a sua atitude, a democracia não passará de mais uma filosofia política, que serviu para "engordar os espertos, numa economia de mercado", e tornar Portugal (antigamente respeitado enquanto ditadura), num protectorado europeu depois da implantação da democracia.