A Comunidade Intermunicipal do Alto Minho (CIM Alto Minho) enviou hoje, dia 19 de setembro, um ofício à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Ramalho, expressando a sua discordância com a exclusão do concelho de Vila Nova de Cerveira da lista de territórios abrangidos pelo programa Contratos Locais de Desenvolvimento Social 5G (CLDS-5G).

A CIM Alto Minho considera que os critérios utilizados para esta decisão não refletem as reais necessidades e dinâmicas do território. O recurso exclusivo a dados estatísticos ignora desafios atuais enfrentados pelo concelho, nomeadamente em termos de emprego, acolhimento e integração de migrantes, necessidades em saúde e a qualificação da população.

O documento reforça que a coesão social e territorial deve estar no centro da definição das políticas públicas, garantindo o bem-estar das populações e uma intervenção digna e estruturada. A exclusão de Vila Nova de Cerveira impede o concelho de beneficiar de mecanismos essenciais à prevenção e mitigação da pobreza e exclusão social, afetando negativamente as populações mais vulneráveis.

Em particular, a CIM Alto Minho salienta o aumento significativo de migrantes no concelho, de acordo com o Relatório de Migrações e Asilo de 2023, da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), que aponta para um aumento de residentes estrangeiros no território do Alto Minho, de 9.187 em 2022 para 13.145 em 2023. Este crescimento demográfico, aliado ao facto de Vila Nova de Cerveira estar entre os 50 municípios com maior proporção de população estrangeira residente, reforça a necessidade de rever a decisão de exclusão do programa CLDS-5G.

Face a este contexto, a CIM Alto Minho convida a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social para uma visita urgente ao território do Alto Minho, a fim de dialogar de forma mais próxima com as autoridades locais, com vista a uma análise aprofundada e justa das especificidades do concelho de Vila Nova de Cerveira.

Sublinha ainda a importância de uma política pública territorializada e inclusiva, que respeite as dinâmicas locais e acompanhe as novas realidades sociais, demográficas e económicas, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e para a melhoria das condições de vida de toda a população.

Vila Nova de Cerveira vai ser palco, de 23 a 27 de setembro de 2024, de um laboratório curatorial europeu, no qual 33 estudantes, de 11 escolas de arte europeias de 7 países irão explorar a ideia de Europa através de práticas artísticas. O objetivo será refletir coletivamente, a partir da temática da bienal "ÉS LIVRE?", a forma como a arte e o design podem ser utilizados para abordar as questões mais prementes do continente europeu.

"É com enorme satisfação que vamos organizar em Vila Nova de Cerveira este campo criativo que irá proporcionar aos jovens a reflexão crítica sobre questões emergentes da Europa a partir de práticas artísticas", afirma o Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira e da FBAC, Rui Teixeira.

Com a coordenação das artistas e investigadoras Susana Gaudêncio e Sofia Gonçalves e da equipa da Fundação Bienal de Arte de Cerveira, o "EuroFabrique Art Camp" irá basear-se numa metodologia consolidada nos conceitos de fluxo inverso e conhecimento situado. Pretende-se que esta abordagem favoreça um processo criativo relacional e intuitivo, baseado em explorações de campo na freguesia de Covas, momentos criativos e encontros com profissionais de arte, curadores e ativistas políticos e sociais.

O "EuroFabrique Art Camp" irá, assim, representar uma etapa na construção de uma comunidade criativa europeia empenhada e reflexiva face aos desafios do século XXI. Os resultados da imersão criativa da semana serão apresentados pelos participantes no Auditório do Fórum Cultural de Cerveira, no dia 27 de setembro, sexta-feira, às 16h30. A sessão será pública e aberta à comunidade. O programa inclui ainda, às 18h00, a performance "Malandro | Sem culpa", pelo artista Flávio Rodrigues.

Paralelamente, nos dias 26 e 27 de setembro, será realizado um seminário que reunirá todos os parceiros do projeto, com a finalidade de trabalhar sobre as perspetivas do seu futuro.

Apoiado pelo programa Europa Criativa da União Europeia, no valor de 200 mil euros e com uma taxa de cofinanciamento de 80%, o projeto pretende sensibilizar para o papel dos artistas e designers enquanto motores de desenvolvimento social, político, económico e cultural e de resiliência social, participando numa sociedade mais inclusiva e tolerante.

De referir que o evento decorre no âmbito da XXIII Bienal Internacional de Arte de Cerveira, que de 20 de julho a 30 de dezembro, sob o tema "És Livre?", apresenta 160 obras de 120 artistas de 20 países. Ao assinalar 46 anos de existência, a mais antiga bienal de arte da Península Ibérica convida artistas, pensadores e público a refletir sobre o tema da Liberdade, problematizando questões associadas aos valores democráticos conquistados na Revolução de abril de 1974 e sobre os quais assenta o legado histórico e cultural construído pela Bienal Internacional de Arte de Cerveira.

Sobre o "EuroFabrique": um projeto europeu em movimento

"EuroFabrique" é um programa internacional nómada lançado em 2022 pela Association nationale des Ecoles supérieures d'art (ANdÉA), RMN-Grand Palais e a École des Arts Décoratifs de Paris. Este projeto reúne regularmente estudantes de escolas de arte europeias para conceberem novas formas e narrativas criativas que representem o continente europeu. Após a sua primeira edição no Grand Palais Éphémère, em Paris, seguida de uma edição em Cluj-Napoca, na Roménia, o EuroFabrique afirmou-se como um evento adaptável, concebido para integrar qualquer rede de escolas de arte na Europa.

Para estruturar e perpetuar este programa, a Fundação Fundação Bienal de Arte de Cerveira, a ANdÉA, o Le Signe, Centre National du Graphisme (França) e o Cluster das Indústrias Criativas da Transilvânia em Cluj-Napoca (Roménia), obtiveram financiamento europeu para coorganizar três Campos EuroFabrique. Estas cápsulas de colaboração têm como objetivo formalizar os métodos de transmissão, a identidade visual e o conteúdo curatorial da EuroFabrique.

De referir que já se realizaram dois campos criativos no âmbito do projeto: o "Think Camp" em Cluj (Roménia), em dezembro de 2023, que definiu o conceito do EuroFabrique e explorou os seus formatos e o "Design Camp", em Chaumont (França), em fevereiro de 2024, que reuniu 42 estudantes de design gráfico, que trabalharam na criação da identidade gráfica.

Participantes

11 instituições, 33 estudantes, 7 países
Escola Superior de Design - Universidade Politécnica do Cávado e do Ave (Portugal)
Academia de Artes de Vilnius (Lituânia)
Campus Caraïbéen des Arts, école supérieure d'art de Martinique (França)
Academia de Arte da Letónia (Letónia)
Institut Supérieur des Beaux-Arts de Besançon (França)
Cluster Industrii Creative Transilvania (Roménia)
Academia Real de Arte (KABK), Haia (Países Baixos)
Escola Internacional de Design de Colónia (KISD), TH Colónia (Alemanha)
École Nationale Supérieure d'Art de Dijon (França)
Escola de Arquitetura, Arte e Design da Universidade do Minho (Portugal)
Escola Superior de Educação, IPVC (Portugal)