Há que confessar que existe alguma dificuldade em abordar um tema tão complexo quanto diversificado. Qualquer pessoa, apesar de diariamente operar com diversos equipamentos, usufruir de inúmeros sistemas técnicos, verifica que não os domina completamente, que não sabe  programar todas as funcionalidades da maior parte deles, ainda que tenha conhecimento da existência e aplicação de muitos, em diferentes contextos, da vida profissional, cultural, doméstica e de lazer.
Neste âmbito poder-se-ia escrever algumas ideias, por exemplo, sobre os transportes, sobre a revolução das grandes superfícies comerciais, a partir do comércio tradicional das aldeias portuguesas que, teimosamente, ainda persiste em resistir. Igualmente, se aceita pensar que poderia abordar-se, no quadro dos equipamentos, na circunstância, culturais e desportivos, o desenvolvimento verificado nas últimas décadas na construção de grandes complexos gimnodesportivos ou então, no âmbito dos sistemas técnicos: por que não descrever o funcionamento de uma rede de saneamento básico; de uma estação de tratamento de águas residuais; de uma rede de transportes públicos nas suas diferentes composições: terrestres, (de superfície ou subterrâneas), marítimas e aéreas.
A sociedade moderna não se compadece com os tradicionais sistemas arcaicos de transportes, como as demoradas viagens em carruagens puxadas por animais, os veículos a motor, muito lentos, ou dos navios a vapor, para não falar do comboio, também com máquina a vapor. Igualmente, a mesma sociedade, não pode viver sem modernos equipamentos de trabalho, domésticos, de cultura e de lazer. Hoje, praticamente, ninguém dispensa o telemóvel, a câmara fotográfica antiga, agora substituída pela de filmar, o vídeo e outros equipamentos. Tudo isto é, correlativamente, uma exigência dos tempos modernos, apesar de se saber o maior ou menor grau de dificuldade do seu manuseamento, ou da respectiva constituição e funcionamento técnico de tais equipamentos.
Vive-se na sociedade da tecnologia e da ciência, para a qual se tornam indispensáveis alguns conhecimentos técnicos, estes atenuados, porém, pela leitura dos manuais de instruções, legalmente obrigatórios. Assiste-se a um crescente desenvolvimento de uma linguagem tecnicista, por vezes extremamente abreviada ou codificada, de tal forma que se vem deteriorando a própria língua, na circunstância, portuguesa; os valores culturais também são diferentes, justamente por via desta proliferação de equipamentos, designadamente pela facilidade com que se invade a privacidade das pessoas, a partir das filmagens e fotografias avulsas, com o recurso a equipamentos altamente sofisticados. O mundo, de facto, mudou e continua a conhecer profundas e irreversíveis transformações, muitas para melhor e para o bem da humanidade; algumas, acredita-se que poucas, para pior e para o mal da sociedade.
Reflectir sobre o tema em título, quanto às vantagens e inconvenientes de um ou outro equipamento ou sistema técnico terá, porventura, mais interesse, excepto eventual e melhor opinião, do que descrever os respectivos funcionamentos técnicos, recorrendo a um simples clic num motor de busca, do tipo Google, porque com este gesto podem ser encontrados, copiados, sem contudo se ficar a perceber grande coisa, aliás, as abordagens técnico-científicas parecem mais adequadas para as abordagens entre cientistas, técnicos e outras discussões académicas.
De entre os muitos equipamentos que na sociedade moderna se possa reflectir, talvez interesse abordar, pelo impacto que provoca na sociedade de consumo o comércio em geral e, mais particularmente, a vertente alimentar. Sabe-se que o comércio tradicional, do tipo mercearia e pequenos mercados locais estão a ser eliminados pelas grandes superfícies comerciais. Os novos sistemas e equipamentos instalados nas grandes superfícies revolucionaram hábitos, costumes e tradições ancestrais.
Nas grandes superfícies e relativamente a alguns produtos e equipamentos, para além do preço ser mais baixo, ainda pode haver um determinado tempo de garantia, assistência pós-venda e pagamento em prestações, na maior parte dos casos, sem juros. Nestas circunstâncias qualquer pessoa com um sentido mínimo de economia, terá o dever de comprar tudo o que é necessário naqueles grandes estabelecimentos. 
Deve-se, ainda, reconhecer uma outra vantagem que se prende com a possibilidade de poder apresentar reclamações por qualquer defeito do produto ou equipamento que, normalmente, é atendida, com a pronta substituição, o que relativamente ao comércio tradicional não é tão rápido e eficaz. Finalmente ainda se pode acrescentar uma outra vantagem que se prende com a competitividade que origina a livre concorrência, proporcionando melhores preços ao consumidor.
Algumas grandes superfícies do tipo mega-mercado, oferecem, ainda, outras vantagens ao nível do lazer e da cultura, na medida em que no seu interior funcionam diversas salas de espectáculos, espaços para as crianças se divertirem e brincarem, exposições, bibliotecas e até passagem de modelos -   recorde-se  por exemplo os grandes mega-hipermercados do tipo D. Pedro, na cidade de Campinas - Brasil, no qual se pode passar um fim-de-semana, a inteirar-se de tudo quanto é novo, desde a moda aos automóveis, dos electrodomésticos às roupas, das bibliotecas às salas de espectáculos e restaurantes para diversos gostos gastronómicos de todos os cantos do mundo. Poderá ser passado um bom fim-de-semana e fazerem-se as compras mais inimagináveis. Claro que sempre deverá haver um certo cuidado com determinados produtos e equipamentos porque aqui podem ser bem mais caros, devido ao luxo do próprio shoping.
Um outro equipamento que se pode abordar nesta reflexão prende-se com os transportes: públicos e particulares No que diz respeito aos primeiros, o que de facto parece verificar-se, principalmente nas grandes cidades, seja em Portugal, seja num ou noutro país, é que de uma forma geral e pelo menos nas chamadas "horas de ponta", não oferecem as melhores condições de conforto e até de segurança, porque circulam quase sempre superlotados, pese, embora, o facto de quando se adquire um bilhete seja suposto que é para se viajar confortavelmente, isto é, sentado, durante todo o percurso. É certo que esta situação não ocorre ao longo de todo o dia, mas haveria que reforçar a frota de autocarros nos períodos mais críticos, porque quando se paga um serviço este deve ter a melhor qualidade.
Conhece-se, por outro lado, as deficiências dos transportes públicos em pequenos meios rurais, em que a periodicidade dos mesmos se limita a dois ou três dias por semana (dia de feira na vila, e pouco mais), entre uma aldeia e a vila-sede do município, por exemplo. Isto constitui um atentando à igualdade e dignidade das pessoas. Quem tem que diariamente se deslocar para o local de trabalho, se não tiver transporte próprio não poderá trabalhar ou então terá de alugar e/ou comprar casa mais próximo do trabalho, caso tal opção seja possível.
Os transportes particulares constituem, de facto, uma alternativa aos públicos, porém, com custos muito mais elevados em todos os aspectos: investimento inicial, manutenção, seguros, inspecções e o risco inerente à condução. Considera-se lamentável que o Estado/Governo não implemente uma rede de transportes públicos adequada às necessidades da população, aliás, isso contribuiria para a redução da própria poluição e da sinistralidade rodoviária. 
Actualmente, circulam em Portugal alguns milhões de viaturas particulares, algumas das quais em tão mal estado que constituem um atentado contra a vida das pessoas; condutores não habilitados ou a conduzirem sob o efeito do álcool e de outras drogas prejudiciais à condução; viaturas sem inspecções, roubadas e sem seguro. A sinistralidade em Portugal, nos últimos dez anos matou cerca de treze mil pessoas, número impressionante que se revela como uma das principais causas de morte.
Escrevia-se há pouco que mais importante do que conhecer a história do automóvel, do comboio ou de qualquer outro meio de transporte é reflectir sobre as condições em que se viaja em Portugal. É uma questão cultural, que urge alterar sem mais demoras. Trata-se de um princípio de boas-práticas de cidadania e que pressupõe um debate mais profundo, uma chamada de atenção para as entidades competentes; um apelo ao sistema educativo/formativo para sensibilizar as pessoas para o drama que constitui a circulação rodoviária em Portugal. 
É óbvio que se exige saber trabalhar com os equipamentos, até para se evitarem piores consequências, mas se não houver forte sensibilidade pelo respeito pela vida e direitos de todos os cidadãos, a situação de sinistralidade em Portugal não melhorará de forma rápida, significativa e consolidada.
Venade - Caminha - Portugal, 2009
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
bartolo.profuniv@mail.pt
4910-354 Venade - Caminha - Portugal
Mestre em Filosofia Moderna e Contemporânea
Universidades: Minho/Portugal; Unicamp/Brasil
Professor-Formador
bartolo.profuniv@mail.pt