O PCP de Viana do Castelo veio apresentar ontem à tarde um livro sobre ataques terroristas no Alto Minho, no período do Verão Quente de 1975, até inícios de Janeiro de 1976, em que foram praticados 300 actos criminosos em todo o país, 75% deles no norte.

O Partido Comunista de Viana do Castelo decidiu iniciar as comemorações do 25 de Abril do próximo ano, através do lançamento de um livro que destaca quatro das acções violentas levadas a cabo pela direita no distrito de Viana do Castelo, em que o PCP e as suas sedes de trabalho foram o principal alvo, cifrando-se em dois mortos e inúmeros feridos.

"Impunidade"

As sedes do PCP de Ponte de Lima, Arcos de Valdevez, Valença e Ponte da Barca foram destruídas e algumas incendiadas, levando este partido a salientar neste livro que o Partido Comunista tinha sido "a maior vítima dos ataques reaccionários" entre 26 de Maio de 75 e 7 de Janeiro de 76, face à "impunidade" com que os seus autores foram tratados, conforme referiu Francisco Araújo, da Direcção Regional do PCP, presente na apresentação desta obra que recorda comunicados das forças políticas dessa época e divulga fotografias dos atentados e suas vítimas.

"Repleta e com diversidade"

No entender de Celestino Ribeiro, dirigente local do PCP e deputado municipal em Caminha, foi desta forma que "Caminha celebra Abril", perante a sala da Biblioteca Municipal "repleta e com diversidade", o que "nos compromete a todos", em referência às celebrações do 25 de Abril de 2024.

"Estamos a usar a liberdade da palavra", frisou Celestino Ribeiro, "não se devendo confundir os terroristas com o povo", levando-o a pedir uma "reflexão" sobre esta obra, nomeadamente por parte dos mais novos, porque, justificou, "quem representa o futuro são os jovens".

Manifestou-se "optimista" para "fazer as pazes com o passado", convidou à "união de todos" e desafiou o historiador Paulo Bento, presente no acto de apresentação de "Apontamentos sobre os ataques terroristas contra o PCP e os comunistas no Alto Minho 1975/1976" a encontrar "mais evidências históricas" sobre este período no concelho de Caminha e no distrito.

"Saúdo este gesto"

Perante o desafio, Paulo Bento enfatizou a importância destes livros pela documentação inserta nas suas páginas, quando é conhecida a relutância do PCP em deixar que os investigadores acedam aos seus arquivos.

Por tal motivo, "saúdo este gesto", acrescentou este professor de História, apesar de "não se poder confundir este livro com a história", tendo desafiado igualmente o PCP de Caminha a "recolher memórias orais" sobre o processo de formação desta organização política neste concelho e a disponibilizá-las aos historiadores.

Esta apresentação iniciada por Mário Molinos (considerou-a o início das comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril em Caminha, teve um introito musical à guitarra, por intermédio de Joaquim Ribeiro, interpretando duas músicas de José Afonso: "A Morte saiu à rua" e "Enquanto há força".