O Festival SonicBlast, realizado pela primeira vez em Âncora, no passado mês de Agosto, mereceu diversos comentários na Assembleia de Freguesia de Âncora e na Assembleia MUnicipal.
A primeira edição do Festival "Sonicblast foi um sucesso", admitiu Peter Martins, presidente da Junta de Freguesia de Âncora, quando este assunto foi debatido na última Assembleia de Freguesia, pese embora a existência de alguns "constrangimentos" colocados pelo ICNF, mas que foram ultrapassados com a mediação da Câmara Municipal, situação que acabou por ser do agrado desse Instituto de Conservação da Natureza e Florestas.
A oposição socialista recordou através do delegado Carlos Domingues que o processo de negociação com a Câmara Municipal e os organizadores do festival se tinha iniciado ainda no tempo em que a autarquia era dominada por esta força política, mas que para além do êxito do evento, haveria ainda algumas "lacunas" a resolver nas próximas edições, apontando para as áreas de estacionamento e respectiva limpeza.
No entender dos delegados socialistas, deveria ter sido aproveitado o espaço público pertencente à freguesia, a poente da EN13, para criar um espaço de estacionamento durante o festival, limpando essa área, ao invés de o pretender fazer em terrenos privados, evitando-se assim constrangimentos nos acessos.
Estacionamento será revisto em 2023
Segundo explicou o presidente do Executivo social-democrata, o estacionamento foi coordenado com os organizadores do evento, em colaboração com os proprietários de terrenos privados, embora a utilização não tenha sido a desejada. No entanto, esta situação será revista, de modo a evitar os tais constrangimentos na entrada da freguesia, prometeu.
No entender de outro delegado socialista, António Brás, teria sido preferível limpar os 4.000 m2 de terrenos da freguesia do que os 7/8.000 metros de particulares, opinião corroborada pelo presidente da Junta, mas, este, justificou a opção pelas dificuldades na desmatação nos locais públicos, além de os custos serem maiores, atendendo à área em causa. No entanto, refutou que a Junta tivesse gastado dinheiros públicos da autarquia, ou utilizado equipamentos na limpeza, tendo apenas disponibilizado dois trabalhadores durante uma manhã.
"Cereja no topo do bolo"
A estreia do Sonic Blast na freguesia de Âncora foi considerada "uma cereja no topo do bolo" por António Brás, ex-presidente da Junta de Freguesia de Âncora durante os três últimos mandatos, no decorrer da Assembleia Municipal de 30 de Setembro realizada no Cineteatro Valadares, em Caminha, em que interveio na qualidade de mero cidadão, no período destinado ao público.
Após ter historiado as actividades culturais levados a cabo nesses 12 anos, após "terem dito que era utópico", recordou, embora os que o acompanharam nesse período tivessem todos insistido que "era um direito" que lhes assistia, tal como a muitas outras freguesias, António Brás assinalou que o Sonic Blast tinha constituído "uma cereja no topo do bolo", a par de ser "um evento de nível mundial" que levou o nome "da minha aldeia aos quatro cantos do mundo".
Insistiu, tal como o tinha feito na AF realizada na véspera, que somente a limpeza não tinha sido a ideal, porque não tinha sido realizada em espaço da freguesia, o que "provocou constrangimentos", rematou.
"Decisão acertada"
Este tema foi objecto também de um comentário por parte da CDU, com o deputado municipal Celestino Ribeiro a elogiar as palavras de António Brás e considerar ter-se aproveitado a oportunidade para "recuperar o espaço (Mata da Gelfa), e proceder agora a um incremento da sua manutenção.
Vincou ainda que a mudança do Sonic Blast para a freguesia de Âncora tinha sido "uma decisão acertada", pela qual todos tinham trabalhado em conjunto (Câmara e Junta e outras entidades).
BE pretende reunir com organizadores
Por seu lado, o BE referiu que já tinha sido tudo dito pelos oradores que o tinham precedido, pretendendo apenas reunir com os organizadores do festival de rock psicadélico "stoner e psych rock" (como a organização o define, refira-se) no intuito de constatar se "há algo a melhorar" no futuro, anunciou o deputado municipal Abílio Cerqueira.
"Foi uma mais valia"
O assunto não ficou por aqui, quando o deputado municipal socialista Vítor Brás manifestou o seu "contentamento" pela escolha do local ("aprazível", sublinhou), com floresta, rio, praia e "perto de tudo", como se ouvia dizer a todos os que assistiram a esses três dias de música forte.
Sublinhou ainda que o evento não tinha saído do concelho - "o que foi uma mais valia", asseverou -, apenas comungando da ideia de que há algo a melhorar na questão do trânsito.
"Foi uma aposta ganha"
Na resposta a uma série de interpelações ao presidente da Câmara no período de antes da ordem do dia da AM e do público, Rui Lages, o novo presidente da Câmara, não deixou de abordar este evento e o de Vilar de Mouros, sublinhando que "tudo correu bem ou muito bem", embora tivesse admitido que "há sempre coisas a melhorar".
Considerou mesmo que a mudança do Sonicblast de Moledo para Âncora tinha sido "uma aposta ganha", pelo que o Município continuará a apoiar este evento.
Ponte Eiffel
António Brás aproveitou o momento para fazer uma retrospectiva do desmantelamento e deslocação da antiga ponte Eiffel (construída na Casa Eiffel) para outro concelho, voltando a pedir para que volte até ao Rio Âncora com funções pedonais, por ser um "marco histórico", vincou.
A CDU associou-se uma vez mais a esta campanha de recuperação da ponte metálica abandonada (o que resta) num terreno na Póvoa de Lanhoso, frisando o deputado municipal Celestino Ribeiro que "mais importante é saber quem não valorizou a ponte", numa referência à Câmara socialista de então, prometendo "lutar pela sua devolução", pela qual foi realizado um debate promovido pela Junta de António Brás, apelando a que seja delineado um projecto que possa reavê-la.
Esta questão da ponte foi assumida igualmente pelo BE, que subscreveu o "histórico muito bem feito" nesta assembleia por Celestino Ribeiro, precisou Abílio Cerqueira.