Santo António, São João e São Pedro
Santo António: dentro do calendário (anexo) de Festas do Alto Minho terá dia grande no próximo dia 13 em cinquenta e seis freguesias, praticamente, em todos os concelhos do Alto Minho, não só como advogado dos animais, sobretudo, dos recos (prometendo-lhe a orelheira no caso das cevas ou um bacorinho no caso das porcas prenhas); advogado das coisas perdidas (recupera-se o perdido I rompe-se dura prisão / e no auge do furacão I cede o mar embravecido); Santo Casamenteiro, acompanhando as moças à fonte onde lhes partia o cântaro, que depois consertava; advogado contra os maus vizinhos (milagre pelo qual salvou seu pai de morrer na forca).
Festas de S. João
36 festas no Alto Minho (de acordo calendário em anexo). O mais popular dos Santos; obrigatório as fogueiras; balões o nicho e a cascata; o arco da festa; manjericos e alho porro, alfadega; alcachofras, cravos e cravolinas e, ainda, as brincadeiras São Joaninas: a 'trancada' em que os rapazes na noite de São João irão rapinar utensílios e alfaias agrícolas para as expor no adro da igreja. Também Santo Casamenteiro. Na Serra d'Arga até há um penedo casamenteiro e as raparigas, para saber se casam ou não naquele ano, atiram uma pedra para o cimo do Penedo. Se a pedra ficar, é garantia de casório; se cair, é só para o ano. Veja-se a seguinte quadra: Oh meu rico São João d'Arga / Casai-me que bem podeis /Já tenho teias de aranha/Naquilo que bem sabéis.
Festas de S. Pedro
Finalmente, São Pedro, o chaveiro do céu. 21 romarias no Alto Minho (ver calendário junto), também ele um santo casamenteiro (Espreita a porta do céu/São Pedro por uma fresta /vem ver as moças bailar/no dia da sua festa!).
Gastronomia dos Santos Populares
Porquê?
Porque é apanhada na rede de emalhar (rede que apanha a sardinha pela cabeça);
Faz-se pela chamada pesca de "lancear", isto é, com lanços de 15 minutos, máximo de meia hora, excepto se a sardinha é muita, só se fazendo, então uma vez, regressando logo ao Portinho para que a sardinha fique dura e a espelhar.
Ao tirar-se da rede fazer com cuidado, peça por peça ou apanhando a que cai, enchendo-se os cabazes e colocando em lotes, para a venda.
Isto faz com que a sardinha seja de extrema qualidade pois não leva gelo; a sardinha está gorda, reluzente, fresquinha, dura, com a guelra bem vermelha e dai a sua designação de "bibinha, sardinha do nosso mar, sardinha d'alvorada".
Um pouco de sal, boa brasa, para não ficar queimada, um bom fogareiro, uma boa assadura e comer.
Comer à mão com um bom naco de broa (sardinha pelo S. João, diz o ditado, pinga no pão) ou em prato com pimentos assados e batatas com "estona", complementam este pitéu de Vila Praia de Âncora.
Não esquecer acompanhar esta sardinha assada com uma boa litraça de verde.
O Anho e o Cabrito na Cozinha do Alto Minho
Dois momentos há na tradição da gastronomia do Alto Minho, onde o anho (cabrito) é Rei:
1) Em Tempo Pascal, no cumprimento dos rituais judeus I cristãos, com 'feiras' no Domingo de Ramos e Semana da Paixão onde aparecem os rebanhos bem alimentados (encostas da Serra Amarela e seus contrafortes com ligação ao Alto e Baixo Minho e às Terras de Basto e do Barroso), das pastagens férteis do tojo bravo, carqueja, rosmaninho, urze dando sabor inigualável à textura e suculência das carnes.
2) Em Tempo de Festas Populares, sobretudo, S. João onde prevalece o costume da assadura do anho (o cordeiro/cabrito sanjoanino), comido noite adentro em redor do 'alho porro', dos balões e dos arcos de festa, das noites milagreiras do Porto, Viana e de Braga, eu diria, de todo o Entre Douro e Minho.
São receitas do 'outro mundo':
(...) no caso da receita do anho sanjoanino (cabrito), o anho coloca-se numa assadeira e esfrega-se com a vinha-d'alhos e fica assim até ao dia seguinte. Corta-se o toucinho em tiras, e dão se pequenos golpes nas pernas e no peito. Atam-se as pernas dianteiras às traseiras e põe-se o anho numa pingadeira. Rega-se com a vinha-d'alho e vai ao forno. Quando o anho estiver louro num dos lados, vira-se nessa altura e introduzem se as batatinhas novas. Enquanto o anho assa, prepara-se o arroz de miúdos. Temperam-se com sal, pimenta, salsa e o louro, e deixam se estufar; Retira-se um pouco do molho do anho que está assar; mete-se o arroz e junta-se ao molho do anho água em quantidade (cerca do dobro do volume do arroz), assim como o açafrão. Serve-se numa travessa redonda, à parte, enfeitada, com rodelas de salpicão.
Oh, noites míticas do "meu" S. João Baptista I Oh, meu belo S. João! Oh, mãos abençoadas de tantos (as) cozinheiros (as) que souberam transformar em "pitéus" de fama os manjares dos ancestrais fornos de lenha - uma carne macia e tostada, ao lado das "purificadas" fogueiras, do "nicho" com a imagem do Santo Marinheiro, das cascatas, das orvalhadas, madrugada fora:
Aquele campo de milho! Foi a minha perdição! Perdi o meu anel d'oiro! Na manhã de S. João!
Vales Santos Populares 2009 - Alto Minho
Santo António I São João I São Pedro
Vale do Minho
Valença 3 0 1 4
Monção 9 3 2 14
Melgaço 5 3 0 8
Paredes de Coura 3 1 4 8
Vila Nova de Cerveira 3 3 0 6
Caminha 9 1 0 10
Sub-Total 32 11 7 50
Vale do Lima
Viana 3 3 3 9
Ponte de Lima 2 0 2 4
Ponte da Barca 4 4 0 8
Arcos de Valdevez 6 3 2 11
Sub-Total 15 10 7 32
Vale do Cávado
Barcelos 4 8 6 18
Esposende 2 4 1 7
Terras de Bouro 3 3 0 6
Sub-Total 9 15 7 31
Total 56 36 21 113
Mini Férias no Alto Minho de 7 a 14 de Junho
"Dia de Portugal" / "Corpus Christi"
Duas tradições únicas no país: Ponte de Lima, a Vaca das Cordas (dia 10); a Procissão do Corpo de Deus. A "Santa" Coca, em Monção (dias 10 a 14).
Ponte de Lima
A "Vaca das Cordas"
Dia 10 de Junho
(Início às 17:00 horas)
Vai ser o Padre Roberto Maciel (in "Almanaque Ilustrado de O Comércio do Lima" 1908), quem nos vai ajudar a explicar a tradição da "vaca das cordas" a realizar na Véspera do Dia do Corpo de Deus. Diz-nos o Rev.º Abade: A igreja Matriz da primitiva vila era um templo pagão dedicado a uma deusa, que, converteram em templo cristão. Da Torre da igreja, tiraram do nicho a imagem da Deusa Vaca. Prenderam-na com cordas, com ela derem três voltas à igreja e depois arrastaram-na pelas ruas da vila, com aprazimento de todos os habitantes. Daí o tradicional costume da "vaca das cordas" pelas ruas, para gáudio do rapazio e até dos mais velhos, com tanto que se pilhem seguros bem longe da rede que os da corda costumam lançar-lhes.
(Ver programa especial)
Monção - Dias 10 a 14 de Junho
"Corpo de Deus"
(Festa da Coca / Feira do Alvarinho)
Monção é, também, a terra da "Coca" ou "Santa Coca" ou, ainda, da "Coca Rabixa"! As lutas do Bem sobre o Mal, da Verdade sobre a Mentira, do Arcanjo S. Miguel sobre o Dragão são significados religiosos que, sobretudo, na Idade Média tiveram manifestações próprias, inclusive, nos préstitos religiosos, infelizmente, desaparecidos no Rio Minho. A "coca" monçanense está intimamente ligada à procissão do "Corpus Christi" e à conhecida lenda de S. Jorge.
Em harmonia com a tradição, a "Coca" simbolizando o dragão, a que o povo tanto gosta de chamar "Santa Coca", "Diacho da Coca" ou, ainda, "Coca Rabixa", "Por via de Santa Coca rabixa/ perdi o diacho da Missa", sai na manhã da procissão do Corpo de Deus, "passeando" pelas ruas de Monção. À mesma hora, S. Jorge adestra o seu ginete, em tempos idos um galego que representava, no auto, o Santo da Capadócia. Na procissão, a que não falta o "Carro das Hervas", cheio de verdura e rapaziada; São Cristóvão, o advogado das crianças "biqueiras"; o "Boi Bento", todo enramilhetado de fitas e cores, vão as duas figuras principais do auto - a "coca", arrastando-se vagarosamente pelas ruas e calçadas, um monstro anfíbio de escamas reluzentes, com largas queixadas móveis e uma língua tremulante implantada em cabeçorra que volta à direita e à esquerda, criando um misto de espanto e incredulidade aos inúmeros devotos da "rabixa"; logo seguida de S. Jorge, em carne e osso, vestido a rigor, armado de lança e espada, capacete e broquel, montado em cavalo de verdade.
Procissão acabada, toda a gente, se desloca para o Campo do Souto.
Aí, ofegante, vaidosa, inchada, pousona, a Santa Coca! S. Jorge media, ao largo, o "bicharoco", enquanto o cavalo, não habituado a multidões, se mostrava inseguro e nervoso. Ao impulso dos "comparsas" que se ocultavam no bojo da "bicha" e que a manobravam a seu bel-prazer, a Santa Coca vai a terreiro. Começa, então, o terrível combate!
(Ver programa especial)
"Festa do Mar e da Sardinha"
Dias 9 a 14 de Junho de 2009
Vila Praia de Âncora
Já dissemos que das Artes Culinárias dos Santos Populares, de todas, não há dúvida que a sardinha é a mais "cobiçada", e se for a sardinha d'alvorada de Vila Praia de Âncora é a melhor do Mundo. Gorda pelo S. João, assada, a pingar na broa, de rabo ao alto, bêbedas, recheadas, barrentas, salgadas, fritas, de escabeche, no bolo do forno. Do Portinho de Âncora, a sardinha "fresca", "bibinha" do nosso mar. Não esqueça de visitar Vila Praia de Âncora nestas mini férias, e degustar a sardinha com o arroz de tomate, a sardinha de escabeche, o arroz de tranchos, as sardinhas recheadas, as sardinhas panadas, o bolo de sardinha, caldeirada "à Tio Feito", empadão de sardinha e, sardinha assada na telha.
Bom proveito, que lh'apreste!
(Ver programa de animação)