TRIBUNA
Espaço reservado à opinião do leitor
|
SNS VAI CONSEGUIR REFUNDAR-SE E VALORIZAR-SE EM 2023?
 |
Chegamos a mais um final de ano! Um ano cheio de incertezas, de receios e onde os bébés não podem nascer onde os Pais desejam. O mesmo se coloca para o ano de 2023?
A guerra e as decisões políticas e económicas, arrastadas pela primeira, poderão tornar um ano mais simpático, ou não! Haverá sempre expectativas positivas.
Como Enfermeiro na plenitude da profissão, mas como Cidadão atento, minimamente informado e com gosto pela política, desejava que houvesse grandes e positivas decisões em 2023, em torno do Serviço Nacional de Saúde (SNS): começando por se sentir respeito por parte do poder político em favor dos Cidadãos e dos Profissionais de Saúde, particularmente pelos Enfermeiros. Que seja colocado no centro do sistema o Cidadão doente, como em termos teóricos é pensado, mas que na prática é o que mais dificuldades sente, desse mesmo sistema. Este respeito que seja abrangente no sentido de valorizar as profissões, valorizando as carreiras e as remunerações. Depois que se operasse uma reforma efectiva no SNS, ouvindo os seus profissionais, melhorando serviços, capacidade de resposta e fazendo uma verdadeira reforma, tão necessária, dos Cuidados de Saúde Primários (CSP).
Com a criação da Direcção Executiva do SNS, será esta capaz de refundar o SNS? De valorizar este SNS? Ou será um pouco do que até agora se viu? Será mais uma estrutura para arcar com as responsabilidades e aligeirar as responsabilidades do Ministro da Saúde e do poder político?
Nestes primeiros momentos, com a programação de manter abertas e acessíveis os Serviços de Obstetrícia até final do ano, em alguns hospitais e maternidades, fechando outros, é um pouco, tudo do mesmo. Vamos dar o benefício da dúvida, porque só agora iniciaram funções, mas começou já por retirar recursos, meios e resposta a muitas cidadãs. E os Autarcas não reagem? E o Povo está anestesiado, ao ver os seus filhos nascerem longe das suas terras, e não reagirem? Concretamente aqui, nesta área da Obstetrícia e da Saúde Materna, o SNS tem aproveitado todo o potencial dos Enfermeiros Especialistas, nomeadamente os desta especialidade? Ou tem-nos ignorado? Sim, claramente, tem-nos ignorado e desperdiçado um potencial tremendo de capacidade de trabalho e de resposta, já instalado.
Quanto à tão desejada, urgente e necessária reforma dos CSP, estará esta Direcção Executiva à altura do desafio? Ou vai-se deixar "embrulhar e levar" por lóbis e interesses bem instalados no terreno? É que assistimos a tantos "inteligentes ignorantes" a falar de cátedra, sem nunca terem entrado num Centro de Saúde. E por isso desconhecem que os Centros de Saúde, hoje desmembrados nas suas várias Unidades Funcionais (USF's, UCSP's, UCC's/ECCI's, etc.) têm o equipamento informático de suporte às consultas e registos clínicos obsoleto e com rede de internet a "carvão". Se as consultas médicas devem demorar 15, o sistema demora 20 minutos a arrancar. Para se registar uma simples vacina, demora mais tempo a abrir o sistema, do que a preparar o utente, seja criança ou adulto, e a administrar a vacina ou outro injectável, e isto se o sistema não bloquear ou a rede de internet não "fôr abaixo"! Nos domicílios (visitas domiciliárias para tratamentos e controles de tensões, glicemias e consultas) as "viaturas", salvo honrosas excepções, estão a cair de podres. O recurso são os táxis.
Como se fala no tão desejado alívio das urgências hospitalares, os recursos é o Centro de Saúde respectivo. Sim seria bom se houvesse meios. Mas não há equipamentos nem técnicos para exames mais elementares, sejam simples análises clínicas, ou um simples RX de face e perfil. E o mais importante e que quase ninguém quer admitir, é a falta de Profissionais - Enfermeiros, Médicos, Técnicos Superiores, Assistentes Técnicos e Assistentes Operacionais. A pressão nas salas de espera, sobre os profissionais é imensa! As agressões verbais e físicas acontecem com muita frequência. A insegurança é grande.
Um outro parâmetro que desmotiva os Profissionais, para além das baixas remunerações, é a "avaliação de desempenho" que desagrada e está completamente desajustada. A produtividade perde, devido a todas as condicionantes atrás descritas que limitam o desempenho, com a excelência que todos desejamos e de que o Cidadão carece. As carreiras, as remunerações e as condições de trabalho são desmotivadoras, para além de claramente, não se valorizar o mérito. Tudo isto são factores que desmotivam e desequilibram o SNS em favor do privado e da emigração, que se tem verificado nos últimos anos.
É preciso um verdadeiro e efectivo investimento no SNS, porque Cidadãos e Profissionais sentem todos os dias essa falta. Este investimento, não poderá ser nunca, só deitar dinheiro para cima dos problemas. Tem de haver uma verdadeira reforma de pensamento, de acção, de valorização dos Profissionais e de desmantelamento de estruturas administrativas obsoletas, regionais e nacionais, que gastam muito dinheiro para se manterem e são verdadeiros entraves à valorização, modernização e capacidade de resposta instalada do SNS. Termino perguntando: A Direcção Executiva do SNS, o "novo" Ministro da Saúde, o Governo, o Sr. Presidente da República e o poder político acomodado nas cadeiras do poder ou na Assembleia da República vão ser capazes de refundar e valorizar o nosso SNS? Ou vão tudo fazer, para a não melhoria dos cuidados aos Cidadãos, em favor dos sistemas privados, dos seguros de saúde e do distanciamento desses mesmos cuidados de saúde ao Cidadão pagador de impostos? Apesar de tudo… Os Enfermeiros sempre estarão lá, e nunca deixarão ninguém sozinho!
Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
Ano Novo de 2023, tempo para de vitórias
Concluído que está mais um ano, extremamente difícil, mas que, desejavelmente, poderá vir a fechar um ciclo de alguns anos de imensos sacrifícios, injustiças, incompreensões, ilegitimidades, designadamente nos domínios político-social, económico-financeiro e laboral que, de forma intensa, atingiu os portugueses em geral e, principalmente, os mais vulneráveis: desempregados, idosos, pensionistas e reformados, trabalhadores dos diferentes setores de atividade económica: sejam independentes, sejam por conta de outrem.
Na verdade, durante cerca de mais de cinco anos, todos sentiram a "mão de ferro" de uma austeridade imerecida e brutal, que não seria necessária, que não tinha de ser assim, que não atingiu na mesma proporção pessoas, grupos e organizações e, tudo isto, ao serviço de interesses alheios aos direitos dos mais desfavorecidos que, indefesos, sem poder de reivindicação, sofreram na pele as injustiças impostas, afinal, por quem estava bem na vida.
Com efeito, foram quase seis anos de sofrimento, de perdas de direitos adquiridos, porque contratualizados de boa-fé, seja com entidades privadas, seja com o próprio Estado, este, sabe-se bem, não terá honrado totalmente, os compromissos assumidos, designadamente com os seus servidores e, dentro destes, com os mais desprotegidos, que já não podem defender-se, na medida em que os principais instrumentos de reivindicação, tais como as greves, de nada lhes serve, estão à mercê de um Estado que não é absolutamente sensível aos dramas sociais, e muito menos para com aqueles que o servem atualmente.
E se entre 2011 e 2015, foi muito complicado vencer, em parte, uma economia em "Bancarrota", castigando aqueles que em nada eram culpados, entretanto, de 2015 a 2019, tudo parecia correr bem ao país Lusitano, contudo, o início de 2020, trouxe-nos uma das maiores calamidades, uma pandemia que há mais de cem anos não se fazia sentir em território português, em toda a Europa e finalmente, em todo o mundo.
Na verdade, o novo "coronavírus SARS-CoV-2 - Covid-19", assim denominada esta grave epidemia, abalou fortemente o mundo e os infetados, hospitalizados e falecidos, atingiu números nunca antes pensados. Portugal regista nesta quadra natalícia e de Ano Novo números preocupantes, embora controlados. Assim, ao aproximarmo-nos do final do ano (27.12.2021), registam-se os seguintes números: Total de ativos infetados, 105.614; recuperados, 1.161.615; óbitos, 18.890; confirmados, 1.286.119. Total de testes, 25.252.238; vacinas administradas, 15.212.273, (Fonte, DGS).
Não obstante esta cruel calamidade na saúde pública, e durante a quadra natalícia, que decorreu recentemente, ouviram-se muitas mensagens de esperança, muitas alusões a dias melhores, estatísticas favoráveis no sentido de que os principais indicadores económicos e sanitários estão a melhorar, a dar sinais de uma lenta, mas consolidada recuperação, apontando-se para o vislumbre de uma "luzinha ao fundo do túnel", como, ao que afirmam, não se via há muito tempo. É saudável dar-se o benefício da dúvida e fazer-se um esforço generoso, para se acreditar, de que realmente, a situação vai melhorar.
Quando tudo parecia que ia melhorar, o mundo vê-se confrontado com novas situações que se podem, igualmente, confrontar de catastróficas. Vejamos, em 24 de fevereiro de 2020, A Rússia decide invadir belicamente a Ucrânia, transformando esta inqualificável atitude: na fuga de milhões de ucranianos para outros países, doença, sofrimento, fome e morte; destruição das mais importantes infraestruturas de abastecimento de água, energia elétrica, gás, aquecimento e mais padecimento; também um pouco por todo o mundo, Portugal incluído, os incêndios florestais, a seca extrema, a falta de alimentos para o gado, inflação como já não se fazia sentir há cerca de 30 anos; aumento de salários e pensões, muito abaixo do custo de vida entretanto verificado e que continua. Por estes e outros motivos, a tal "luzinha ao fundo do túnel", por enquanto está apagada.
Os portugueses estão a viver um período deplorável, que não é consentâneo com os seus ainda bastantes recursos, pois sabe-se muito bem que o Estado tem "arrecadado" em impostos diversos, verbas verdadeiramente astronómicas. Infelizmente, constata-se que para determinados fins, não falta dinheiro, nomeadamente para viagens extremamente frequentes de altos titulares de cargos públicos e altos quadros da administração, enquanto a miséria reina, os pobres cada vez mais pobres, parte de uma classe média que já tem de se socorrer aos bancos alimentares.
Onde está o país dos valores ocidentais humanistas? Onde está a solidariedade nacional, porque a situação calamitosa, por via da inflação, em que se vive, não se resolve com pequenos pacotes de subsídios. Por isso, queremos acreditar que 2023, vamos partir para as vitórias dos mais frágeis: crianças que apenas tomam uma refeição diária na escola; idosos que ficam nos hospitais à espera de uma cama num lar; imigrantes que continuam a deambular pelo país procurando legalização, trabalho e habitação; haja compaixão, humanismo e bom-senso.
Finalmente, de forma totalmente pessoal, sincera e muito sentida, desejo a todas as pessoas que, verdadeiramente, com solidariedade, amizade, lealdade e cumplicidade, me têm acompanhado, através dos meus escritos um próspero Ano Novo e que 2023 e muitas dezenas de anos que se seguem, lhes proporcionem o que de melhor possa existir na vida, e que na minha perspetiva são: Saúde, Trabalho, Amizade/Amor, Felicidade, Justiça, Paz e a Graça Divina. A todas estas pessoas aqui fica, publicamente e sem reservas, a minha imensa GRATIDÃO.
|
|
Cemitérios de Caminha - Fragmentos de memória
 |
Autor: Lurdes Carreira
Edição: C@2000
|
Há estórias de casas e casas com história Externato de Santa Rita de Caminha
 |
Autor: Rita Bouça
Edição: C@2000
|
República em Tumulto
 |
Autor: Paulo Torres Bento
Edição: C@2000
|
História Nossa Crónicas de Tempos Passados por Terras de Caminha e Âncora
 |
Autor: Paulo Torres Bento
Edição: C@2000
|
Do Coura se fez luz
Hidroeletricidade, iluminação pública e política no Alto Minho (1906-1960)"
 |
Autor: Paulo Torres Bento
Edição: C@2000/Afrontamento Apoiado pela Fundação EDP
|
Da Monarquia à República no Concelho de Caminha Crónica Política (1906 - 1913)
 |
Autor: Paulo Torres Bento
Edição: C@2000
|
O Estado Novo
e outros sonetos políticos satíricos
do poeta caminhense
Júlio Baptista (1882 - 1961)
 |
Organização e estudo biográfico do autor
por Paulo Torres Bento
Edição: C@2000
|
Rota dos Lagares de Azeite do Rio Âncora
 |
Autor: Joaquim Vasconcelos
Edição: C@2000
|
Memórias da Serra d'Arga
 |
Autor: Domingos Cerejeira
Edição: C@2000
|
Outras Edições Regionais
|