Mário Patrício, vereador que tem vindo a acompanhar ultimamente o processo de recuperação e instalação de um relvado sintético no campo de jogos municipal "Morber", admite ser impossível realizar as obras num prazo de tempo que permita ao Atlético Clube de Caminha participar na época desportiva 2010/11.
Entidades atrasaram-se a dar pareceres
Este vereador contava que todas as entidades envolvidas nos pareceres necessários à troca de terrenos, passando o campo de jogos para o actual parque de estacionamento, se pronunciassem no prazo de uma semana, conforme referira ao C@2000 na edição de 8-14/Maio, o que não veio ainda a suceder.
O autarca admite que tanto as Florestas como o Instituto do Desporto já aprovaram a mudança das localizações consubstanciadas nos respectivos projectos, faltando agora o aval do gestor do Programa Operacional de Valorização do Território, com o qual fora celebrado o respectivo contrato a 21 de Agosto do ano passado.
Mário Patrício diz ter assegurados os 850.000€ desse contrato, esperando um reforço de mais 150.000€ que complemente o esforço financeiro necessário às alterações propostas agora, situação que conta ver desbloqueada até meados de Junho, iniciando de imediato as obras, garantiu.
Por seu lado, o Programa Polis permitirá a construção do parque de estacionamento no local onde se situa actualmente o "Morber", bem como as infra-estruturas da rede de águas, devendo a Câmara completar os meios financeiros necessários à instalação do novo estádio municipal, de acordo com o referido contrato.
Mário Patrício disse preferir "esperar e fazer uma coisa em condições", uma vez que já apanhou o processo em marcha, além de terem detectado uma degradação acentuada das bancadas e seu interior, quando se preparavam para iniciar os trabalhos (os balneários encontram-se já demolidos), optando então por reformular os projectos e proceder à troca entre o estacionamento e o campo de jogos.
Recorde-se que ainda nas vésperas (Agosto) das últimas eleições autárquicas foi organizada uma festa no "Morber" assinalando o início das obras, mas passado todo este tempo, nada se concretizou ainda.
Junta de Caminha "preocupada" com silêncio da Direcção
Para a Junta de Freguesia de Caminha, o caso preocupa-a, "bem como a diversas pessoas de Caminha", referiu Eduardo Gonçalves, devido ao "arrastar" das obras, nomeadamente "por se ter feito o lançamento da obra em plena campanha eleitoral", terem iniciado os trabalhos e suspendendo-os pouco tempo depois, estranhando ainda que "as pessoas ligadas à Direcção do ACC nada digam, mas seria importante que se pronunciassem e esclarecessem a população de Caminha".
Frisou que os jovens praticantes são obrigados a procurar outros clubes já com relvados sintéticos, enquanto que em Caminha, "se elaborou um projecto, lançou-se a obra e a meio do processo diz-se que se quer alterar o campo, que os alicerces não servem para aguentar uma bancada coberta, mas a Direcção nada diz", lamentou o autarca.
Ao presidente da Junta de Freguesia de Caminha dá-lhe a impressão que "querem acabar com o Atlético Clube de Caminha", equivalendo a dizer que não haverá seniores nem camadas jovens, acabando por se perder a identidade do futebol, ao fim de dois anos de interrupção da modalidade.
Lamentou ainda a passividade das pessoas de Caminha, ao não se interessarem e não se pronunciando sobre as suas colectividades. Acrescentou que "o que me parece mais preocupante ainda é a crescente politização e controle das associações", estando em crer que "se fosse noutros tempos, as pessoas ligadas às associações já se tinham manifestado", levando-o a sentir-se "preocupado" perante tanto silêncio, exceptuando "algumas explicações que nada nos esclarecem", concluiu.
Direcção aguarda comunicação oficial da Câmara
Da parte da Direcção do Atlético Clube de Caminha, Victor Couchinho confirmou-nos que já fora informado pelo vereador Mário Patrício (ele próprio, director de instalações do "Morber") que o processo das obras se encontra "muito atrasado", sendo impossível pensar em retomar o Futebol de 11 na próxima época.
A Direcção aguarda agora que a Câmara de Caminha lhe comunique oficialmente as razões de tal atraso e evitar o "diz que disse", a fim de reunir com o Conselho Fiscal e Assembleia Geral e definir a forma de comunicar aos sócios a situação.