A OCP apresentou um voto de pesar e que fosse respeitado um minuto de silêncio pelo falecimento do ex-presidente Valdemar Patrício, no decorrer da Assembleia de Freguesia (AF) de 28 de Setembro, proposta aprovada por unanimidade.
Manuel Marques, presidente da mesa da AF, aproveitou o momento para tecer algumas considerações sobre aquele que classificou como sendo "um senhor", cuja morte o marcou muito pelo facto de ter coincidido com o dia do seu aniversário (5 de Agosto), revelou aos delegados e membros da Junta de Freguesia presentes.
Recordou que foi com ele a presidente que tinha começado a trabalhar na AF de Vila Praia de Âncora, a par do bom relacionamento que manteve com Valdemar Patrício quando pertenceu ao conselho directivo da EBS de Caminha, dando como exemplo o entendimento para utilização do pavilhão desportivo.
"Não posso esquecer os quatro anos em que estivemos na Junta e Câmara". Marques como presidente de Junta e Valdemar Patrício como líder do Executivo municipal.
Admitiu que "gostei dele", embora tivesse havido em Vila Praia de Âncora quem dissesse que ele não gostava desta vila. A fim de contrariar tal ideia, deu como exemplo a obra de alargamento do cemitério após anos de impasse, tendo Valdemar Patrício pedido ao presidente da Junta de então que fosse ele a dialogar com os proprietários. Marques precisou que o presidente da Câmara tinha dado todo o dinheiro necessário para a concretização da obra, apesar de alguém o ter aconselhado a não dar tanto apoio a Vila Praia de Âncora.
Manuel Marques recordou ainda "um dia triste" em que o presidente da Câmara disse numa das reuniões prévias com os presidentes de junta, antes da realização da Assembleia Municipal, que não disponibilizaria dinheiro para a obra do cemitério, o que o levou a recusar-se a participar no jantar de autarcas de freguesia que se seguia a esses encontros informais. Precisou que Valdemar Patrício, contudo, não descansou enquanto "não me convenceu" a estar presente nesse jantar, após lhe ter dito que tinha sido levado quando disse que não subsidiaria a obra do cemitério. Marques foi ao jantar e Valdemar Patrício rectificou as suas palavras na Assembleia Municipal dessa noite, assegurando que aprovaria as verbas para levar a cabo o alargamento.
Louvores à Comissão de Festas de Nª Sª da Bonança
Nesta reunião, tanto a OCP como o PS apresentaram votos de reconhecimento pelo labor desenvolvido pela Comissão de Festas de Nª Sª da Bonança de 2022.
"Estupefacto com a renúncia de Miguel Alves"
A saída de Miguel Alves da presidência da Câmara de Caminha a fim de exercer a função de coordenador entre ministérios no Governo de António Costa, como secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, foi motivo de duas intervenções: Manuel Marques e Stevens Silva (PS).
O primeiro admitiu que pensou que "nunca fosse tão rápido" a sair da presidência do Município, depois de ter sido questionado nesse sentido durante a campanha eleitoral e não ter respondido a essa questão.
Mostrando-se "estupefacto com a renúncia de Miguel Alves", o presidente da AF de Vila Praia de Âncora disse que o autarca socialista não tinha respondido porque já sabia que ia sair e o povo iria votar noutro candidato.
Sempre crítico com esta alteração verificada, Marques acrescentou que "não deveria ter fugido aos grandes buracos que deixou", prevendo "problemas" grandes para o seu sucessor, levando-o a admirar-se "como aceitou" substituí-lo nesse cargo.
Na óptica deste delegado social-democrata, "Caminha já era pequena para ele" e desejou-lhe que não tenha no Governo os problemas que possuía neste concelho, insistindo que Miguel Alves "já sabia para onde ia e quando ia".
"Um orgulho"
Posição diametralmente oposta teve Stevens Silva, ao elogiar a subida de Miguel Alves a um cargo de grande responsabilidade no Governo, considerando que esta passagem era "um orgulho", fruto do reconhecimento do seu trabalho, nomeadamente à frente do Município caminhense e noutros cargos políticos, "apesar de alguns o atacarem" pela ascensão operada.
Pedida mais limpeza para a vila
A questão das limpezas na via pública, nomeadamente no verão, é assunto recorrente nestas assembleias, como voltou a acontecer na do passado mês de Setembro.
O delegado da OCP Ricardo Cunha fez-se eco das queixas ouvidas da falta de limpeza dos contentores e zonas envolventes (chão sujo e existência de cheiros), dando como alguns exemplos o Portinho, Parque Ramos Pereira ou a Rua Laureano de Brito.
Por duas vezes houve problemas com as águas da praia neste Verão, referiu o secretário da Mesa da AF, Domingos Castro, igualmente eleito pela coligação (PPD/PSD, CDS, Aliança e PPM), pelo que pediu explicações à Junta de Freguesia.
"Apoio com unhas e dentes à Luságua"
No primeiro caso, Carlos Castro, presidente da Junta de Freguesia, admitiu que têm "lutado" por resolver este assunto, lamentando que a Câmara "apoie com unhas e dentes a Luságua". Explicou que há ruas em que a limpeza é da competência da Câmara, existindo "cheiros nauseabundos" em contentores, adiantando que pretendem que a Junta de Freguesia estabeleça um contrato com a empresa de recolha de resíduos, mas a Junta alega que não possui dinheiro, competências nem trabalhadores, porque havia 40 funcionários e agora só têm um ou dois.
Contudo, Castro tem esperança que com a mudança operada na responsabilidade da Luságua no concelho, algo possa modificar, a fazer fé na reunião que manteve com o novo responsável.
Lamentou ainda que só depois de enviarem e-mails e "irmos para o Facebook" é que actuam, não entendendo a razão de tal procedimento.
Deu conta que após a Câmara ter pago 1,8 milhões de euros de dívida camarária à Luságua, esta voltou a subir, situando-se actualmente nos 1,3 milhões.
Duas questões más
Relativamente à interdição de banhos na praia por duas vezes, leu ofício da Capitania interditando a praia devido aos resultados positivos das análises às águas, admitindo que isto acontece em todas as câmaras, só que em Caminha as televisões não falam disso por se tratar de uma Câmara socialista.
Satisfação pela inauguração de passagem superior na Sandia
Sobre a EN 13, a norte da rotunda, foi aberta a passagem pedonal desnivelada que liga o Lugar da Póvoa com a Mata Velha, facto que regozijou a delegada socialista Pamela Campelo, tendo aproveitado para destacar a presença do presidente da Junta de Freguesia na inauguração, pese embora a "desconfiança" de alguns dos presentes nos órgãos autárquicos ancorenses, que não acreditavam, nem queriam que isso acontecesse, anotou.
Carlos Castro negou que houvesse alguém contrário à passagem pedonal, "pelo menos aqui dentro", avançou, antes pelo contrário, "estamos contentes", foi uma obra "bem feita", mas "paga com os nossos impostos", precisou, apenas pretendendo agora que sejam construídos passeios do lado do hipermercado aí existente.
Site da Junta desactualizado
Embora o delegado socialista Stevens Silva tivesse denunciado a "escassa informação" constante no site da Junta de Freguesia, "com pouca documentação" (nomeadamente a ausência do regulamento da AF) ou desactualizada, não contendo a informação financeira (só vai até 2015, vincou), Carlos Castro reconheceu desconhecer o conteúdo dessa página na Internet, prometendo que iria verificar no dia seguinte. O seu secretário Luís Matias informou que agora usam mais o facebook, acreditando mesmo que os sites "vão deixar de existir". E quanto aos documentos em falta, eles são públicos, frisou, bastando pedi-los à Junta.
A propósito do regimento, Ricardo Cunha admitiu que não se encontrava no site e que era hora de o rever. Seguidamente, Castro entregou uma cópia do regimento ao delegado socialista, o qual perguntou quem tinha autorizado as gravações das assembleias, atendendo a que ninguém tinha discutido essa possibilidade com ele. Segundo Manuel Marques, "todas as reuniões são públicas" e gravadas.
Perguntou ainda se o Base.gov da Junta se encontrava actualizado, mas Castro referiu que as juntas não possuem essa obrigação, apenas as câmaras e ministérios.
No que se refere às contas desta autarquia, adiantou que existe um saldo positivo e que nada deviam a fornecedores.
Junta paga dívida ao Âncora-Praia
A outra pergunta de Stevens Silva, a Junta respondeu que têm vindo a apoiar o Âncora-Praia Futebol Clube, com quem já estabeleceram um valor através da celebração de um protocolo e que será tornado público, acrescentando que "ainda estamos a pagar a dívida" a este clube que ascendia a 20.000€, a qual será liquidada no final de 2023.
No final da sessão, dada a palavra ao público, Ana Cunha chamou a atenção para o estado do piso da Rua Lourenço da Rocha inaugurado há cinco anos, apesar das reclamações feitas junto da Câmara.
Pavimento com problemas no Nó de Erva Verde (nascente)
Segundo Carlos Castro, a situação do piso (incluindo a Miguel Bombarda) "tem uma história" relacionada com a quebra de condutas de minas de água particulares que afectaram o piso (aluiu), continuando a perder-se água, apesar de tanta campanha para a poupar.
Aludiu, por último às últimas chuvas de 28 de Setembro, que afectaram o tapete no entroncamento da Rua 5 de Outubro com a Luis de Camões.