Os Baldios de Riba d'Âncora voltaram a estar em foco no princípio deste mês, ao ser escolhido o lugar do Souto do Rego Grande para a apresentação de mais duas Equipas de Intervenção Permanente (EIP) nas corporações de bombeiros de Vila Praia de Âncora e Caminha, compostas por cinco homens cada uma, comandadas por um chefe de equipa.

Neste lugar, o Conselho Directivo dos Baldios de Riba d'Âncora teve oportunidade de mostrar ao ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, um projecto de largo alcance de reflorestação cuidada do monte, numa área de 15 hectares, vedada e com vídeo-vigilância durante as 24 horas do dia ligado à "nuvem", onde foram plantadas até ao momento centenas de castanheiros e lançadas cerca de 150 cabras e ovelhas que procedem à limpeza natural do solo. Dois pontos de água criados artificialmente, mas abastecidos com recurso a minas do monte, proporcionam o líquido necessário para os animais, tendo sido ainda instalado um sistema de painéis solares de alimentação de energia do núcleo de apoio a este parque, incluindo ainda um local de lazer.

Após apreciar este projecto dos Baldios de Riba d'Âncora, o ministro reconheceu que esse tinha sido o "sítio ideal" para a apresentação de mais duas EIP que funcionarão num horário diferente das que já existem em ambas as associações do concelho de Caminha.

Recorde-se que os horários simultâneos de funcionamento de duas equipas chegou a ser equacionado, mas acabou por se optar por diferenciá-los, como nos disseram os dois comandantes dos corpos activos.

Daniel Corujeira, Comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Praia de Âncora, explicou-nos que nesta corporação, haverá horários "faseados", começando um deles às oito horas até às quatro da tarde, e outro com início às 13 horas e terminando às 21 horas, o que permitirá um apoio mais alargado à população.

Vítor Silva, Comandante dos Bombeiros Voluntários de Caminha, disse-nos da sua intenção de "acomodar o horário de modo a que as duas equipas não se sobreponham" - além de tentarem que "entre as duas corporações se consiga uma melhor intervenção e coordenação operacional" -, devendo as equipas de Caminha assegurar um horário desde as sete horas até às 22 horas, "extensivo aos sábados".

"EIP são uma peça na protecção civil do concelho"

A abrir esta cerimónia de investidura das duas novas EIP, Rui Lages, presidente da Câmara Municipal de Caminha, sublinhou a sua importância, recordando o pavoroso incêndio de há seis anos nesta zona, pretendendo agora "recuperar os Baldios", tornando-os "sustentáveis, futuristas e com pastorícia", graças ao "arrojo" do Conselho Directivo dos Baldios de Riba d'Âncora e da Câmara Municipal de Caminha, ao pretenderem "criar um concelho mais seguro" antes das épocas críticas.

Estas quatro equipas de cinco homens e mulheres cada uma, representarão uma despesa anual de 170.000€ para o Município, suportando o Ministério da Administração Interna outro tanto, aos que se juntam os Sapadores Florestais Municipais criados em 2018, cujo trabalho desenvolvido neste tempo tem correspondido às expectativas, como sucedeu este ano, completou, na gestão de combustíveis nos 20 hectares intervencionados em diversas freguesias.

Este equipa de Sapadores equivale a uma despesa de 80.000€/ano, dedicando-se ainda a controlar queimadas, ou como sucedeu entre 2021 e 2022 na Serra d'Arga, na gestão de combustíveis em 46 hectares.

Após aludir à revisão do Plano Municipal de Protecção Civil em curso, Rui Lages afirmou que "ainda não estamos contentes", exigindo "mais meios", após o que agradeceu o desempenho de todos os bombeiros do concelho de Caminha.

Este desafio do autarca caminhense mereceu uma atenção especial de José Luís Carneiro, depois de felicitar o novo presidente do Município de Caminha pelo cargo que iniciava "por bons motivos", em referência à saída de Miguel Alves para braço direito do Primeiro-Ministro, garantindo-lhe que poderá contar com o Governo.

O governante e ex-autarca saudou também o trabalho dos Baldios de Riba d'Âncora, incluindo o apoio que presta aos pastores, aproveitando para avançar com alguns números relacionados com incêndios florestais, dizendo que 41% dos registados em 2022 tinham sido provocados por queimadas.

24 EIP no distrito

Conta ter formadas 750 EIP até final do ano em todo o país, 24 no distrito de Viana do Castelo, representando custos ao Estado na ordem dos 50 milhões de euros, e chamou a atenção para o corrente mês de Outubro em que poderão ocorrer temperaturas superiores a 35 graus, enfatizando ainda a possibilidade de poder antecipar em 48 horas estas situações, graças ao Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Segundo dados da própria União Europeia, 60% dos incêndios surgem devido às alterações climáticas, o que leva Bruxelas a incrementar os meios de combate, porque reconhece que "cada país, por si só, não pode combater os efeitos dos incêndios rurais", nomeadamente dotando os países com mais meios aéreos.

O ministro aproveitou a presença dos Bombeiros e Sapadores Florestais para insistir na conjugação de factores decisivos para as ignições e alastramento das chamas: secas prolongadas, muito calor, prática ausência de humidade e vento forte (acima dos 40 km/hora).

No entanto, referiu que em 90% dos casos, os fogos conseguem ser debelados em 90', graças a actuações rápidas após alertas dados em tempo real, e, acrescentou, em 82% das ignições, apenas se regista um hectare de área ardida.

Registou ainda a importância dos estudos conjuntos com universidades e comissões de peritos na tentativa de aumentar a capacidade de intervenção no combate aos incêndios florestais.

Aproveitou, por último, para saudar "o esforço financeiro da Câmara Municipal de Caminha para enfrentar os desafios que teremos no futuro".