Jornal Digital Regional
Nº 493: 5/11 Jun 10
(Semanal - Sábados)






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TRIBUNA
Espaço reservado à opinião do leitor


Acidente Mortal em Caminha

Foi com uma dor tremenda que recebí a noticia deste trágico acidente que vitimou quatro jovens todos do nosso concelho na madrugada do passado sábado, dia 29 do mes de maio do presente ano.

A informaçao chegou até mim na voz da mae de uma das víctimas, que sem conseguir mediar ou conciliar mais do que o nome do filho, passou o telefone à sua irma que me pos a par do sucedido.

É triste e doloroso o soar da voz de uma mae em desespero, que procura sem encontrar um "porque"? a tudo isto...preguntas poderiam ser mil, mas uma só se resume a um "porque?", e respostas poderiam ser outras mil, mas nenhuma serve de consolo quando a ferida se abre no coraçao e, apesar de que muitos pensem que a mesma um dia vai sarar, todos sabemos que nao é assim.

Eu, na primeira pessoa, depois de receber essa noticia que me caíu como um balde de água fría, fiquei em estado de desorientaçao total. E, pese a que estava a mais de 1000 kms de distancia o meu pensamento procurava respostas a preguntas que a mim próprio me fazía.

Porque aconteceu o acidente? porque é que estes jovens íam naquela viatura? porque morreram os quatro? como terá acontecido tudo? e se nao foi mais do que um pesadelo e quando despertasse tudo tinha passado?

Infelizmente nao me despertaría porque nem sequer pude dormir essa noite, pelo que nao se tratava de nenhum pesadelo, mas sim de uma cruel e dura noticia que era respondida apenas pela dor, pelas lágrimas e pelos medos do que passará depois disto.

Naqueles instantes e ainda desconhecendo as identidades das outras tres víctimas, o meu coraçao sofría em especial por uma que era, é e sempres erá meu sobrinho, mas também por um vizinho que bem conhecía desde pequeno, assim como a sua família.

Uma sensaçao de impotencia podía comigo, e depois de algumas chamadas telefónicas pude começar a sentir que tudo era real e que nao havía volta atrás.

Minha segunda reacçao foi esperar poder entrar na internet e ler o jornal digital Caminha2000, e aí pude reconhecer parte dos intervenientes. Mas quando comparadas as idades das víctimas mais difícil me era aceitar a presença destes jovens que "supostamente" (pelo que lí) foram aliciadas pelo condutor a compartir viagem...

Depois, ao saber que o meu sobrinho entrou nessa viagem sem regresso, senti uma revolta sem igual para com o conductor do veículo sinistrado, reacçao essa momentanea e de impotencia, que me cegou por momentos e que me fazía ter apenas maus comentários para essa pessoa.

Hoje a minha ira sucumbiu, pois nesta vida os erros tem um preço, que por vezes é demasiado alto como talvez tenha sido este caso.

Mas quero isso sim demostrar publicamente a minha raiva, imcompreensao e desconformismo total, com todos aqueles que teceram comentários racistas, homófobos, fascistas, e de uma insensatez e inmoralidade no jornal de notícias na sua versao digital.

Cobardes que se escondem detrás de um comentário ANÓNIMO, festejando a morte destas quatro pessoas, e que sem um mínimo de valor para assumirem o mesmo, disseram de tudo o que quiseram.

Surpreende-me com que facilidade a gente utiliza o direito à liberdade de expressao para soltar barbaridades inumanas num momento de dor para as familias e amigos dos falecidos.

Surpreende-me que a gente ainda ponha por diante a cor das víctimas como algo mais importante do que a dor e perda de um ser humano.

Surpreende-me a atitude do mesmo jornal de permitir que certos comentários sejam aceites, sabendo que os mesmos podem desembocar num altercado de agressoes nao só verbais senao físicas entre pessoas que até se possam conhecer.

Acho no mínimo indecente, pouco profissional e menos ética a actitude de quem se ocupa da divulgaçao ou publicaçao de comentários que podem incendiar o ambiente no país.

Mas enfim, se isto é a liberdade de expressao, que ningém condene aqueles que criticam as altas entidades nacionais, as personalidades de relevo, e utilizando para o efeito frases do tipo "que morram todos"...ao fim de contas é apenas liberdade de expressao e somos livres até para magoar os nossos semelhantes.

Obviamente que não estou de acordo com isto, pois a liberdade de uns termina onde começa a de outros, e num momento de dor nao ficava nada mal que aquela jornal digital tivesse o cuidado de precaver este tipo de situaçoes e qualificar os comentários de forma a nao ferir susceptibilidades nem fomentar qualquer tipo de violencia os desordem pública.

Senti-me moralmente lesado com parte dos comentários que pude ler e pondero a possibilidade de proceder a medidas judiciais contra este tipo de jornalismo, este tipo de publicaçoes e este tipo de "liberdade" que nao leva a outra coisa do que a violencia.

Alerto ainda a todos aqueles que andam nas estradas, que aprendam de uma vez por todas que um carro é uma arma apontada a qualquer que nela circule e sempre preparada para disparar, é apenas questao de descuido e estaremos a lamentarnos de alguma víctima mais.

Hoje muitos apontarão como causas prováveis o excesso de velocidade, outros o alcool, outros ainda causas desconhecidas, e muitas outras versoes haverá, contudo o que mais pesa é reconhecer que quatro famílias tem feridas duras de sarar e que por muito que se queira explicar, há coisas que nao sao explicáveis e muito menos entendidas.

Todos somos bons conductores e a nós nada nos acontecerá até o dia em que ficaremos na estrada, que tenhamos que lamentar algo, ou que alguém tenha que lamentar por nós...e nao há necessidade de chegar tao longe porque depois nao há volta a dar.

Sei que as minhas palavras nao são mais do que um desabafo, mas calar-me sería um gesto mais de cobardía como daqueles que escondidos em mensagens anónimas celebraram a perdida destes quatro seres humanos...além do mais nao podemos cair bem a todos, enfim...

Termino a minha intervençao deixando um abraço de pesar à família de todos aqueles que pereceram neste acidente e espero que ninguém tenha que voltar a chorar por algo do mesmo género nos próximos tempos...talvez se exija um pouco mais de gasto público nas campanhas de prevençao rodoviária e medidas mais duras aos prevaricadores, porque talvez com isso todos sairemos ganhando e hoje eu podería nao estar a escrever esta nota com lágrimas nos olhos, pois estas ninguém e talvez nem mesmo o tempo as poderá secar, mas se tomarmos medidas a tempo outras familias poderao ser ou sentirse mais afortunadas.

Saudaçoes à distancia e uma palavra de condolencias às familias de las víctimas.

Luís "Lucho"

CRISE NÃO AFECTA AS FÉRIAS DOS PORTUGUESES

Crise? Qual crise?

Segundo um nosso colega diário, de Lisboa, gratuito, os portugueses não deixam que a crise prejudique muito as suas férias. Segundo um inquérito levado a cabo em Portugal, pela Marktest, para a revista Hotéis, 34,2%, dos inquiridos vão de férias para o estrangeiro, um valor que é 31,5% superior ao registado em 2009… Para além disso, quase metade dos portugueses inquiridos, 47,2%, garantiram que não terão as suas férias afectadas pela actual crise económica.

Infelizmente, a maioria dos portugueses não poderá dizer o mesmo, pois está desempregada ou mesmo que esteja a trabalhar, o subsídio de de férias é muitas vezes utilizado para satisfazer necessidades do dia a dia.

Eu sei que neste momento, os destinos turísticos mais procurados no estrangeiro estão esgotados. Mesmo, passando férias, cá dentro, as melhores praias têm sempre procura. Mas, muito vezes eu faço esta pergunta? Porque é que o direito de ter férias não é comum a todos os portugueses?. Porque é que há portugueses que nunca na sua vida, tiveram férias?.

São perguntas, caro leitor, que eu gostava que alguém, com responsabilidades na governação deste País, me respondesse…

Antero Sampaio