"Ele fazia-nos sentir o que nós somos e a nossa identidade", assim classificou Celestino Ribeiro, membro do PCP de Caminha, a personalidade e obra do escritor José Saramago, cujo centenário este partido se encontra a comemorar, trazendo até diversos concelhos uma exposição evocativa do aniversário do único prémio Nobel da literatura portuguesa, com imagens e extractos da sua vida.
A mostra encontra-se patente desde o passado dia 28 de Dezembro na Biblioteca Municipal de Caminha, sendo precedida de uma interpretação ao piano de um aluno (Gabriel) da Academia de Música Fernandes Fão de um tema de Chopin - "usado como um exemplo por Saramago", vincou Celestino Ribeiro.
Apelo aos professores
Celestino Ribeiro admitiu ainda que através desta exposição que "não foi fácil montar", revelou, o próprio partido (do qual foi militante até falecer) pretendeu "reconhecer" a obra multifacetada deste escritor empenhado com as causas públicas e com os mais desfavorecidos.
Face à presença de alguns professores, apelou a que estes aproveitem a "importância" literária deste escritor autor de inúmeras obras, como a "jangada de pedra" na qual se põe em destaque o relacionamento dos dois países (Saramago viveu nas Canárias na companhia de sua mulher espanhola), a propósito desta exposição em Caminha, um concelho situado a escassa distância do país vizinho, acentuou.
"Saramago passou por cá"
Aliás José Saramago "passou por cá", frisou Jaime Togão, membro do Secretariado do Comité Central do PCP quando abordou igualmente o objectivo desta exposição, tendo destacado que o escritor tinha feito referência nos seus relatos ao rio Coura, à Torre do Relógio, Serra d'Arga e à Casa dos Pittas.
Este responsável nacional do PCP não perdeu a oportunidade de destacar a "militância política" da Saramago, em convergência com a história do próprio PCP, partido que se destacou na luta contra o fascismo e no aprofundamento democrático no pós 25 de Abril, frisou.
"Coragem de dizer as coisas como elas são"
O compromisso "ético e político" do escritor ficou bem expresso nos seus livros, prosseguiu, após o que salientou que "para ganhar um prémio não foi preciso deixar de ser comunista", destacando diversas lutas em que esteve empenhado e no facto de ter sido presidente da Assembleia Municipal de Lisboa.
"Um Nobel embaixador da cultura e da nossa língua", assim definiu a trajectória literária de José Saramago, além de ter tido a coragem de "dizer as coisas como elas são", na senda de uma sociedade em que ele acreditava.
"Um grande orgulho"
A terminar este acto de apresentação da exposição, Rui Lages, presidente do Executivo caminhense, agradeceu ao PCP por ter "partilhado" José Saramago, definindo o escritor como "um homem que que levou a língua portuguesa aos quatro cantos do mundo".
O autarca socialista reconheceu que o Prémio Nobel fez-se a pulso, afirmou-se, chegando a ser prejudicado pelas suas posições, considerando-o "um defensor dos direitos humanos e do ambiente", pelo que manifestou o seu contentamento pela divulgação feita através desta iniciativa, pela qual sentiu "um grande orgulho" por estar patente em Caminha, e fazendo votos para que os professores se juntem e aproveitem esta mostra para divulgar a sua obra literária.